Pai de baiana que morreu após cair de prédio na Argentina comemora indiciamento
de amiga e cobra respostas das autoridades
Aristides Gomes diz que não ficou satisfeito com acusação de homicídio culposo
atribuída à médica, que é amiga da filha, e ao dono do apartamento onde as duas
estavam. O caso está com a Justiça argentina.
A esteticista brasileira Emmily Rodriguez, natural de Salvador, morreu na
Argentina — Foto: Reprodução/ Redes sociais
O pai da esteticista baiana Emmily Rodriguez, que morreu após cair de um prédio
em Buenos Aires, na Argentina, repercutiu as atualizações do caso, em tramitação na Justiça do
portenha. Além de comemorar o indiciamento da médica Juliana Magalhães Mourão,
Aristides Gomes cobrou severidade das autoridades que acompanham as
investigações.
A vítima estava no apartamento do empresário argentino Francisco Sáenz Valiente,
quando caiu do imóvel, localizado no sexto andar de um prédio, em março de 2023.
Juliana Magalhães também visitava o homem e foi acusada de ter abandonado a
amiga em vez de socorrê-la, principalmente por ser médica.
“Foi positivo ver, finalmente, a iniciativa do Ministério Público [MP] para
incluir a Juliana como coautora dos delitos, após muitos pedidos que já
havíamos realizado anteriormente, desde o início do ano, através da minha
advogada Hermida Leyenda”, pontuou Aristides Gomes.
Durante a entrevista ao DE, o baiano, que
acompanha o caso do Brasil, detalhou ainda que existem diferenças das acusações
feitas pela família, que “são compatíveis com as provas que existem do caso”,
quando comparadas com o posicionamento das autoridades argentinas.
“O MP busca acusar a Juliana assim como o Francisco por homicídio, na
modalidade culposa, e isso não é compatível com as provas que já estão no
processo. Não é dever do MP escolher delitos mais brandos para estes dois.
Precisam usar todas as provas existentes, em especial, as mais recentes, que
já apresentamos através do laudo do perito, que ‘ostra claramente que houve um
feminicídio. É isso o que as provas mostram e não devem fingir que não
enxergam”, afirmou.
Ainda segundo Aristides, a demora também ocorreu porque foi necessário refazer
várias perícias, uma vez que foram identificadas muitas irregularidades. “Todas
que refizemos encontramos falhas e ocultações gravíssimas para beneficiar
Francisco e Juliana”, denunciou o pai de Emmily.
Emmily foi encontrada morta na quinta-feira (30) — Foto: Redes sociais
A Justiça argentina acusou a médica brasileira no caso da morte da baiana nesta
semana. Antes disso, Juliana Magalhães Mourão era apenas testemunha. Na mesma
ocasião, o empresário argentino Francisco Sáenz Valiente também passou a ser
acusado de abandono de pessoa e porte ilegal de arma pela polícia. Na audiência,
ele preferiu não falar.
Os advogados que representam a família de Emmily Rodriguez dizem que Francisco
Sáenz Valiente queria que Juliana Mourão fosse testemunha porque era a única
defesa dele. A médica brasileira será interrogada no dia 4 de dezembro.
Na última terça-feira (26), o empresário Francisco Sáenz Valiente pediu que a
Justiça retire a tornozeleira eletrônica que ele usa desde junho de 2023. A
decisão pode levar cinco dias úteis.
Imagem de Francisco Sáenz Valiente, empresário detido na investigação da morte
da brasileira Emmily Rodriguez em Buenos Aires — Foto: Reprodução/@francissaenzvaliente
As acusações da Promotoria estão baseadas nos testemunhos dos presentes no
apartamento. Além de Francisco e Juliana, outras duas mulheres que se retiraram
antes da queda.
“O indiciado organizou um encontro no seu domicílio particular, em coordenação
com Juliana Magalhães Mourão, que facilitou a presença de mulheres para que lhe
fornecessem serviços sexuais em troca de dinheiro. Nesse contexto, Sáenz
Valiente facilitou cocaína e cocaína rosa, distribuída em pratos ou livros para
que se consumissem as quantidades que desejassem”, diz a ata da ampliação do
interrogatório à qual a reportagem teve acesso.