Relatório da Polícia Federal revela racha no Alto Comando: o golpe que abalará o país

A história completa do golpe não será contada tão cedo, pois o risco de a casa tremer é grande. À medida que avança a investigação sobre a tentativa de golpe para abolir com violência o Estado Democrático de Direito, cresce a suspeita de que ainda conhecemos muito pouco do que de fato aconteceu ou poderia ter acontecido. A Polícia Federal deve guardar parte do que descobriu para revelar só mais adiante.

Dentre as 884 páginas do relatório da Polícia Federal recém-divulgado, uma mensagem assinada pelo coronel Reginaldo Vieira de Abreu, que servia no Palácio do Planalto, revela um racha no Alto Comando do Exército sobre aderir ou não à proposta de golpe. Este grupo, formado por 16 generais de quatro estrelas, possui uma divisão clara de opiniões. Cinco generais não querem o golpe, enquanto três querem muito e os outros estão na chamada “zona de conforto”.

Embora o coronel Vieira de Abreu não tenha revelado os nomes dos três generais que apoiavam fortemente o golpe, nem tenha explicado o significado da expressão “zona de conforto”, é possível inferir que a situação é delicada. É presumível que os generais contrários ao golpe conheçam os outros dois colegas golpistas não mencionados, assim como entendam o que significa permanecer na “zona de conforto” em momentos críticos como esse.

Não se pode contar com a ajuda dos generais legalistas para avançar além do que a Polícia Federal já descobriu, nem com o empenho da própria Polícia Federal para revelar informações que possam causar constrangimentos às Forças Armadas. Há um sentimento tanto nos quartéis quanto externamente de que tudo foi longe demais e é melhor parar por aqui, evitando que a situação saia ainda mais do controle.

Existe uma linha vermelha invisível, uma espécie de limite simbólico, que os investigadores do golpe devem evitar ultrapassar a todo custo. Se essa linha for cruzada, a casa inevitavelmente começará a balançar, trazendo consequências imprevisíveis e potencialmente perigosas para o país como um todo. A complexidade e gravidade do que foi descoberto até agora indicam que a verdade por trás do golpe permanecerá oculta por mais algum tempo.

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Passageira de avião que declarou emergência diz: “Pensei que ia cair”

“Pensei que ia cair”, diz passageira de avião que declarou emergência

Ao DE a passageira disse que, quando o avião pousou, o aeroporto estava interditado e já havia ambulâncias na pista de voo.

Passageiros do voo 3852 da Latam, que fez um pouso forçado após declarar emergência, minutos depois de decolar no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek (JK), em Brasília, relataram os momentos de tensão que vivenciaram por quase uma hora, enquanto o avião fazia manobras nos céus da capital federal. Apesar do susto, ninguém se feriu e não houve pânico dentro da aeronave.

Moradora de Teresina, no Piauí, uma das passageiras disse que correu tudo bem, e que só ficou com medo em um momento, quando viu que o avião estava voando baixo demais, em uma área que não era o aeroporto.

“Eu vinha na janela e percebi que o avião não subiu. Teve uma hora que eu tive medo e pensei que o avião podia cair por cima das casas. Mas o piloto foi excelente, segurou o avião. Passamos, inclusive, por uma turbulência, por conta da neblina”, disse a mulher, que é cliente preferencial da Latam e pediu para não ser identificada.

Ao DE a passageira disse que, quando o avião pousou, o aeroporto estava interditado e já havia diversas ambulâncias e viaturas do Corpo dos Bombeiros para efetuar possíveis atendimentos, visto que, em solo, ninguém sabia o que de fato havia acontecido, devido à falta de comunicação da aeronave com a torre de comando.

“Foi uma pane elétrica. Ele não tinha como se comunicar nem com a torre aqui em Brasília nem com a gente, dentro do avião”, disse a mulher, que pediu para não se identificar.

Ela veio da capital piauiense para visitar a família, que mora em Águas Claras.

O Airbus A320, da Latam, decolou por volta das 21h40 e minutos depois passou a sobrevoar o Distrito Federal em círculos. Por volta das 22h20, o Airbus A319 conseguiu pousar novamente em Brasília. O voo ia para Teresina. A Latam informou aos passageiros que eles serão colocados em outro voo, nesta sexta (27/12), provavelmente no mesmo horário.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram o avião, após o pouso, já no pátio no Aeroporto JK, onde foi cercado por viaturas, com as sirenes ligadas.

DE entrou em contato com a Latam para obter outras informações. Até a última atualização desta reportagem, a empresa não havia explicado o que ocorreu para que fosse declarada emergência no voo. O texto será atualizado tão logo a companhia aérea se manifeste.

Segundo a Agência Nacional de Avião Civil (Anac), a aeronave foi fabricada em 2007, tem capacidade de 180 passageiros e está em situação regular.

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