Nova família de anêmona-do-mar é descoberta no litoral paulista
Achado foi incluído no World Register of Marine Species, catálogo global da
fauna e da flora marinha.
Uma nova família de anêmonas-do-mar foi descoberta no litoral norte paulista.
Ubatuba (SP) é uma das áreas mais importantes para pesquisas marinhas,
especialmente pelo suporte logístico das universidades estaduais paulistas e
também por representar uma área muito rica de biodiversidade.
O pesquisador conta que uma nova família é a definição de um grupo novo para
organismos aparentados. Na história da evolução dos organismos no planeta, há
organização daqueles que são mais aparentados e daqueles que são menos
aparentados.
> “Nesse caso, nós descobrimos que essa espécie nova e outras espécies formam um
> grupo isolado. Antes disso as espécies estavam colocadas em famílias erradas,
> ou seja, sem serem de fato aparentadas”, explica o professor doutor Sérgio
> Stampar, do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências da
> Unesp, campus Bauru.
A nova família foi denominada de Antholobidae. Já a nova espécie ganhou a
identificação de Antholoba fabiani. O nome faz referência ao professor Fabián
Acuña da Universidad Nacional de Mar del Plata, Argentina, um dos principais
pesquisadores em anêmonas-do-mar do mundo.
O trabalho que é parte do doutorado do pesquisador Jeferson Duran-Fuentes contou
com a colaboração da professora doutora Marymegan Daly (Ohio State University) e
Ricardo González (Universidad Nacional de Mar del Plata). A pesquisa faz parte
do programa de Pós-Graduação Interunidades em Biociências da Unesp e teve a
coordenação do professor Stampar.
O Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática da Faculdade de Ciências da
Unesp Bauru já tem um longo histórico de colaborações internacionais.
“O Jeferson ficou quase um ano na Ohio State University de 2023 até meados de
2024. Algumas das abordagens foram realizadas em parcerias com os pesquisadores
desses laboratórios. Especialmente no auxílio da interpretação de dados e
realizações de algumas técnicas de análise. A infraestrutura do nosso
laboratório não é comparável aos do laboratório da Ohio State University, então
algumas abordagens foram realizadas lá”, detalha o professor Sérgio Stampar.
As informações já foram incluídas na plataforma Word Register of Marine Species.
Isso representa que a nova definição dessa nova família de anêmonas-do-mar foi aceita
pelo meio acadêmico, o que evidencia a qualidade de trabalho desenvolvido. A
descoberta também foi publicada em artigo na revista científica “Marine Biodiversity”.
Essa foi a primeira espécie pertencente ao gênero Antholoba descrita na região
desde o século 19, quando foram descritas as espécies Antholoba achates e a
Antholoba perdix.
Os pesquisadores utilizaram o aspecto morfológico para distinguir a Antholoba
fabiani de outras anêmonas-do-mar como a Antholoba achates e Antholoba pedix. A
Antholoba fabiani possui 199 pares de mesentério em 7 ciclos, as outras
apresentam 96 pares em 5 ciclos.
“Vamos fazer uma comparação com um imóvel. Sempre temos disposições diferentes
das paredes dentro de uma casa. As anêmonas-do-mar são parecidas, para elas
ficarem rígidas elas precisam de água, como uma bexiga e essas paredes, os
mesentérios. Cada espécie tem uma disposição diferente com mais ou menos, de um
lado para o outro, destas “paredes”, frisa o professor Stampar.
Essa nova família é a primeira criada a partir de dados de uma espécie
brasileira e, principalmente, de águas rasas. As anêmonas são encontradas em
praticamente todos os ambientes marinhos, desde águas muito rasas como as praias
e também o mar profundo com muitos quilômetros de profundidade.