Câmeras de segurança registram execução de jovem negro em mercado: vídeo mostra o momento do crime

Vídeo: câmeras de segurança mostram execução de jovem negro em mercado

O jovem Gabriel Renan da Silva Soares foi executado pelo policial militar Vinicius de Lima Brito em um estacionamento do Oxxo em 3/11

São Paulo — Novas imagens do circuito de segurança do mercado Oxxo, localizado na Avenida Cupecê, no bairro Jardim Prudência, zona sul de São Paulo, mostram o momento em que o policial militar Vinicius de Lima Brito executa a tiros um jovem negro que havia furtado quatro embalagens de sabão, no último dia 3 de novembro.

O vídeo foi publicado pelo tio da vítima, o rapper Eduardo Taddeo, membro do Facção Central, nessa segunda-feira (2/12). Veja:

Gabriel Renan da Silva Soares tinha 26 anos e foi atingido pelas costas por 11 tiros pouco antes das 23h do dia 3 de novembro. Ao todo, foram três tiros no tórax, dois no dedo anelar da mão esquerda, um no antebraço esquerdo, três no antebraço direito, um no ouvido e um no rosto.

Pelas imagens, é possível ver que ele foi alvejado por diferentes ângulos. “Com as imagens da loja, está provado que meu sobrinho Gabriel foi covardemente executado. Não houve abordagem ou voz de prisão, simplesmente oito tiros em legítima defesa do racismo e do capital dos grandes conglomerados de exploradores. Não será mais um número estatístico”, disse Eduardo na legenda da publicação.

PM FOI AFASTADO

Também nessa segunda-feira, o PM Vinicius de Lima Brito foi afastado da corporação, conforme confirmou a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP). Segundo a pasta, a investigação captou imagens do ocorrido, juntou aos autos e estão analisando para ajudar na apuração dos fatos.

Além disso, a SSP afirmou que familiares da vítima foram ouvidos e as autoridades estão tentando localizar e qualificar a testemunha que esbarrou na vítima momentos antes dele ser alvejado. Após a execução, os pais de Gabriel denunciaram o PM por execução. No entanto, o agente alegou legítima defesa, segundo o boletim de ocorrência obtido pelo DE.

CORPO NEGRO ESTIRADO NA CALÇADA

O corpo de Gabriel Renan permaneceu no local até a manhã do dia 4. Um parente da vítima, inclusive, passou pelo estabelecimento pouco depois do ocorrido e viu que alguém tinha sido assassinado, mas não sabia que se tratava do próprio irmão. Segundo uma publicação do Instagram de Eduardo Taddeo, que vem pedindo justiça desde o assassinato do sobrinho, o Oxxo continuou funcionando normalmente durante aquela madrugada.

“A polícia tampouco preservava o local onde acabavam de executar meu sobrinho! Esse é o retrato mais fiel do quanto essa sociedade é podre e do desrespeito e desprezo por nossos jovens negros”, disse o rapper.

FAMÍLIA PEDE JUSTIÇA

A advogada e tia da vítima Fátima Taddeo diz que os atendentes do mercado falaram de forma muito insensível que “um ‘noia’ tinha morrido”. Horas depois, ao constatarem que Gabriel estava demorando muito a voltar para casa, o pai e a mãe começaram uma busca. Ao procurarem o filho pela região, Antônio Carlos e Silvia chegaram ao mercado; o corpo já havia sido recolhido, mas eles reconheceram o filho baleado por meio de uma foto tirada por atendentes do Oxxo.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Morte brutal de professora no DF: 10 anos de impunidade – Suspeito pronunciado em 2023

Crânio rachado e corpo nu: 10 anos da morte brutal de professora no DF

Heber dos Santos Freitas Ribas, suspeito de matar Janaína Câmara em 2014, foi
pronunciado pelo crime apenas este ano

Após 10 anos do crime, o processo que trata da morte da professora Janaína Alves
Fernandes Tavares da Câmara avançou na Justiça. O suspeito de matar Janaína em dezembro 2014, Heber dos Santos Freitas Ribas, ex-companheiro dela, foi pronunciado em abril deste ano. A juíza da 1ª Vara Criminal do Novo Gama entendeu que ele deve ser julgado por um Tribunal do Júri. Porém, apesar da determinação, Heber segue em liberdade recorrendo a outras instâncias para ser absolvido da acusação.

Em setembro do ano passado, o DE mostrou que o processo do caso de Janaína estava travado na Justiça goiana.

O caso foi recebido pela Justiça em 2021. Apenas em julho de 2023 foi agendada uma Audiência de Instrução e Julgamento agosto do mesmo ano. A audiência chegou a ser realizada, mas sem a pronúncia.

Apenas em 10 de abril deste ano, a Justiça declarou Heber réu e o destinou ao júri popular. Entretanto, a defesa do acusado recorreu da decisão. O recurso chegou à 3ª Câmara Criminal, sob responsabilidade da desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira. Em julho, ela negou o pedido. A defesa, então, recorreu novamente, levando o caso para a Assessoria para Assunto de Recursos Constitucionais, sob responsabilidade do desembargador Amaral Wilson de Oliveira. Apenas em 28 de novembro, o desembargador proferiu decisão, também negando o recurso especial. Agora, Heber deve aguardar a intimação da decisão do desembargador.

SOBRE O CRIME

Segundo a denúncia do Ministério Público goiano (MPGO), a vítima teve a cabeça esfacelada a golpes de porrete e o corpo seminu jogado em um matagal às margens da Rodovia DF-290, entre Santa Maria e o Novo Gama (GO), município no Entorno do DF.

Janaína foi encontrada sem vida em área de mato. Ela era professora.

Quando policiais militares encontraram Janaína, ela tinha o rosto desfigurado e o crânio rachado, com vazamento de massa encefálica. A vítima se encontrava seminua, com o sutiã levantado e os seios à mostra. Também teve a calça arrancada e a calcinha rasgada. Havia um preservativo perto do corpo e vestígios de fezes nas coxas. Nas peças do processo, os peritos do Instituto de Criminalística (IC) e médicos legistas do Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Civil apresentaram seus laudos, mas não conseguiram cravar com exatidão se a vítima havia sido estuprada antes ou após a morte.

Nos dias que se seguiram após a localização do corpo, a Polícia Civil do DF não demorou a juntar as peças que apontou a autoria do crime. Janaína viveu com Heber pouco mais de dois anos, entre 2012 e 2014, e havia se separado dois meses antes do crime. As apurações apontaram que a vítima começou a sofrer agressões constantes de Heber e decidiu se separar. Heber responde ao homicídio triplamente qualificado em liberdade.

A professora municipal de Goiás lecionava para alunos do 1º ao 4º ano do ensino fundamental na Escola Municipal Jardim Paiva, no Novo Gama, no Entorno do DF, e faltou ao trabalho no dia que antecedeu ao crime. No dia seguinte, no entanto, às 15h40, policiais encontraram o corpo da jovem no matagal. Janaína deixou três filhos: um menino com pouco mais de 1 anos, fruto do relacionamento com o homem que tirou sua vida, além de um garoto de 5 anos e uma menina, de 6. Atualmente, os órfãos estão com 11, 15 e 16 anos respectivamente.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp