Atraso na obra do aeroporto de Fernando de Noronha gera críticas: “É um absurdo”, diz presidente – DE PE

Obra no aeroporto de Fernando de Noronha tem novo atraso; ‘É um absurdo’, diz
presidente do Conselho Distrital

O serviço de pavimentação das pistas teve início em 24 de setembro, e a previsão do governo era concluir essa etapa em dois meses, o que não aconteceu.

O presidente do Conselho Distrital de Fernando de Noronha, Ailton Araújo Júnior, questionou mais um atraso na obra do aeroporto da ilha. A pavimentação do eixo central começou em 24 de setembro. A previsão do governo de Pernambuco era que esse trabalho fosse concluído em 60 dias, mas isso não aconteceu. O cronograma teve várias alterações vezes.

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As obras nas pistas, que totalizam 1.845 metros de extensão, são realizadas por 56 trabalhadores no período noturno, quando o aeroporto está fechado. Os serviços são executados pela Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco (Semobi), com investimento de R$ 60 milhões.

DE entrou em contato com a Semobi e questionou os motivos do novo atraso e qual a nova data prevista para conclusão, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Placa indica que obra estaria pronta em 10 de janeiro de 2024, segundo informações fornecidas pela TV Globo.

Desde outubro de 2022, a Agência Nacional de Aviação Civil proibiu pousos de aviões de grande porte, como Boeings e jatos, na ilha devido a fissuras e aos buracos na pista do aeroporto. A proibição levou a Azul a operar com um avião menor, do modelo ATR, e a Gol a suspender as atividades em Noronha. A Voepass iniciou viagens à ilha em janeiro de 2023, com a aeronave ATR.

A obra de recuperação da pista do aeroporto de Fernando de Noronha teve diversos adiamentos, que provocaram atrasos no cronograma. DE detalhou as diferentes etapas e previsões divulgadas ao longo do tempo para a conclusão das obras, que seguem apresentando atrasos significativos.

Em resumo, a pavimentação da pista do aeroporto de Fernando de Noronha, mesmo após vários anúncios e prazos estabelecidos, ainda enfrenta problemas e desafios para sua conclusão, afetando diretamente a operação e o acesso à ilha. A população e os órgãos responsáveis seguem atentos e cobrando uma solução rápida e eficaz para garantir a segurança e o funcionamento adequado do aeroporto.

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TCE aponta superfaturamento em Hospital da Criança e placas solares no Recife: Prefeitura nega irregularidades e investigação segue.

TCE aponta superfaturamento milionário em construção do Hospital da Criança e instalação de placas solares em escolas do Recife

Tribunal de Contas do Estado aponta sobrepreço de R$ 7 milhões na obra do hospital e de R$ 12,5 milhões em placas solares. Prefeitura nega irregularidades e diz que vai apresentar argumentação.

1 de 1 Hospital da Criança do Recife, no bairro de Areias, está em fase de finalização das obras — Foto: Reprodução/TV Globo

Hospital da Criança do Recife, no bairro de Areias, está em fase de finalização das obras — Foto: Reprodução/TV Globo

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Pernambuco apontou irregularidades e supostos superfaturamentos milionários em dois contratos firmados pela prefeitura do Recife. Um deles é na construção do Hospital da Criança, promessa de campanha do prefeito reeleito João Campos (PSB). O outro é para a instalação de placas solares em escolas municipais.

Os dois casos foram divulgados na terça-feira (17) pelo portal Metrópoles. No Hospital da Criança, cuja inauguração estava prevista para acontecer este mês de dezembro, o superfaturamento apurado pelo TCE é de R$ 7 milhões. O tribunal entrou com um pedido de bloqueio de R$ 7,8 milhões do contrato, que tem valor total de R$ 111,8 milhões.

Já sobre as placas solares, o sobrepreço é de R$ 12,5 milhões. A empresa que venceu essa licitação é a Enove, do empresário Álvaro Porto de Barros Filho, filho do presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), deputado Álvaro Porto (PSDB).

Por meio de nota, a prefeitura do Recife disse que “não há irregularidades e que todas as contratações realizadas pela gestão municipal seguem rigorosamente os ritos administrativos, em conformidade com os princípios de legalidade, economicidade e transparência” (veja mais abaixo).

Os relatórios são preliminares e ainda serão avaliados pelos relatores dos processos, os conselheiros Marcos Loreto e Eduardo Porto. Confira, abaixo, detalhes de cada caso:

HOSPITAL DA CRIANÇA

Em nota, o TCE informou que abriu um procedimento interno para acompanhar a execução das obras de construção do Hospital da Criança, localizado em Areias, na Zona Oeste do Recife. Por meio da assessoria de imprensa, o tribunal disse que “foi identificado um dano potencial ao erário de R$ 7,8 milhões, que não é apenas relativo a sobrepreço”.

Em nota, o TCE disse que:
– A obra foi contratada pelo Gabinete de Projetos Especiais do Recife da prefeitura do Recife e é executada pela construtora Celli Ltda;
– O valor do contrato é de R$ 111.809.296, dos quais R$ 52.147.356,31 já foram pagos;
– “um relatório preliminar de auditoria encontrou indícios de sobrepreço, subdimensionamento de equipamentos e descumprimento de cronograma da obra”;
– “A auditoria sugeriu ao conselheiro Marcos Loreto, relator das contas do Gabinete de Projetos Especiais do Recife (Gabpe), a emissão de uma cautelar, ou seja, uma medida de caráter emergencial suspendendo os pagamentos à empresa”;
– Com o relatório preliminar, o relator solicitou esclarecimentos ao Gabpe no prazo de cinco dias úteis, que termina na segunda-feira (23).
– “Apenas após a manifestação dos interessados, respeitando o amplo direito de defesa, é que o relator vai decidir sobre o assunto”.

DEDE DE

PLACAS SOLARES

Também por meio de nota, o TCE disse que abriu um procedimento interno para analisar o processo de adesão a uma ata de registro de preços em que foi identificado um sobrepreço de R$ 12,5 milhões no contrato. O DE tentou acesso ao relatório da auditoria especial.

O valor contratado, segundo o tribunal, está 182% acima do preço de mercado. Além disso, não houve comprovação de vantagem e compatibilidade dos preços com valores de mercado.

As irregularidades encontradas pela auditoria foram as seguintes:
– Adesão irregular à ata de preços: não foram comprovadas as vantagens nem se mostrou que os preços são compatíveis com o mercado;
– Sobrepreço: o valor contratado está R$ 12.581.114 acima do preço de mercado;
– Uso indevido da ata de preços: a ata foi usada como um contrato genérico (“guarda-chuva”), sem definir claramente os serviços e locais;
– Falta de planejamento: não foram feitos estudos técnicos, projeto básico ou orçamento detalhado antes da contratação;
– Conflito de interesses: quem fez o projeto também está participando da execução da obra.

Segundo a auditoria do TCE, uma das irregularidades encontradas foi a dispensa de licitação, sob argumento que o procedimento seria mais dispendioso e demoraria mais tempo do que a realização do procedimento.

Entretanto, da abertura do processo à contratação do serviço, passaram-se nove meses, o que o TCE considerou tempo suficiente para a realização do processo licitatório.

“Em relação ao argumento de se pretendia evitar a morosidade processual, é importante registrar que da declaração de vantajosidade, em 26/02/2024, até a assinatura do contrato, em 22/11/2024, passaram-se quase 9 meses, prazo que poderia ter sido aproveitado para realizar um processo de licitação”, diz o documento do Tribunal de Contas.

DE
O TCE também apontou que não houve estudos técnicos preliminares, projeto básico e orçamento que baseasse a contratação da empresa.

O serviço foi contratado sem detalhamento de cada etapa e uma mesma empresa foi escolhida para fazer todas as fases do processo, num tipo de contrato “guarda-chuva”, incluindo “elaboração de projetos, laudos, pareceres, análise de viabilidade econômica, treinamento”, entre outras etapas da implementação das placas solares nas escolas municipais.

Ainda de acordo com a análise preliminar, a prefeitura do Recife contratou os serviços por um preço unitário de R$ 7.500/kWp, quando o valor médio encontrado pelos auditores foi de R$ 2.661,11 – três vezes menor do que o firmado pela gestão.

Na conclusão do relatório preliminar, a auditoria sugeriu ao conselheiro Eduardo Porto, relator das contas da Secretaria de Educação do Recife, a emissão de uma cautelar, que é uma medida de caráter emergencial para que a secretaria se abstenha de realizar os pagamentos referente ao contrato.

O relator do caso, por coincidência, é primo do dono da Enove, a empresa contratada pela prefeitura do Recife para realizar a instalação das placas solares nas escolas municipais, e foi indicado pelo tio, o deputado estadual Álvaro Porto, em 2023, para ocupar uma cadeira no TCE.

“De posse do relatório preliminar, o relator solicitou esclarecimentos à Secretaria de Educação do Recife no prazo de cinco dias úteis. O TCE-PE esclarece ainda que o conselheiro Eduardo Porto foi escolhido por sorteio para relatoria da Secretaria de Educação do Recife para o biênio 2023-24”, informou o TCE.

O QUE DIZ A PREFEITURA

A prefeitura do Recife respondeu ao G1 por meio de nota e disse que não há irregularidades nos dois casos. Afirmou também que:
– Todas as contratações feitas pela gestão “seguem rigorosamente os ritos administrativos, em conformidade com os princípios de legalidade, economicidade e transparência”;
– O documento mencionado no caso do Hospital da Criança do Recife é um relatório preliminar de acompanhamento emitido pelo TCE-PE e não uma decisão ou avaliação final;
– Os itens destacados estão sendo “cuidadosamente analisados e as informações técnicas necessárias estão sendo levantadas para subsidiar a resposta” ao tribunal;
– “Ajustes, esclarecimentos e justificativas técnicas fazem parte do processo natural de auditorias em obras públicas e serão devidamente apresentados no âmbito da tramitação regular”;
– No caso das placas solares, o contrato não está em execução e a auditoria é um relatório inicial que não foi apreciado pelos conselheiros;
– A prefeitura discorda da análise realizada e “vai apresentar os argumentos necessários à corte de contas”;
– “Todas as contratações respeitam os ritos administrativos, sempre primando pelos princípios da legalidade e economicidade”.
– Ratifica o “compromisso com a transparência e a correção de eventuais inconsistências, assegurando que as obras sejam conduzidas com responsabilidade, eficiência e a melhor qualidade possível”.

O DE entrou em contato com a empresa Enove, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.

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