Operação policial na Penha resulta em ônibus incendiados e prisões

Dois ônibus foram incendiados em Cordovil, na Zona Norte do Rio, no início da tarde desta terça-feira (3) enquanto a Polícia Civil realizava uma megaoperação no Complexo da Penha para prender chefes do tráfico. Durante a ação, seis pessoas foram baleadas e outras dez foram presas. As linhas de ônibus pararam de circular, e escolas não abriram suas portas.

Os ônibus foram atravessados na Estrada do Quitungo e na Praça 13 de junho, sendo utilizados como barricadas para desmobilizar o efetivo policial presente na região. O Corpo de Bombeiros do quartel da Penha e a Polícia Militar foram acionados para conter as chamas que atingiram a fiação das ruas, causando vazamento de combustível para a calçada, onde um carro estava estacionado. Segundo a RioÔnibus, somente este ano já foram registrados 117 ônibus incendiados.

A operação na Penha faz parte da fase atual da Operação Torniquete, que visa combater o roubo de cargas e veículos na região. Com a presença policial intensificada, as escolas e postos de saúde permaneceram fechados, enquanto os ônibus deixaram de circular pela área. Diversos chefes de facção estavam sendo procurados, incluindo o traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca.

Até o momento, as autoridades registraram 10 prisões e 6 feridos, todos atendidos no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Entre os feridos, destaca-se Ágatha Alves de Souza, baleada na perna, cujo estado era grave. Por outro lado, algumas pessoas já receberam alta, como o policial civil Davyson Aquino da Silva, e os civis Felipe Barcelos, Manuel Rodrigues de Sousa e Tamires Silva Soares.

Os confrontos começaram cedo, por volta das 5h20, com tiroteios e incêndios em barricadas. A ação policial foi realizada de forma integrada, com equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e outros agentes mobilizados a partir da Cidade da Polícia. A Polícia Civil destacou que a operação visava cumprir mandados de prisão e busca e apreensão contra traficantes ligados ao Comando Vermelho.

Os impactos da operação foram sentidos em diversos setores, como o transporte público e a educação. Linhas de ônibus precisaram desviar seus itinerários, e algumas estações do BRT Transcarioca chegaram a ser temporariamente fechadas. Algumas escolas municipais e estaduais não abriram as portas, e serviços de saúde tiveram seus atendimentos afetados. A operação continua em andamento, com as autoridades locais buscando reestabelecer a normalidade na região da Penha.

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Jovem baleada no Rio: família denuncia demora no socorro pela PRF

Policiais rodoviários demoraram a socorrer jovem baleada no Rio, diz mãe

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, está internada em estado gravíssimo. Família diz que processará o Estado.

Em depoimento, policiais da PRF reconhecem que atiraram em carro de jovem no Rio.

Baleada na cabeça na véspera de Natal, quando deixava a Baixada Fluminense para uma ceia em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Juliana Rangel, de 26 anos, demorou a ser socorrida pelos policiais, de acordo com a mãe da jovem.

Dayse Rangel, mãe de Juliana, falou da demora no atendimento. “Eles não socorreram ela. Quando eu olhei eles estavam deitado no chão batendo no chão com a mão na cabeça. E eu falei: ‘não vão socorrer não?’, questionou a mãe da jovem.”

A família da jovem estava na BR-040, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e seguia para a ceia de Natal, em Itaipu, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A família foi surpreendida pelos disparos realizados por 3 policiais rodoviários federais.

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na BR-040. Dayse Rangel disse que quando viu os policiais, a família chegou a abrir passagem para a chegada deles ao carro, mas os agentes federais só atiraram. “A gente até falou assim: ‘vamos dar passagem para a polícia’. A gente deu e eles não passaram. Pelo contrário, eles começaram a mandar tiro para cima da gente. Foi muito tiro, gente, foi muito tiro. Foi muito mesmo. E aconteceu que, quando a gente abaixou, mesmo abaixando, eles não pararam e acertaram a cabeça da minha filha.”

Alexandre Rangel, pai da jovem, contou o que aconteceu: “Vinha essa viatura, na pista de alta (velocidade). Eu também estava. Aí, liguei a seta para dar passagem, mas ele em vez de passar, veio atirando no carro, sem fazer abordagem, sem nada. Aí falei para minha filha ‘abaixa, abaixa, no fundo do carro, abaixa, abaixa’. Aí eu abaixei, meu filho deitou no fundo do carro, mas infelizmente o tiro pegou na minha filha.”

Juliana Rangel, atingida na cabeça, foi levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. O estado de saúde dela, até às 22h desta quarta-feira (25), era considerado gravíssimo. A jovem foi medicada, passou por cirurgia e está no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Os agentes usavam dois fuzis e uma pistola automática, que foram apreendidos. Em depoimento, os agentes reconheceram que atiraram contra o carro. Eles alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do veículo e deduziram que vinha dele.

Vitor Almada, superintendente da PRF no RJ, disse que, em depoimento, os policiais alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do carro, deduziram que vinha dele, mas depois descobriram que tinham cometido um grave equívoco.

“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais. Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal.”

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