Quem são os feridos na megaoperação da Penha
A ação desta terça, mais uma fase da Operação Torniquete, de combate ao roubo de cargas e de veículos, prendeu 10 pessoas. A polícia não informou se chefes do Comando Vermelho, alvos da operação, foram presos.
Megaoperação na Penha tenta prender chefes do Comando Vermelho
Pelo menos 6 pessoas ficaram feridas durante a megaoperação da Polícia Civil do RJ no Complexo da Penha, nesta terça-feira (3), para prender traficantes da facção Comando Vermelho.
Até a última atualização desta reportagem, 2 ainda permaneciam internadas: uma jovem um homem não identificado.
Veja quem são e o que faziam.
ÁGATHA ALVES DE SOUZA, 22 ANOS
Ia para o trabalho, no Cosme Velho, e estava em um ponto de ônibus na Rua Uranos. Foi baleada nas costas e levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde passou por uma cirurgia. Seu estado era grave.
Michele Almeida de Souza, mãe de Agatha, disse que a filha lhe avisou que tinha sido alvejada.
“Não tinha sinal de operação. Ela saiu quando não estava dando tiro. Quando ela chegou perto do [supermercado] Guanabara, ela me ligou. Ela falou: ‘Mãe, eu vi o Caveirão entrando agora. Olha o grupo do colégio que eu acho que não vai ter aula’. E desligou. Logo em seguida começou os tiros. Aí uns 10 minutos depois, ela me ligou: ‘Mãe, eu fui baleada.’”
MANUEL RODRIGUES DE SOUSA, DE 74 ANOS
O aposentado estava a poucos metros de Aghata, em uma fila de uma clínica, à espera da fisioterapia. Foi atingido na perna.
Honório Souza, sobrinho de Manuel, afirmou que bandidos abriram fogo do nada.
“Ele foi ferido na Clínica Guanabara, na Rua Uranos. Meliantes passaram de carro atirando para a clínica. O pessoal estava esperando para fazer fisioterapia. Total covardia”, declarou.
Ele foi liberado ainda pela manhã e falou ao RJ1. “Foi brabo. Não deu tempo, a perna ficou dura, você não consegue mexer não.”
DAVYSON AQUINO DA SILVA
Policial civil da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) mobilizado para a investida.
Foi atingido no ombro — a bala entrou pela lateral do colete. Já recebeu alta.
FELIPE BARCELOS, 26 ANOS
O ajudante de pedreiro estava a caminho de uma obra quando foi baleado.
Ele foi socorrido por um mototaxista e já recebeu alta.
TAMIRES SILVA SOARES, DE 32 ANOS
Grávida, Tamiris estava em casa, na Vila Cruzeiro, quando uma bala perdida entrou, e os estilhaços feriram sua boca.
O sogro disse que todos na residência tentaram se abrigar quando começou o tiroteio. “Troca de tiros, e a gente dentro de casa. Eu ainda acordei, fui para o banheiro, que tem paredes de azulejo. A Tamiris foi para o outro quarto e não conseguiu sair. “A bala passou pela parede e pegou a boca dela”, descreveu Gilmar Francisco Praxedes.
A OPERAÇÃO
A ação desta terça foi mais uma fase da Operação Torniquete, que combate o roubo de cargas e de veículos.
Chefes do Comando Vermelho eram procurados — entre eles, o traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca. Os policiais também tentavam prender criminosos foragidos do Pará e do Ceará escondidos na Penha.
Segundo moradores, os tiroteios começaram às 5h20. Traficantes atearam fogo a barricadas — até um carro foi incendiado.
A TV Globo apurou que uma equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da Polícia Civil, foi primeiro para o conjunto de favelas. Outros 200 agentes de 18 unidades foram mobilizados a partir da Cidade da Polícia.
“A ação integrada tem como objetivo cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra traficantes do Comando Vermelho (CV) responsáveis, entre outros crimes, por ordenar roubos de veículos e de cargas para financiar a ‘caixinha’ da organização criminosa, o que viabiliza a compra de armamento, munição e o pagamento de uma ‘mesada’ aos parentes de integrantes presos da facção e de lideranças do grupo”, explicou a Polícia Civil, em nota.
> “Segundo as investigações, é do Complexo da Penha de onde partem as ordens para as disputas entre rivais em busca de expandir territórios.”
Também participavam da ação a Polícia Militar e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ).