Justiça condena escola por racismo contra aluna em SP: mãe desabafa “Dói demais”

Foi racismo. Dói demais’, diz mãe de aluna discriminada por professora por causa do cheiro do cabelo em SP

A Justiça de Sertãozinho condenou a docente a indenizar a criança negra após a atitude em sala de aula. A escola, que também foi condenada, nega a prática de discriminação. Ainda cabe recurso.

A Justiça condenou a escola de Sertãozinho a indenizar a família da aluna que sofreu racismo

Mãe de uma menina de dez anos, vítima de discriminação racial na sala de aula de uma escola particular em Sertãozinho (SP), Andreia Expedita da Silva Santos Teles diz que a filha foi alvo do preconceito da professora que afirmou, perante a turma, que os cabelos da menina estavam cheirando mal.

> “Foi racismo o que ela fez com a minha filha. Dói demais”, afirma.

No fim de novembro, a Justiça condenou a professora e a escola a indenizarem a criança em R$ 30 mil.

A ação por danos morais foi movida pela família, que alegou que a menina foi submetida a uma situação humilhante e discriminatória, causando intenso sofrimento emocional que afetou sua autoestima e desempenho escolar.

Ainda cabe recurso da decisão. Em nota, a Escola Quarup, que também representa a professora, lamentou profundamente o caso e negou a prática de qualquer ato de discriminação racial por seu corpo docente.

Após o episódio, a estudante mudou de escola, mas revela que ficou magoada com a ex-professora.

> “Ela [professora] me expôs na sala, falando alto para todo mundo que eu tinha passado alguma coisa química e que estava forte, causando alergia nela. Me magoou muito. Acho que é por causa do meu cabelo, porque o meu cabelo é negro”, diz a menina, que não será identificada na matéria.

O caso aconteceu em junho de 2023, quando a criança frequentava a 3ª série. Segundo o boletim de ocorrência, durante a aula, a professora Lucélia Aparecida Angelotti começou a reclamar de um cheiro ruim na sala e passou de carteira em carteira cheirando as cabeças dos alunos.

Ao passar pela estudante, a professora perguntou se ela usava algum produto químico, já que o odor estava lhe causando alergia.

A mãe da estudante diz que só soube do caso pela mãe de uma colega da filha, que lhe deu carona na volta para casa. Ela afirma que chegou a ir à escola, mas não encontrou a direção e procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência.

Uma colega da criança, que estava na sala, confirmou a versão à polícia.

Um inquérito policial foi instaurado, mas o Ministério Público arquivou o caso. A família recorreu à Justiça para buscar a reparação por dano moral da escola e da professora.

Em suas defesas, a escola e a professora informaram que não houve qualquer ato discriminatório ou violento, mas um mal-entendido. De acordo com a alegação, o procedimento adotado pela docente não teve intenção de constranger ou humilhar a estudante, mas que ela buscou identificar o cheiro, de forma discreta e com o intuito de zelar pela higiene e saúde dos alunos, em conformidade com o ambiente escolar.

Apesar de negar qualquer prática de preconceito, a professora chegou a ser afastada na época pela escola.

Ao julgar a ação no fim de novembro deste ano, a juíza Daniele Regina de Souza Duarte, da 1ª Vara Cível, argumentou que a prova oral foi categórica em comprovar a conduta desastrosa da professora.

Para a magistrada, apesar de declarar que estava preocupada com a saúde dos alunos, a docente liberou a classe toda para o recreio após verificar os cabelos da turma e não comunicou a escola sobre eventual risco envolvendo o suposto produto químico ou os pais da estudante.

A Escola Quarup, que representa a professora, negou qualquer ato de discriminação racial pelo corpo docente e afirmou que o inquérito policial foi arquivado pelo Ministério Público.

A escola disse que investe na capacitação dos educadores, inclusive com programas sobre diversidade, igualdade racial e práticas antirracistas, para deixar o ambiente escolar seguro e acolhedor e preparar os alunos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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Tradição de Natal: Família de Itapetininga prepara ravioli um mês antes.

Família do interior prepara prato principal do almoço de Natal com um mês de
antecedência

Em Itapetininga (SP), há 60 anos a família Mazzarino se reúne para celebrar o
almoço de Natal com uma receita tradicional da Itália: o ravioli. Mas, para dar
conta da quantidade a produção começa um mês antes.

Família de Itapetininga mantém tradição de Natal em almoço especial

Em Itapetininga (SP), o Natal tem um sabor especial na casa da família Mazzarino. Há mais de 60 anos, a ceia natalina é marcada pela tradição de preparar ravioli, um prato que une gerações e que começa a ser preparado em novembro, um mês antes do almoço tradicional do dia 25 de dezembro.

Maria Angela Mazzarino Adas, aposentada, relembra o início da tradição ao lado do pai. “Meu pai virava o cilindro e eu acompanhava tudo desde os meus sete anos. Era uma festa: conversa daqui, histórias antigas dali, uma bagunça boa, com todo mundo participando”, conta.

A confecção do prato começou a crescer junto com a família, como relembra Inez dos Santos Mazzarino de Oliveira, também aposentada. “No início, tudo era feito na véspera do Natal, com meu pai liderando os preparativos. Mesmo depois que ele e minha mãe se foram, seguimos com a tradição. Agora, é algo que une ainda mais nossa família.”

O prato, que veio da Itália, carrega a história da família. “O ravioli era comida de ceia de festa para minha avó. Minha mãe aprendeu com ela e passou o conhecimento para as noras. Hoje, ele representa nossa identidade familiar”, explica Maria Margarida Mazzarino.

Inicialmente, a receita era preparada apenas com recheio de carne moída. Mas, com o passar dos anos, a família adaptou o prato para atender todos os gostos. “Atualmente, temos uma opção de recheio de palmito para os veganos”, comenta Regina Mazzarino.

Paulo Roberto Mazzarino destaca a importância de envolver as novas gerações. “Antes, as crianças apenas observavam o preparo. Hoje, ensinamos para elas. Temos aqui cinco ou seis crianças que já estão aprendendo e levarão essa tradição adiante.”

O aumento no número de integrantes da família levou a uma mudança nos preparativos. Se antes o prato era feito na véspera, agora as quatro irmãs da família organizam tudo com antecedência, reunindo todos em novembro para preparar a massa e os recheios.

Para a família Mazzarino, o ravioli é mais do que um alimento. “Sem ele, não é Natal”, conclui Maria Margarida.

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