Briga entre teiús é registrada em Colômbia, SP
Comportamento é comum na espécie e está normalmente atrelado à invasão de
território, seja para se defender ou para garantir a reprodução.
Teiús travam duelo em área rural de Colômbia, SP
[https://s03.video.glbimg.com/x240/13156258.jpg]
Teiús travam duelo em área rural de Colômbia, SP
Em uma área rural do município de Colômbia (SP), um duelo entre dois teiús
chamou a atenção do especialista em Recursos Humanos, Flávio Cotrim Moura, que
passeava com um amigo pelo local no momento. Impressionado com a cena inusitada,
Flávio parou o carro para observar e registrar o embate.
“A gente ficou olhando eles, fizemos alguns barulhos, eles nem deram bola, não
saíram. Estavam bem atentos, bem focados na batalha deles. Ficamos analisando
por mais ou menos uns 10 minutos. E mesmo depois de sairmos, eles permaneceram
ali”, conta Flávio.
De acordo com a herpetóloga e assistente de pesquisa do Museu Biológico do
Instituto Butantan, Circe Cavalcanti de Albuquerque, o comportamento observado é
comum da espécie, especialmente em situações de disputa territorial ou
relacionadas à reprodução.
> “Os teiús podem atacar quaisquer animais que invadam seu território, seja para
> se defender ou defender a seus filhotes, ou mesmo para garantir a reprodução
> com as fêmeas que ali circulam. É um evento comum na espécie. No caso desse
> vídeo, trata-se de um combate entre machos”, explica a especialista em
> répteis.
O teiú é o maior lagarto brasileiro, podendo atingir 50 cm. — Foto: Gabi
Lopes/iNaturalist
Ainda segundo ela, os confrontos são bastante violentos e podem levar à morte do
oponente que for dominado, pois os teiús desferem golpes muito fortes com a
cauda e mordeduras na cabeça e pescoço, levando a sérios ferimentos.
“Os teiús machos são muito territorialistas, mas, apesar de possuírem
comportamento agressivo, geralmente tendem a fugir quando se sentem ameaçados.
Como defesa, podem inflar e levantar o corpo, emitir sons, morder e realizar
ataques com a cauda, assim como executar o mecanismo de autotomia caudal
(amputação da cauda) para fugir dos predadores”, detalha Circe.
Para a herpetóloga, os registros são importantes para o conhecimento do
comportamento da espécie, auxiliando assim na sua preservação.
A ESPÉCIE
O teiú é o maior lagarto brasileiro, com o tamanho do corpo podendo atingir 50
cm. Se considerarmos a cauda, ele pode chegar a até 2 metros de comprimento
total.
Segundo Circe, habitam áreas abertas e são encontrados na América do Sul, desde
o leste dos Andes até o norte da Argentina. No Brasil, eles se distribuem
através de quase todos os biomas (Pampa, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e
Pantanal), não havendo registro de sua ocorrência apenas na Floresta Amazônica.
Com um comportamento sazonal, são mais ativos no verão e na primavera, onde
podem ser vistos em busca de alimento, à procura de uma fêmea ou se aquecendo ao
sol. Nos meses mais frios ele hiberna, permanecendo inativo dentro de tocas por
longos períodos.
São onívoros e possuem uma dieta muito variada que inclui até carniça, além de
insetos, aves, roedores, anfíbios, répteis, ovos de diversas espécies, frutas,
folhas e flores. Por consumirem diversas espécies de frutos, desempenham um
papel muito importante como dispersores de sementes. São controladores naturais
da população de suas presas, especialmente roedores
A espécie pode ser encontrada na América do Sul, desde o leste dos Andes
até o norte da Argentina. — Foto: feelthewildtusk/iNaturalist
“Os teiús estão entre os répteis mais explorados comercialmente no mundo, por
causa de suas peles e para abastecer o comércio de animais. Também são caçados
para consumo humano em algumas regiões. Apesar disso, sua população não se
encontra ameaçada ou em declínio, de acordo com a Lista Vermelha da IUCN, porque
a espécie tem uma ampla distribuição e é capaz de se adaptar a vários habitats”,
relata Circe.
Um fato interessante é que, nesse período reprodutivo, tanto os machos quanto as
fêmeas conseguem manter sua temperatura corpórea elevada, ou seja, eles se
comportam como animais endotérmicos, usando o metabolismo para regular a
temperatura interna, enquanto no restante do ano são ectotérmicos, sendo os
únicos répteis conhecidos com essa capacidade.
Além dos teiús, os únicos répteis conhecidos que conseguem aumentar sua
temperatura são as pítons, porém essas serpentes asiáticas agitam seus músculos
para gerar calor e ajudar a chocar os ovos, diferentemente dos teiús que o fazem
alterando seu metabolismo.
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
VÍDEOS: DESTAQUES TERRA DA GENTE
50 vídeos
Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente