Campinas lidera na emissão de gases estufa em 2023, foco nos transportes

Na contramão do Brasil, Campinas bate recorde na emissão de gases do efeito estufa em 2023

Setor dos transportes (de passageiros e de cargas) é responsável por 69,7% das emissões na metrópole.

Transporte aéreo liderou a emissão de poluentes em Campinjas — Foto: PA Media/BBC

Na contramão de DE, que, puxado pela queda do desmatamento na Amazônia, registrou queda de 12% na emissão de gases do efeito estufa em 2023, Campinas (SP) registrou alta de 6% na comparação com 2022 e, assim, atingiu o maior nível de lançamento de gases da série histórica.

Os dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgados pelo Observatório do Clima, apontam que a metrópole emitiu 2,93 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e) na atmosfera em 2023. No ano anterior, foram 2,76 milhões de toneladas.

Emissão de gases do efeito estufa em Campinas nos últimos 10 anos (toneladas CO2e) Metrópole registrou recorde em 2023

Fonte: SEEG

Coordenador do SEEG, David Tsai explicou ao DE que os gases do efeito estufa são responsáveis pelo aquecimento do planeta e, consequentemente, pelo aumento da frequência de eventos climáticos extremos, como temporais e queimadas.

> “Esses gases emitidos para a atmosfera regulam o sistema climático. É como se fosse um cobertor invisível, é uma capa invisível. Quanto mais a gente aumenta a grossura desse cobertor, jogando gases na atmosfera, maior a quantidade de calor a gente vai acumular na atmosfera, o que vai gerar toda essa energia que leva a esses eventos extremos climáticos”, afirmou.

Diante disso, o Brasil tem estabelecimento metas de redução de gases na atmosfera. “A gente precisa reduzir a grossura desse cobertor para voltar a ter um clima como a gente já estava acostumado no passado”, defendeu Tsai.

EMISSÕES POR SETOR

Em Campinas, o setor dos transportes (passageiros e de cargas) é responsável por 69,7% das emissões, seguida por saneamento básico, que inclui lixões, aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto. Veja detalhamento:

* ✈️ Transporte (carros, caminhões, ônibus, aviões): 1.994.110 tCO2e (67,9% do total)
* 🚽️ Saneamento básico (esgoto e lixo): 686.754 tCO2e (23,3% do total)
* 🏗 Edificações (construção): 143.817 tCO2e (4,9% do total)
* 🐄 Pecuária: 71.754 tCO2e (2,4% do total)
* ‍🚜 Agricultura: 18.946 (0,6% do total)

🔍 Entenda: são vários os gases emitidos (carbono, metano, ozônio, enxofre) que geram o efeito estufa, com isso, para padronizar, o SEEG faz a conversão dos demais poluentes em gás carbônico. Assim, a medida do estudo é em toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e).

TRANSPORTES

Dentro do setor dos transportes, a aviação (de carga, de passageiros e militar) foi responsável pela maior parte dos lançamentos em Campinas. Além disso, as emissões do setor aéreo cresceram 17,7% na comparação com 2022. Veja abaixo o dado bruto de 2023 por categoria:

* ✈️ aviões e helicópteros: 960.708 tCO2e (+ 17,7% em relação a 2022)
* 🚗 carros: 506.625 tCO2e (+ 8,3% em relação a 2022)
* 🚛 caminhões: 309.768 tCO2e (+ 2,4% em relação a 2022)
* 🚐 veículos comercias: 89.968 tCO2e (- 0,03% em relação a 2022)
* 🚌 ônibus: 63.709 tCO2e (- 0,7% em relação a 2022)
* 🛵 motocicletas: 39.856 tCO2e (+ 11,2% em relação a 2022)
* Total transportes: 1.994.110 tCO2e (+ 9,0% em relação a 2022)

Aeroporto de Viracopos — Foto: Ricardo Lima

Segundo o coordenador do estudo, embora a Prefeitura não tenha governança sobre aviação – o maior poluente da cidade – políticas eficientes de mobilidade urbana e planejamento territorial no município podem ajudar a reduzir as emissões de automóveis e ônibus. Ele citou alguns exemplos:

* Transporte público eficiente: que pode fazer com que as pessoas deixem os carros em casa;
* Planejamento urbano: trabalho, lazer e educação próximos da moradia, reduzindo os deslocamentos na cidade e, com isso, as emissões;
* Infraestrutura cicloviária: permitindo que as pessoas utilizem meios de transporte alternativos e quase nada poluentes, como as bicicletas.
* Infraestrutura de calçadas e segurança pública: permitindo que as pessoas façam trajetos a pé sem o risco de acidentes e assaltos.

> “De fato, a aviação civil pesa bastante em Campinas, no entanto, o segundo lugar são os automóveis e no transporte de passageiros urbano o município tem, sim, uma governança”, afirmou Tsai.

O QUE DIZ A PREFEITURA

Ao DE, o Secretário Municipal de Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas), Rogério Menezes, ponderou que as características de emissões de Campinas são diferentes do Brasil, por isso, entende que a comparação não é adequada.

> “Enquanto no nível federal as emissões são prioritariamente vinculadas à mudança de uso do solo (desmatamento e queimadas), no município de Campinas cerca de 60% é vinculada ao setor de transportes”, afirmou.

Segundo Rogério, as principais causas de emissões, como o transporte aéreo, não estão ligadas a ações que podem ser tomadas pela Prefeitura. Ele afirmou que os lançamentos vinculados ao transporte estão diretamente ligados ao aumento da população e, principalmente, ao aquecimento da economia.

> “O município ainda está no início do plano de ação climática, com mais de 96 sub-ações e 20 ações, que vão levar à derrubada das suas emissões num cenário de médio e longo prazo. No curto prazo, a gente ainda é muito dependente da macroeconomia que impacta o setor de transporte, principalmente o transporte aéreo”, afirmou.

O secretário municipal listou ao DE ações que fazem parte desse plano e que estão sendo tomadas pelo município a fim de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

* Eletrificação da frota do transporte público municipal;
* Utilização de etanol em toda a frota da Sanasa (empresa responsável pelo abastecimento);
* Eletrificação do transporte de resíduos (projeto piloto);
* Implantação de ciclovias, 114 km (2023), como alternativa ao transporte motorizado.
* Usina Verde de Compostagem;
* Hospital verde: troca da iluminação por LED;
* PPP da Iluminação Pública: troca por LEDs.

DESMATAMENTO NA CONTRAMÃO DO BRASIL

Drone flagra máquinas trabalhando na remoção de árvores em área de conservação em Campinas em 2023 — Foto: Reprodução/EPTV

Principal responsável pela queda de 12% na emissão de poluentes a nível nacional, o item desmatamento apresentou crescimento em Campinas. Embora em números totais o valor seja baixo, o aumento na comparação com 2022 chega a 48%

Emissão de gases estufa a partir do desmatamento no Brasil:

* 2022: 1.376.289.034 tCO2e
* 2023: 1.038.899.523 tCO2e (-24,5%)

Emissão de gases estufa a partir do desmatamento em Campinas:

* 2022: 8.818 tCO2e
* 2023: 13.055 tCO2e (+48%)

Segundo Rogério Menezes, o aumento do desmatamento em Campinas em 2023 foi causado por loteamentos irregulares descobertos na Área de Proteção Ambiental (APA) do Campo Grande. Segundo ele, o município já tomou todas as ações cabíveis para coibir essas ilegalidades.

> “Na questão da mudança do uso do solo, a gente reconhece de fato o impacto das alterações na região da APA do Campo Grande. Essa é uma mudança de uso do solo que foi observada e hoje a prefeitura tomou todas as providências legais. Então a prefeitura esgotou todas as medidas administrativas e está esperando o Judiciário tomar as decisões finais sobre isso”, afirmou o secretário.

O QUE DIZ O GOVERNO DE SÃO PAULO

O DE entrou em contato com o Governo de São Paulo, mas não houve retorno até a última atualização.

O QUE DIZ O GOVERNO FEDERAL

O DE entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima questionando as medidas que têm sido tomadas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa nos transportes e outros setores produtivos. Em nota, o Governo Federal disse que desde 2023 “trabalha na construção do Plano Clima, que será o guia das ações de enfrentamento à mudança do clima no Brasil até 2035. Sua elaboração é conduzida pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), integrado por 23 ministérios”.

Segundo a pasta, o Plano Clima terá dois pilares:

1. o primeiro é voltado à redução das emissões de gases de efeito estufa (mitigação);
2. o segundo trata da adaptação dos sistemas naturais e humanos aos impactos da mudança do clima.

> “Além das Estratégias Nacionais de Mitigação e Adaptação, será composto por planos setoriais: são 16 para adaptação e sete para mitigação – Agricultura e Pecuária; Uso da terra e florestas; Cidades, incluindo Mobilidade Urbana; Energia e Mineração; Indústria; Resíduos e Transportes”, completou em nota.

“As prioridades do Plano Clima na área de mitigação deverão servir de referência para que estados e municípios estabeleçam suas próprias estratégias de redução de emissões de gases de efeito estufa. Por meio delas, poderão colaborar para o alcance da meta climática internacionalmente assumida pelo Brasil em sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), entregue à ONU durante a COP29, realizada em novembro no Azerbaijão. O governo federal seguirá avançando no diálogo com estados e municípios para identificar áreas de atuação comum.

> “As medidas para reduzir as emissões dos vôos domésticos serão definidas pelo plano setorial de Transportes do Plano Clima Mitigação. As emissões de carbono de vôos internacionais são reguladas por meio do Corsia (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for INternational Aviation), um programa da Organização da Aviação Civil Internacional para a redução e compensação de emissões de CO2. No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é o órgão responsável pela implementação do Corsia e pela fiscalização dos operadores aéreos”.

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Resgate de Jaguatirica em Jundiaí: A importância da preservação da vida selvagem

Uma jaguatirica foi resgatada em um sítio próximo à Serra do Japi, em Jundiaí (SP), após quase ser atacada por cães. O morador do local conseguiu atrai-la para dentro de uma gaiola, impedindo o ataque. A Associação Mata Ciliar foi acionada e fez o resgate do animal, que estava desnutrido e com ferimentos na cabeça e nos olhos.

Para evitar um desfecho trágico, o morador do sítio agiu rapidamente e acionou a Mata Ciliar, que prontamente compareceu ao local para resgatar a jaguatirica. A equipe constatou a situação debilitada do felino e o levou para receber os cuidados necessários na associação. O animal passou por exames e está recebendo todo o tratamento adequado para sua recuperação.

A ação de resgate da jaguatirica foi crucial para evitar um final trágico para o animal, que corria risco de vida devido ao ataque iminente dos cães. Graças à intervenção rápida e eficaz da equipe da Mata Ciliar, a jaguatirica recebeu os cuidados necessários e está em processo de recuperação. A população local se mobilizou para garantir a segurança e bem-estar do felino.

A importância da preservação da fauna silvestre e do trabalho das associações dedicadas à proteção dos animais fica evidente em situações como essa. O resgate da jaguatirica ressalta a necessidade de conscientização sobre a convivência pacífica entre animais domésticos e selvagens. A Mata Ciliar desempenha um papel fundamental na proteção da biodiversidade na região de Jundiaí e arredores.

A jaguatirica resgatada em Jundiaí é um exemplo da importância da atuação de organizações como a Mata Ciliar na preservação da vida selvagem. O felino, debilitado e ferido, agora recebe os cuidados necessários para sua recuperação, graças à intervenção oportuna da equipe de resgate. A comunidade se mobilizou para garantir a segurança do animal e contribuir para a conservação da natureza na região.

É fundamental apoiar iniciativas de proteção da fauna silvestre e conscientizar sobre a importância da preservação ambiental. O resgate da jaguatirica em Jundiaí destaca a relevância do trabalho realizado pela Mata Ciliar e a necessidade de colaboração da população para garantir um futuro sustentável para todas as espécies. Juntos, podemos proteger e cuidar do nosso meio ambiente.

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