Letalidade Policial: Desafios e Reflexões sobre Segurança Pública

Eu Te Explico #118: letalidade policial – quando a violência é cometida por quem deveria proteger e resguardar vidas

No presente episódio, contamos com a participação do historiador e especialista em Segurança Pública Dudu Ribeiro, juntamente com Ana Paula Rosário, pesquisadora da rede de Observatórios de Segurança.

Ocorrências de violência policial ganharam destaque na Bahia e em outros estados do Brasil recentemente. A violência perpetrada por aqueles que deveriam zelar pelas vidas e garantir a segurança da população desperta debates sobre a atuação das forças de segurança.

Um vídeo chocante mostra o momento em que Gabriel Santos Costa, de apenas 17 anos, é fatalmente atingido por disparos de um policial militar de folga em Ondina, Salvador. Na mesma situação, um jovem de 19 anos também foi baleado e permanece hospitalizado em estado grave até o momento.

Meses antes, Welson Figueredo Macedo, um homem de 28 anos, foi alvejado por policiais desarmado enquanto retornava para casa. Ele ainda estava vestido com o uniforme de trabalho de uma empresa terceirizada. A versão oficial da Polícia Militar alegava que ele estava em confronto com os policiais, porém, imagens de câmeras de segurança contestam essa narrativa.

Neste episódio do podcast Eu Te Explico, o apresentador Fernando Sodake aborda casos recentes e dados alarmantes em uma conversa com especialistas sobre a atuação e gestão das forças de segurança. Dudu Ribeiro, especialista em Segurança Pública e cofundador da Iniciativa Negra, e Ana Paula Rosário, pesquisadora dos Observatórios de Segurança, trazem suas análises sobre a situação.

Ana Paula destaca que as mortes decorrentes de ações policiais frequentemente ocorrem em confrontos armados, afetando principalmente os territórios periféricos e vitimando jovens, principalmente negros. Ela questiona o uso da letalidade como meio de combate à violência, que resulta em um ciclo preocupante de violência.

O levantamento Pele Alvo revelou que pelo segundo ano consecutivo, o número de mortes causadas por agentes policiais na Bahia superou os registros do Rio de Janeiro e São Paulo, dois estados com alta densidade populacional. A necessidade de revisão do modelo de segurança e de uma abordagem mais humanitária são cruciais para evitar a repetição de tragédias como as de Gabriel Santos e Welson Figueredo.

Dudu Ribeiro enfatiza as falhas no entendimento dentro das forças policiais que associam letalidade com eficácia, quando o verdadeiro papel dessas instituições é proteger vidas. A falta de fiscalização interna e a perpetuação de uma cultura de violência dentro das corporações são apontadas como fatores que contribuem para essas tragédias.

Em resumo, é fundamental repensar os modelos de segurança pública adotados, a fim de promover uma abordagem mais humanizada e efetiva na proteção da população. A cultura de guerra e a violência histórica devem ser combatidas para evitar mais tragédias como as mencionadas neste episódio do podcast. É urgente uma reflexão e ação por parte das autoridades responsáveis para garantir a segurança e o respeito à vida de todos os cidadãos.

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Jovem baleado a caminho do trabalho é enterrado em Feira de Santana: ‘coração maravilhoso’ no Jardim Celestial

Jovem baleado na cabeça a caminho do trabalho é enterrado em Feira de Santana: ‘tinha coração maravilhoso’

Cerimônia aconteceu no cemitério Jardim Celestial, no bairro SIM, em Feira de Santana.

1 de 3 Corpo de Kauan Gomes foi enterrado nesta sexta-feira (20) — Foto: Kris de Lima/TV Subaé

Corpo de Kauan Gomes foi enterrado nesta sexta-feira (20) — Foto: Kris de Lima/TV Subaé

O corpo de Kauan Gomes, de 20 anos, foi enterrado na manhã desta sexta-feira (20), em Feira de Santana a 100 km de Salvador. A cerimônia aconteceu no cemitério Jardim Celestial, no bairro SIM. O jovem morreu após ser baleado por engano a caminho do trabalho, na Avenida Fraga Maia.

A despedida foi marcada pela comoção de familiares e amigos de Kauan. O estudante de Educação Física será lembrado pela serenidade e afeto, como afirmou a colega Beatriz Santiago.

“Kauan era um menino de ouro, tinha um coração maravilhoso. Ficam de lembranças as coisas boas e as risadas”, contou.

Família confirma doação de órgãos do jovem baleado na cabeça

2 de 3 Kauan Gomes, de 20 anos, trabalhava em uma academia de Feira de Santana — Foto: Redes sociais

Kauan Gomes, de 20 anos, trabalhava em uma academia de Feira de Santana — Foto: Redes sociais

SUSPEITOS PRESOS

O suspeito de atirar em Kauan é Adriano Oliveira Azevedo, de 35 anos, localizado na quinta-feira (19). Ele estava escondido na casa de um primo no bairro Itapuã, em Salvador, e tentou fugir por uma área de mata, mas foi alcançado pelos policiais. O mandado de prisão foi cumprido por policiais da Delegacia de Repressão à Furtos e Roubos (DRFR).

O segundo suspeito de envolvimento no crime se apresentou à polícia na manhã desta sexta-feira (20), em Feira de Santana. Ele foi identificado como Nadson Araújo Oliveira, 39 anos, e dirigia o carro em que estava o atirador.

3 de 3 Adriano Oliveira Azevedo é suspeito de ter atirado em Kauan Gomes — Foto: Polícia Civil de Feira de Santana

Adriano Oliveira Azevedo é suspeito de ter atirado em Kauan Gomes — Foto: Polícia Civil de Feira de Santana

RELEMBRE O CASO

Kauna foi atingido com tiro na cabeça na manhã de sexta-feira (13), enquanto estava dentro de um carro. Ele estava acompanhado da mãe, que dirigia o veículo, e uma amiga. Elas não tiveram nomes divulgados.

Os três saíram do bairro Papagaio em direção ao trabalho de Kauan, uma academia no bairro Sobradinho, quando foram surpreendidos por disparos ao passarem pela Avenida Fraga Maia.

As primeiras informações colhidas pela polícia apontam que o autor do disparo passou a madrugada bebendo com um amigo e uma mulher, com quem tem um relacionamento. Por volta das 5h da manhã, o suspeito e a mulher discutiram por ciúmes. Em retaliação, ela saiu do local com a chave e o documento da moto do atirador.

A polícia acredita que a mulher foi embora em outro veículo com uma pessoa desconhecida. Para conseguir essa carona, ela alegou que fugia de uma tentativa de assalto.

Como o carro da mãe de Kauan era parecido com o do homem que deu carona à mulher, o autor dos disparos teria confundido o alvo. Um primeiro tiro foi disparado para cima e o segundo atingiu a cabeça de Kauan.

Depois do crime, o homem fugiu para um sítio na zona rural da cidade de Pé de Serra, a cerca de 106 km de Feira de Santana. A polícia esteve no local e encontrou a arma que teria sido utilizada.

Kauan teve morte cerebral confirmada após quatro dias internado no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), também em Feira de Santana. A família decidiu doar seus órgãos.

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