Biomédica que realizou ‘lipo da papada’ é indiciada pela Polícia Civil na Bahia; paciente sofreu complicações e foi socorrida
Caso aconteceu em outubro, em Vitória da Conquista, na região sudoeste. Profissional vai responder pelos crimes de exercício ilegal da medicina, lesão corporal grave por duas vezes e falsa identidade.
Biomédica é indiciada pela Polícia Civil no sudoeste da Bahia
Biomédica é indiciada pela Polícia Civil no sudoeste da Bahia
A profissional que realizou uma lipoaspiração da região submentoniana, cirurgia conhecida popularmente como “lipo da papada”, em Vitória da Conquista no sudoeste da Bahia, foi indiciada pela Polícia Civil pelos crimes de exercício ilegal da medicina, lesão corporal grave por duas vezes e falsa identidade. Ela vai responder ao inquérito em liberdade. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (5), pela corporação.
O procedimento, que só pode ser feito por médicos, aconteceu no dia 10 de outubro, em consultório particular localizado na Avenida Otávio Santos, no bairro do Recreio. A paciente teve complicações graves e precisou ser socorrida para um hospital.
Foi constatado, através de laudo pericial emitido pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) e relatórios médicos, que a cirurgia provocou incapacidade nas ocupações habituais da vítima por mais de trinta dias, além de causar risco de morte, já que foi realizado um corte incisivo na área da “papada”, com sangramento intenso e lesões em diversos vasos, impedindo inclusive a respiração. Após as complicações, a paciente foi socorrida para um hospital.
Paciente faz ‘lipo da papada’ com biomédica, tem complicações de saúde e é socorrida com risco de morte para hospital na BA
Mulher teve complicações após procedimento de lipo de papada — Foto: TV Globo/ Reprodução
TELEFONEMAS
A Polícia Civil solicitou as gravações da chamada de urgência da profissional e constatou que a biomédica se identificou como dentista ao telefonar para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e para os médicos e enfermeiros no pronto-socorro do hospital.
Em alguns trechos da ligação, a biomédica afirmou:
“Eu estou aqui no (local), quase finalizando um procedimento de uma paciente, e tem algum vasinho que rompeu e o sangramento tá um pouco mais intenso então não tô conseguindo estancar o suficiente para poder cauterizar esse vaso na região do pescoço. E como já tem bastante ‘sanguinho’ na cavidade do pescoço eu não quero que inche mais. Eu prefiro levá-la para Unimed para poder fazer a limpeza, tomar alguma medicação para parar”.
“Eu sou dentista, meu amor. Estou finalizando um procedimento corriqueiro e algum vasinho na lateral do pescoço está sangrando um pouquinho mais que o normal. Então, o normal é a gente cauterizar, né? Mas, ele tá sangrando um pouquinho mais e aí eu queria entrar com alguma coisa, alguma medicação, alguma coisa no hospital para poder limpar, porque já tem vários ‘coagulozinhos’ aqui no pescoço só que não tá parando o suficiente e aí eu precisava de ajuda com essa medicação”.
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Segundo a Polícia Civil, durante o interrogatório, a investigada ficou em silêncio. A soma dos crimes pode chegar a até 13 anos de prisão. Ela não teve nome divulgado .
Por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) repudiou o ocorrido e reforçou que é crime exercer atividades privativas médicas sem a devida formação. Confira comunicado na íntegra abaixo.
NOTA DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DA BAHIA
“O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) expressa sua satisfação em saber que, após denúncia desta instituição, a Polícia Civil concluiu a investigação e indiciou a biomédica envolvida no caso de exercício ilegal da medicina em Vitória da Conquista.
O Cremeb reafirma seu compromisso com a proteção da sociedade e com a defesa da medicina ética e segura. Além de inaceitável, é crime exercer atividades privativas médicas sem a devida formação, colocando em risco a saúde e a vida da população.
O Conselho espera que, agora, a justiça cumpra o seu papel, responsabilizando adequadamente e reforçando a importância do respeito às leis que regulam o exercício profissional no Brasil. Por fim, o Cremeb informa que continuará acompanhando este caso e todos os outros relacionados ao exercício ilegal da profissão e permanece à disposição para contribuir com as autoridades competentes.
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