Anulação de eleição surpreende em Goiana: futuro da prefeitura incerto

A decisão da Justiça que anulou a eleição do prefeito Eduardo Honório, de Goiana, em Pernambuco, pegou muita gente de surpresa. Com 66 anos e reeleito com uma expressiva porcentagem de votos, 78% dos votos válidos, Honório teve seu registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral nesta quinta-feira (5). A razão para tal decisão unânime foi o fato de que o político já havia cumprido o limite de oito anos consecutivos de mandato, conforme determina a legislação. Logo, a partir de 1º de janeiro de 2025, quem estará à frente da Prefeitura de Goiana será o futuro presidente da Câmara Municipal.

Cabe aos 17 vereadores eleitos em outubro a responsabilidade de escolher entre eles quem irá presidir a Câmara Municipal. O escolhido terá um prazo de 90 dias para convocar novas eleições para prefeito, podendo inclusive se candidatar. Curiosamente, 11 dos 17 vereadores eleitos devem sua eleição a Honório, o que revela o apoio significativo que o prefeito reeleito possuía na cidade. Vale ressaltar que Honório assumiu a Prefeitura de Goiana em 2017, após o afastamento de Oswaldo Rabêlo por motivos de saúde.

A tentativa de Honório em buscar recursos legais para manter sua candidatura foi evidente, uma vez que ele recorreu da decisão da juíza eleitoral e posteriormente do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco. Sua estratégia política, comprometida com sua amante Paula Brito, envolvia eleger a mesma como vereadora e posteriormente presidente da Câmara Municipal, visando sua candidatura a prefeita na eleição suplementar. Apesar da ousadia do plano, os desdobramentos legais mostraram-se contrários aos interesses de Honório.

A vida amorosa de Honório sempre foi alvo de grande especulação na cidade, uma vez que o político mantinha relacionamentos paralelos com diferentes mulheres ao longo dos anos. Sua esposa, dona Nevinha, uma professora aposentada e mãe de seus filhos, viu-se envolvida em uma disputa inesperada após o prefeito tentar eleger sua amante Paula para um cargo político na cidade. Os rumores e comentários envolvendo a situação se intensificaram, especialmente com a renúncia de Nevinha à sua vida confortável para apoiar um concorrente direto de Paula.

A batalha política em Goiana ganhou contornos dramáticos, com os principais personagens envolvidos em uma disputa pelo poder. A renúncia de Honório à candidatura e a anulação de sua eleição trouxeram à tona a complexidade das relações políticas locais. A estratégia do prefeito em tentar ceder seu lugar à sua amante revelou-se infrutífera, resultando em um cenário de incertezas e rivalidades no município. A política, muitas vezes romantizada, mostra seu lado mais sombrio diante de situações como essa, evidenciando o quanto os interesses pessoais podem se sobrepor ao bem comum.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Diálogos secretos entre policiais presos e corretor revelam envolvimento com facção e relógios de luxo: investigação da PF

De Tarcísio a relógios de luxo: a conversa secreta de policiais presos

Diálogos interceptados pela Polícia Federal revelam como policiais encararam a eleição de Tarcísio e trocas de informações sobre Gritzbach

São Paulo — Conversas interceptadas pela Polícia Federal (PF) mostram parte dos bastidores de corrupção de policiais civis de São Paulo, presos por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e que, também, mantinham contato com o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach.

O Metrópoles obteve a transcrição de dias de diálogos trocados entre os policiais civis Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Eduardo Lopes Monteiro, nas quais falam desde como a vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) poderia os beneficiar indiretamente — com a escolha de um novo delegado geral — como também conversam sobre o recebimento de relógios de luxo, extorquidos de Gritzbach.

O corretor de imóveis foi executado com tiros de fuzil, em 8 de novembro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região DE. Ele havia, dias antes, feito uma delação premiada ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) na qual indicou nomes e entregou provas da relação estreita de policiais com a maior facção do Brasil.

Xixo foi preso junto com o também policial civil Valmir Pinheiro, o Bolsonaro, em setembro. Já Eduardo Monteiro, que é chefe de investigações, foi preso no último dia 17, junto com outros três policiais — entre eles o delegado Fábio Baena, com quem trabalhava no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Todos estão envolvidos com lavagem de dinheiro e com o crime organizado, segundo denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Em uma das conversas interceptadas, de 20 setembro de 2022, Eduardo Monteiro marca de se encontrar com Xixo. O horário é marcado para às 15h, porque às 16h Xixo estaria com o “amigo”, que a PF identificou ser Gritzbach.

Já na casa do corretor de imóveis, Xixo fala que “o alvo [Gritzbach] tá mandando um abraço” para Eduardo Monteiro que “manda outro”, junto com as imagens de dois relógios das marcas de luxo Rolex e de um Hublot. Durante dias, Monteiro cobra a data em que Xixo irá retornar à casa do corretor, para pegar um dos relógios.

Em 27 de setembro de 2022, Xixo garante que Gritzbach está ciente da demanda e que, no dia seguinte, iria se encontrar com ele. Porém, uma operação policial, na qual Xixo atuou, e um resfriado de Gritzbach atrasaram a reunião.

Nesse meio tempo, os policiais conversaram sobre as eleições para o governo estadual, vencidas por Tarcísio de Freitas. Eduardo afirma que “Tarcísio vai ganhar”, questionando quem ele iria nomear para chefiar a Delegacia Geral. “Podia colar um amigo, né? Como DG [delegado geral]”. Xixo responde que para eles é melhor a vitória de Tarcísio e que o novo Delegado Geral deveria ser um amigo deles.

As conversas se arrastam por dias e Eduardo Monteiro sempre cobra Xixo algum posicionamento sobre os relógios de luxo. No mês seguinte ao início da conversa interceptada, segundo a PF, “fica claro” que Eduardo Monteiro usava Xixo “para conseguir os tais relógios”.

O investigador chefe envia novamente as fotos dos três relógios de luxo, junto com a cobrança: “cadê”? Xixo então tranquiliza o chefe de investigações, informando que o corretor irá fornecer um dos três relógios para ele escolher.

Eduardo Monteiro, assim como o delegado Fábio Baena e Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, roubaram outros relógios de luxo de Gritzbach, quando cumpriram um mandado de busca e apreensão, em um dos imóveis do corretor. Todos são alvo da PF e do Gaeco em uma investigação na qual são apontados como integrantes de uma quadrilha que estaria envolvida com crimes de homicídio, lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública e “outros delitos de extrema gravidade”.

Fique por dentro do que acontece em São Paulo. Siga o perfil do DE SP no Instagram.

Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre São Paulo por meio do WhatsApp do DE SP: (11) 99467-7776.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp