Número usado em plano para matar Moraes foi salvo por general
Chip foi habilitado em nome de terceiro, no Rio Grande do Sul, para camuflar identidade de “kid preto” durante missão
O número de um dos celulares usado no plano para assassinar, em dezembro de 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, estava salvo no telefone do general Mario Fernandes. Ele está preso desde o dia 19 de novembro deste ano por supostamente ser um dos articuladores do plano assassino.
A informação foi mencionada pelo delegado da Polícia Federal (PF) Fábio Shor ao colher o depoimento do tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, na última quarta-feira (27/11). Azevedo é um dos “kids pretos” que foram presos por suspeita de envolvimento em um plano para os assassinatos.
O número que estava salvo no celular de Mario Fernandes é o mesmo usado por Azevedo, conforme a investigação da Polícia Federal (PF), no dia 15 de dezembro quando haveria os assassinatos. O contato foi habilitado em nome de uma pessoa aleatória do Rio Grande do Sul para possibilitar a discrição da ação do “kid preto”.
O uso de chips habilitados em nomes de terceiros é uma das técnicas do Comando de Operações Especiais (Copesp) do Exército, onde ficam lotados os “kids pretos”. “Se é um número que você vai usar em técnica, porque esse número estava no nome do (…) no telefone do general Mario Fernandes, que é uma pessoa que já está na reserva e que atuou ativamente na tentativa de golpe?“, questionou Shor.
As investigações da Polícia Federal demonstraram que, no dia 15 de dezembro de 2022, integrantes da missão chamada de “Copa 2022” saíram de Goiânia (GO), onde fica o Copesp, com destino a Brasília. O objetivo seria colocar o plano em prática. Imagens de pedágios da rodovia federal que liga as duas cidades foram verificadas pela PF para comprovar o deslocamento. Celulares vinculados aos envolvidos foram identificados pelos investigadores da PF em locais próximos a Moraes, o que indicava que o ministro do STF estava sendo monitorado.
Os suspeitos ficaram em locais estratégicos, como as proximidades do STF e também do endereço residencial de Moraes, na Asa Sul. Os integrantes da “missão” esperavam pela autorização superior, que, segundo a PF, seria: “cumprir a ordem que seria emanada para prisão/execução (do ministro do STF), caso o decreto de golpe de Estado fosse assinado pelo então presidente da república Jair Bolsonaro no dia 15/12/2022″.