Adolescentes formam ‘equipe do ódio’ e organizam roubos de carros pela Zona Norte do Rio de Janeiro, ligados ao Comando Vermelho. Um dos membros, Pedro (nome fictício), de apenas 16 anos, foi apreendido durante uma tentativa de roubo em Madureira, exibindo uma vida de ostentação nas redes sociais. Ele fazia parte da Equipe do Ódio, grupo responsável por puxar roubos, principalmente de veículos, nas regiões de Madureira, Quintino, Cascadura, Brás de Pina e Vila da Penha, na Zona Norte, e na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
O aumento dos roubos de carros e motos vem sendo observado desde 2022, coincidindo com a expansão do Comando Vermelho. Segundo dados do ISP, 25.198 veículos foram roubados em todo o estado naquele ano, e de janeiro a outubro deste ano, já foram 24.654. Muitos desses veículos são levados para a comunidade Nova Holanda, no Complexo da Maré, onde são clonados e vendidos, gerando lucro para a facção.
Na comunidade, os criminosos têm se organizado de forma mais estruturada, com divisão de funções e até mesmo uma fila para roubar na Avenida Brasil. Essa organização é essencial para manter a demanda crescente de crimes e garantir o financiamento para aquisição de armas e equipamentos. Traficantes importantes, como Doca e BMW, líderes do Comando Vermelho, são responsáveis por ordenar os roubos e expandir a influência da facção.
A vida de crime desses jovens é marcada por homenagens aos colegas mortos ou presos, em publicações nas redes sociais. Eles buscam manter a relação com o grupo, reverenciando figuras como o Surfista da Penha, que morreu em um assalto. A pesquisadora Juliana Vinuto aponta que o ódio presente no nome da equipe reflete um sentimento de subalternidade e frustração, potencializado pela falta de oportunidades e pelo contato com instituições violentas.
Enquanto esses adolescentes são facilmente apreendidos, traficantes mais importantes conseguem manter-se à margem da justiça. No entanto, a polícia continua a lutar contra o crime organizado, apreendendo jovens envolvidos em roubos e garantindo a segurança da população. O desafio agora é encontrar maneiras de oferecer oportunidades e apoio a esses jovens, evitando que entrem em um ciclo de criminalidade e violência. A prevenção é essencial para que eles tenham um futuro melhor e construtivo.