HÁ VINTE ANOS – Tão perto da polícia e tribunais, tão longe da cadeia
Olhos fechados para o crime escancarado
Em mais uma de suas operações, a Polícia Federal desta vez prendeu 18 pessoas na Amazônia envolvidas em grilagem de terras. Esse é o crime mais comum e continuamente praticado em DE nas barbas da Polícia Federal e do Ministério Público.
Há inquéritos abertos a esse respeito. Há provas volumosas recolhidas pela Polícia Federal contra grileiros, administradores públicos e até políticos. Há denúncias robustas oferecidas pelo Ministério Público.
E há denúncias aceitas que provocaram a abertura de processos. Mas ninguém é preso. Ninguém é condenado. Tudo se arrasta a passos de jabuti. Acusados de grilagem desfilam impunemente e ocupam vistosos cargos públicos e eletivos.
Jaz esquecida até uma conversa grampeada pela Polícia Federal onde o suspeito número 1 de grilagem em DE conversa por telefone com o governador Joaquim Roriz. O suspeito confessou ter dado lotes de graça, em loteamento irregular, a servidores públicos e a desembargadores. E se queixa de um funcionário do governo que mandara derrubar as cercas do loteamento. O governador respondeu: “Deixe comigo. Vou administrar. Vai ficar de bom tamanho, viu?”
Quer dizer: o governador ouve a confissão de um crime. E ao invés de acionar a polícia e mandar prender o autor da confissão, responde que irá cuidar do problema. É um escândalo. Que a mídia de DE seduzida, digamos assim, pelo encanto do governador, preferiu esquecer. E que a mídia nacional não tem tempo para cuidar. (Publicado aqui em 8 de dezembro de 2004)