Conheça o fisioterapeuta que está no Novorizontino desde o primeiro jogo da história do clube
André Baesso era segurança de banco e não gostava de futebol. Hoje, ele faz uma retrospectiva da transformação do Tigre do Vale: “Muito gratificante ver o que se tornou o clube”
Relembre: Novorizontino perde para o Goiás e fica sem o acesso à Série A
O dia 6 de junho de 2012 foi um marco para dois estreantes: o clube recém-fundado Grêmio Novorizontino e o fisioterapeuta recém-formado André Baesso. Ambos os novatos fizeram seus primeiros jogos oficiais no futebol profissional, no confronto entre o Tigre do Vale e o José Bonifácio, pela primeira rodada da Bezinha do Campeonato Paulista, a quarta divisão estadual.
A história do time e do funcionário se misturam nessa jornada que persiste até os dias de hoje. André é a única pessoa do Novorizontino que estava na súmula desta partida e segue no clube mais de 12 anos depois.
A derrota por 2 a 1 foi o primeiro jogo da história do Aurinegro de Novo Horizonte, fundado em 1° de março de 2010. O novo clube devolvia o futebol profissional à cidade de Novo Horizonte, que viu o antigo Grêmio Esportivo Novorizontino fechar as portas em 1998.
Com cores e mascote iguais, mas com um CNPJ diferente, o clube estruturou suas categorias de base e começou lentamente a formulação do time principal até a estreia, dois anos depois da fundação. Um dos primeiros funcionários do time caçula foi um jovem fisioterapeuta de 24 anos de idade, que foi contratado em 2011.
André Baesso com a súmula da primeira partida oficial da história do Novorizontino
Nascido em Novo Horizonte, André deu entrevista exclusiva ao ge e relembrou como foi a contratação para o primeiro emprego dele na área, dois meses após terminar a faculdade.
– Eu ajudava meu pai em um salão de reformar sofá. Meu pai conhecia um fisioterapeuta chamado Edmilson e um dia meu pai falou para ele: ‘meu filho está formando em fisioterapia, se surgir uma oportunidade, você dá um toque nele’. Passou muito tempo e, depois de anos, o Edmilson comentou de mim para o Genilson (presidente do Novorizontino). E o Genilson me ligou um dia: ‘André, vamos começar com o Grêmio Novorizontino, não temos nenhum profissional, não tem nada. Você quer arriscar? Se der certo vai ser bom para todo mundo, mas se não der, não vai dar certo para ninguém’ – lembrou André.
Fisioterapeuta do Novorizontino, André Baesso, entra em campo para fazer atendimento na Série B
Doze anos se passaram e podemos assegurar que deu muito certo. Tanto para o Novorizontino, quanto para o André. Curiosamente, o fisioterapeuta revela que não gostava nem um pouco de futebol. Ele brigava pelo controle remoto da televisão com o irmão, querendo assistir filme, enquanto o irmão preferia ver uma partida.
André ficava ansioso para acabar o jogo e ele poder mudar o canal e colocar em um filme na única TV da casa. Com o novo emprego, André lembra que o salário no Novorizontino era insuficiente e, por isso, ele fazia bicos de segurança.
– Na época (2011), eu trabalhava de segurança na Caixa Federal, trabalhava no hospital. Eu continuei e disse que não poderia largar os outros serviços, porque aqui (no Novorizontino) a renda era muito baixa ainda. Continuei trabalhando mais três anos nos outros dois lugares, nos três turnos – contou.
André Baesso em uma das primeiras fotos como fisioterapeuta do Novorizontino
André é uma prova viva da evolução de um clube que conquistou seis acessos em 14 anos. O Tigre do Vale ficou a um passo de um acesso inédito para a Série A do Brasileiro, mas uma sequência ruim nas três rodadas finais colocou fim a um sonho que parecia consumado.
No dia a dia em Novo Horizonte, o fisioterapeuta chega mais cedo que os jogadores, arruma todos os materiais para o treino (itens de primeiros socorros, hidratação) e faz o pré-treino para os atletas.
André Baesso em uma das primeiras fotos como fisioterapeuta do Novorizontino
Durante os jogos e treinos, ele fica no banco de reservas, e entra em campo, caso alguém se machuque. André está pronto para atender, fazer um gelo e checar a gravidade de uma eventual lesão. É dele também a responsabilidade pelo pós-treino e pela recuperação dos jogadores.
Entre as histórias mais inusitadas, o fisioterapeuta relembrou um episódio nos confins da Série A3 do Paulista de 2013, em um jogo contra o São Vicente, que valia a permanência na divisão.
– Era um jogo que quem perdesse, cairia. No final do jogo, sai um pênalti para nós e o presidente do outro time saiu lá de cima da cabine e sentou na marca do pênalti. Ele era senhorzinho e não deixava ninguém bater e teve que entrar a Polícia pra tirar ele. Virou aquele furdunço.
André fez uma retrospectiva dos 13 anos que se passaram e reconheceu que não imaginava que ele e o Novorizontino chegassem ao patamar de hoje.
– Em um dia parado na frente, conversando com o próprio presidente e falando para ele: ‘Quando a gente começou, como era a estrutura, que ainda não tinha nada. É muito gratificante conseguir pegar algo desde o começo, ver crescendo, ver o que se tornou o clube, todo ano sempre evoluindo. É legal falar que estou desde o comecinho, desde o primeiro jogo até hoje.
André Baesso, fisioterapeuta do Novorizontino
André e o Novorizontino se reapresentam para a temporada 2025 no dia 27 de dezembro. O Tigre do Vale disputará o Paulistão, a Série B e a Copa do Brasil. Espera-se que a parceria de sucesso entre o fisioterapeuta e o clube continue trazendo resultados positivos e conquistas para ambas as partes.