Motivos do sofrimento do Fluminense em 2024: do planejamento aos estrelismos, entenda o que contribuiu para a luta contra o rebaixamento

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O que explica o sofrimento? Veja motivos para a temporada conturbada do
Fluminense

Erros de planejamento de Mário Bittencourt, insistências de Diniz, demora para
demissão e queda vertiginosa do elenco contribuem para luta contra o
rebaixamento; entenda

Palmeiras 0 x 1 Fluminense | Melhores momentos | 38ª rodada | Brasileirão 2024
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Palmeiras 0 x 1 Fluminense | Melhores momentos | 38ª rodada | Brasileirão 2024

É difícil explicar como o campeão da Conmebol Libertadores de um ano sofreu
tanto para evitar o rebaixamento no Brasileiro no ano seguinte. Aconteceu com o
Fluminense [https://ge.globo.com/futebol/times/fluminense/], que se
salvou na última rodada, com vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras
[https://ge.globo.com/sp/futebol/brasileirao-serie-a/jogo/08-12-2024/palmeiras-fluminense.ghtml]. Afinal,
como a gestão de futebol do Tricolor, tão bem-sucedida em 2023, colecionou
falhas em 2024 sob o comando do presidente Mário Bittencourt?

O GE mostra os principais motivos, que passam pela insistência no trabalho de
Fernando Diniz, a queda de desempenho vertiginosa do elenco e até a movimentação
na janela do início do ano. Confira abaixo!

“A palavra é alívio!”, declara Phill após permanência do Fluminense | A Voz da
Torcida [https://s04.video.glbimg.com/x240/13168059.jpg]

“A palavra é alívio!”, declara Phill após permanência do Fluminense | A Voz da
Torcida

** FALTA DE PRÉ-TEMPORADA E “OBA-OBA”

Além de Mário, as decisões tomadas no Fluminense passavam pela avaliação do
diretor de futebol, Paulo Angioni, do então diretor de planejamento, Fred, e
tiveram muita voz ativa do técnico Fernando Diniz. Logo no início da temporada,
uma necessidade comprometeu todo o primeiro semestre. Por ter disputado o
Mundial de Clubes em dezembro do ano passado, o elenco principal só se
reapresentou no fim de janeiro, após 30 dias de férias, como determina a lei.
Por isso, não realizou uma pré-temporada com a paciência necessária.

Enquanto a maioria das equipes teve 30 dias ou mais de preparação antes de
voltar a competir, Diniz apressou a volta dos titulares com menos de uma semana
de condicionamento. O motivo era a disputa da Recopa Sul-Americana, diante da
LDU, que acabou vencida pelo Tricolor — sendo o único ponto alto do Fluminense
em todo o 2024.

Mas isso custou caro. Além de a preparação física ter se fragilizado, também
surgiu um clima de “oba-oba” no ritmo de festa pela Libertadores de 2023 e pela
conquista da Recopa. As comemorações se estenderam até boa parte de março. Num
momento polêmico, viralizaram imagens de um churrasco do CT Carlos Castilho dias
antes da semifinal do Campeonato Carioca, diante do Flamengo. A derrota por 2 a
0 na ida e a consequente eliminação deram um sinal de algo não estava nos
trilhos.

** PÉSSIMA JANELA DE INÍCIO DE ANO

Não dá para dizer que o Fluminense não se reforçou no início de 2024. Ao todo,
chegaram ao clube o goleiro Felipe Alves, o zagueiro Antônio Carlos, o volante
Gabriel Pires, os meias Renato Augusto e Terans, e os atacantes Douglas Costa,
Lucumí e Marquinhos. Mas nenhum deles chegou remotamente perto de fazer sucesso.

De todos, apenas Marquinhos flertou com a titularidade em algum momento da
temporada por merecimento. Antônio Carlos também, mas muito mais por falta de
opções do que por um desempenho acima da média. Neste ponto, dois pontos
pesaram: a falta de pulso da diretoria para deixar de atender a todos os pedidos
de Fernando Diniz e erros claros de planejamento.

Renato Augusto, por exemplo, chegou para ser um reserva imediato de Paulo
Henrique Ganso. Era a ideia inicial de Diniz e estava de acordo com o esperado
pela diretoria. Mas o treinador mudou o planejamento no meio do caminho e passou
a buscar maneiras de fazê-lo atuar junto a Ganso. Não deu certo.

** INSISTÊNCIA EM DINIZ

A gratidão a Fernando Diniz custou caro para o Fluminense e pode ser considerada
um dos grandes motivos do sofrimento. O técnico foi demitido após a 11ª rodada
do Brasileirão, tendo vencido apenas um jogo e amargando o pior início tricolor
na história dos pontos corridos. Mas o trabalho já dava sinais de falência
técnica pelo menos dois meses antes.

Alguns jogadores estranharam a queda de rendimento da equipe em tão pouco tempo,
enquanto Diniz mantinha a posição de não mudar a sua forma de jogar porque
acreditava que o trabalho iria vingar. Outra crítica feita nos bastidores do
vestiário dizia respeito à relutância do treinador em substituir medalhões com
desempenho abaixo do esperado.

Apesar da forte pressão que sofria, Mário Bittencourt tentou uma última cartada
para tentar salvar o trabalho: no dia 22 de maio, renovou o contrato de Diniz
até dezembro de 2025.
[https://ge.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2024/05/22/fernando-diniz-renova-com-o-fluminense-ate-o-fim-de-2025.ghtml]
Dali para frente, o técnico só venceu mais uma partida com o clube. O
agravamento da situação no Brasileiro foi determinante para a demissão, em 24 de
junho.

** PONTOS PERDIDOS COM MARCÃO

Erro de avaliação da gestão de futebol do Fluminense. A correção foi rápida, mas
a medida causou estragos. Após a queda de Diniz, a escolha da diretoria foi
Marcão – que, em tese, permaneceria até o final do ano. Mário chegou a garantir
isso em entrevista coletiva.
[https://ge.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2024/06/25/mario-bittencourt-diz-que-tendencia-e-marcao-comandar-o-fluminense-ate-dezembro.ghtml]
Mas bastaram dois jogos para o cenário mudar.

Foi identificado que o auxiliar técnico fixo não conseguiria tirar o “luto” que
o elenco sentia pela saída do ex-comandante. Nesta hora, a busca foi pela
ruptura total no estilo de jogo e no ambiente do Fluminense. Começou a busca por
um novo treinador, que culminou na contratação de Mano Menezes.

Neste meio tempo, o Fluminense de Marcão se deu o luxo de perder dois confrontos
diretos contra times do Z-4: 1 a 0 para o Vitória, no Maracanã, e um tropeço
pelo mesmo placar diante do Grêmio, em Caxias do Sul. Foram resultados que
ajudaram a afundar ainda mais o Fluminense na tabela e seriam decisivos para
evitar que o clube chegasse à última rodada lutando contra o Z-4.

** LESÕES EM MASSA E POLÊMICAS

Outro fator determinante para o ano de frustrações do Fluminense foi o número de
lesões. De todos os times que disputam a Série A, o Tricolor é o que mais somou
baixas na equipe por ter jogadores machucados em 2024. São 60 ao todo, de acordo
com dados do Espião Estatístico do GE.

PROBLEMAS EXTRACAMPO E BRIGA DE EGOS

Se os problemas internos do Fluminense de 2023 foram bem controlados, não se
pode dizer o mesmo em 2024. Entre os mais marcantes está a festa num hotel, que
fez com que o quarteto formado por John Kennedy, Alexsander, Arthur e Kauã Elias
fosse afastado por tempo indeterminado. O GE apurou que eles convidaram mulheres
para a concentração e fizeram uma festa considerada “fora do tom”.

Os estrelismos de Marcelo, relevados nas vitórias, não foram perdoados nas
derrotas. Há vários relatos de reclamações quanto ao comportamento do
lateral-esquerdo com jogadores e funcionários. Mas o estopim foi seu
desentendimento com Mano Menezes no empate por 2 a 2 com o Grêmio. A gota d’água
foi uma reclamação no gramado do Maracanã, quando o lateral se queixou de toques
e disse:

– Tá encostando em mim para fazer média com a torcida.

Também houve uma discussão acalorada num treinamento entre Thiago Silva e Felipe
Melo. A dupla não chegou a brigar ou ir às vias de fato, mas o tom subiu além do
normal após um lance mais ríspido. A atividade precisou ser paralisada até que a
dupla se acalmasse, e os jogadores tiveram que intervir. Posteriormente, eles se
acertaram.

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