Como criar “condições de conforto” para aprovar pacote econômico – Leonardo Barreto

Criando “condições de conforto” para aprovar pacote (Leonardo Barreto)

É preciso abaixar a temperatura do debate com o mercado financeiro e a sensibilidade da comunicação é chave

Na disputa aberta entre mercado e governo sobre quem sabe mais do estado real da economia e sobre o seu futuro, dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento do país têm sido respondidas com lições de moral.

Agentes importantes do PT abriram uma intifada contra o mercado na última semana, propondo um nível muito baixo de discussão, no qual tudo parece ser justificado desde que o proponente tenha as intenções corretas. Clara e propositadamente estão confundindo discurso eleitoral com comunicação de governo.

Tudo leva a crer que se trata de um erro estratégico. Ao esquentarem demais a panela política, correm o risco duplo de inflamarem as forças de centro, que ao final são os responsáveis pela aprovação do pacote, e de estressarem um mercado já muito nervoso.

Esse clima de aposta serve pouco ao governo considerando que a reação do mercado faz preço. O dólar já bateu R$ 6 e a curva de juros não para de subir, ambos com efeito imediato sobre a inflação, o poder de compra e o bem-estar das pessoas.

É preciso abaixar a temperatura do debate e a sensibilidade da comunicação é chave. Não são poucos os que sugerem que, se o pacote tivesse sido anunciado por meio de uma entrevista coletiva concedida por técnicos, a reação do Congresso e dos operadores financeiros teria sido outra.

O governo precisa “colocar a bola no chão”. Qualquer manual de gestão de crise sugerirá lições básicas: fazer uma “ordem unida”, nomeando poucos porta-vozes para falar sobre o pacote, reduzir o volume de declarações públicas, produzir um material de apoio explicando os caminhos adotados e uma estratégia de comunicação pública condizente e criar um fluxograma da decisão.

Em resumo, nas palavras de Carlos Parente, um consultor de comunicação corporativa bastante acionado no eixo Brasília-São Paulo, é preciso criar uma situação “de conforto para a decisão”.

Leonardo Barreto é doutor em Ciência Política (UnB) e sócio da consultoria Think Policy.

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Análise do inquérito do golpe: PGR Gonet decide trabalhar nas férias

Com inquérito do golpe sob análise, Gonet decide trabalhar nas férias

O procurador-Geral da República (PGR) analisa indiciamento da Polícia Federal que já reúne 40 pessoas por suposta tentativa de golpe. O recesso do fim do ano de 2024 e de início de 2025 terá o ministro Alexandre DE Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet Branco, de plantão. Moraes sempre despacha nos recessos do Supremo, desde 2019, mas Gonet decidiu não tirar férias e trabalhar normalmente até em janeiro de 2025.

O procurador-Geral da República tem em mãos para analisar possível denúncia ou arquivamento do inquérito do golpe, no qual a Polícia Federal já indiciou 40 pessoas. Entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu então candidato a vice nas eleições de 2022, Walter Braga Netto, preso no último dia 13 de dezembro. O caso é tratado como prioridade na PGR, portanto, a possibilidade é que Gonet se debruce sobre a análise.

Ele pode denunciar os indiciados pela PF ou arquivar. Se denunciar, Moraes, relator do caso no STF, estará trabalhando para decidir se aceita a denúncia e leva a julgamento do colegiado. Como Braga Netto foi preso, a tendência da PGR é agilizar a análise, pois há previsão legal de que processos com investigados presos andem mais rápido.

Com a repercussão do inquérito do golpe, é importante que a PGR conduza o caso com transparência e celeridade, garantindo que a justiça seja feita de forma eficiente. A análise minuciosa dos fatos e provas é fundamental para uma decisão embasada e justa, respeitando os direitos de todos os envolvidos. O trabalho do procurador-Geral da República é de extrema importância para a manutenção da ordem e da democracia no país.

Neste cenário político conturbado, é essencial que as instituições atuem de forma íntegra e imparcial, garantindo a estabilidade e a legalidade das ações. A condução do inquérito do golpe pela PGR é um reflexo do compromisso com a justiça e a verdade, buscando esclarecer os fatos e responsabilizar os envolvidos, se for o caso. A sociedade espera por respostas transparentes e efetivas por parte das autoridades responsáveis pela investigação.

Em meio a especulações e incertezas, a atuação do procurador-Geral da República se torna ainda mais relevante para a garantia da ordem jurídica e democrática no país. É fundamental que a análise do inquérito do golpe seja conduzida com seriedade e imparcialidade, assegurando a justiça e a equidade no processo. A atuação responsável e diligente das autoridades é essencial para o fortalecimento das instituições e para a preservação do Estado de Direito.

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