A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instituiu a Comissão da Memória e da Verdade “Enrique Serra Padrós” com o objetivo de registrar as violações dos direitos humanos ocorridas na instituição a partir de 1964. A iniciativa foi oficializada no Dia Internacional dos Direitos Humanos e visa coletar e disponibilizar os registros desse período marcado pelo regime autoritário no Brasil entre 1964 e 1985. Durante a ditadura cívico-militar, a UFRGS foi um dos espaços de resistência na sociedade gaúcha.
Em 1964 e 1969, a UFRGS passou por dois processos de expurgo, nos quais professores, estudantes e técnicos foram aposentados compulsoriamente ou expulsos. Em memória desses colaboradores e estudantes, um memorial foi inaugurado em 2019 no Campus do Centro como forma de reconhecimento a todos que enfrentaram a repressão durante o período. Além disso, a UFPel e a UFRGS cassaram títulos ‘honoris causa’ concedidos a figuras relacionadas à ditadura militar.
A Comissão da UFRGS pretende não apenas documentar essas violações, mas também produzir um relatório final com a sistematização de todos os materiais coletados e atividades realizadas. Para facilitar o acesso às informações, um site será criado para hospedar os documentos digitalizados. A cerimônia de instituição da Comissão acontecerá no Salão de Atos da Universidade, em Porto Alegre, com entrada gratuita para o público.
O nome da Comissão é uma homenagem ao professor Enrique Serra Padrós, que dedicou sua carreira acadêmica à pesquisa sobre regimes autoritários na América Latina. Falecido em 2021, Padrós era originário do Uruguai e lecionava sobre as ditaduras do Cone Sul, a conexão repressiva, terrorismo de estado e o ensino de História. A criação desta Comissão é um passo importante para a preservação da memória e a valorização dos direitos humanos na universidade.
Portanto, a UFRGS reafirma seu compromisso com a verdade histórica e a promoção dos direitos humanos ao instituir a Comissão da Memória e da Verdade. A coleta e disponibilização de registros sobre as violações ocorridas na instituição durante a ditadura contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. A cerimônia de lançamento representa um marco na história da universidade, visando reconhecer e reparar injustiças do passado. É um passo importante rumo à justiça e à democracia.