Entenda o esquema de corrupção que levou à exoneração do diretor-presidente do Ipaam e ao bloqueio de R$ 1 bilhão em bens
Operação da Polícia Federal desarticulou uma organização criminosa, resultou na exoneração de Juliano Valente e no bloqueio de bens ligados ao esquema de falsificação de documentos e venda ilegal de créditos de carbono.
Juliano Valente foi exonerado do Ipaam após operação da Polícia Federal — Foto: Arthur Castro/Secom
O diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Juliano Valente, foi exonerado nesta segunda-feira (9), após uma operação da Polícia Federal que revelou um esquema de corrupção envolvendo fraudes fundiárias e a venda ilegal de créditos de carbono. O grupo, suspeito de tomar posse de 538 mil hectares de terras da União, teve bens avaliados em quase R$ 1 bilhão bloqueados.
A operação foi realizada nos estados do Amazonas, Rondônia e Pernambuco. A Polícia Federal prendeu dois servidores do Ipaam e cumpriu 18 mandados de busca e apreensão, com alvos incluindo quatro advogados e um policial militar de Rondônia. Dionísia Soares Campos, superintendente da Agricultura e Pecuária do Amazonas, também foi alvo de busca.
De acordo com as investigações, servidores do Ipaam usaram suas funções para facilitar práticas ilegais, como a emissão de licenças ambientais fraudulentas e autorizações irregulares para desmatamento.
A Polícia Federal revelou que Juliano Valente fazia parte de uma organização criminosa envolvida em fraudes fundiárias no sul do Amazonas.
Os créditos de carbono, que fizeram parte do esquema, são uma ferramenta usada para combater o aquecimento global. Eles surgiram como uma maneira de compensar as emissões de gases de efeito estufa (DE), responsáveis por alterações climáticas. Empresas ou países que conseguem reduzir suas emissões podem gerar e vender esses créditos como uma forma de compensação ambiental.
Cada crédito de carbono equivale a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases de efeito estufa que deixaram de ser emitidos, originados de projetos como o uso de energias renováveis, reflorestamento, gestão de resíduos ou redução do desmatamento.
A Polícia Federal, durante a execução dos mandados de busca e apreensão na residência de Juliano Valente, afirmou que ele tentou se desfazer de provas ao jogar fora o celular, que foi apreendido e será periciado. Por ordem da Justiça, ele foi afastado do cargo e, na tarde de segunda-feira, o governo estadual confirmou a exoneração dele do Ipaam.
A operação desta segunda-feira é um desdobramento da ‘Operação Greenwashing’ que revelou um esquema de fraudes fundiárias que se estendeu por mais de uma década e foi iniciado em Lábrea, no sul do Amazonas, envolvendo a duplicação e falsificação de títulos de propriedade. Essas ações criminosas resultaram na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.