Prova forjada por PMs em caso Gritzbach: delegados suspeitam de munições plantadas

Delegados veem prova forjada por PMs contra presos do caso Gritzbach

“A Rota fez uma lambança, isso acaba com a investigação”, diz uma autoridade
ligada à força-tarefa que investiga o assassinato de Gritzbach

DE — Durante a prisão de dois suspeitos
de envolvimento na morte de Vinícius Gritzbach
na última sexta-feira (6/12), a apreensão de uma sacola com dezenas de munições
de fuzil
levantou suspeitas sobre os policiais militares da Rota que atuaram na ocorrência. Para
delegados e autoridades ligadas à investigação do assassinato, as munições foram
“plantadas”.

A suspeita, levantada pelo advogado dos presos, causou preocupação na cúpula da
força-tarefa montada para investigar a morte de Gritzbach. O coordenador do
grupo, o secretário-executivo da Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves,
chegou a consultar colegas sobre a alegação de que câmeras de segurança teriam
flagrado os PMs colocando a sacola no carro dos suspeitos.

A avaliação foi a de que submeter o caso à corregedoria da corporação poderia
ser precipitado e que seria melhor aguardar a eventual divulgação das imagens,
diante da possibilidade de que o advogado esteja blefando. Até esta terça-feira
(10/12), nenhum vídeo foi divulgado.

Os presos, Marcos Henrique Soares Brito Soares, de 23 anos, e seu tio Allan
Pereira Soares, de 44, foram liberados na audiência de custódia. A Justiça
avaliou que não havia elementos para sustentar a versão dos PMs.

Segundo a investigação, Marcos teria levado para o Rio de Janeiro Kauê do Amaral
Coelho, apontado como o olheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) que alertou os atiradores sobre a
chegada de Vinícius Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos momentos antes do
assassinato.

Os policiais foram até o endereço do suspeito e encontraram um veículo
destrancado, que pertencia a Allan. Questionado pelos PMs, o homem ligou para o
sobrinho, que foi até o local.

“Como é que um cara ligado ao PCC teria ido
voluntariamente até o local, sabendo que o carro tinha munição de fuzil e que os
policiais da Rota estavam lá?”, questionou uma autoridade ligada à investigação,
em conversa reservada com o Metrópoles.

“A Rota fez uma lambança, essa é a verdade. Esses caras presos são o ‘cavalo do
cavalo do olheiro’. […] É o jeito da ‘gloriosa’ trabalhar. O cara mete um tufo
de munição em um, um tufo de munição em outro. Isso acaba com a investigação. O
Judiciário não é tonto, ele sabe o que acontece”, acrescenta a fonte policial.

Para a autoridade, a postura dos PMs acusados de plantar a sacola de munição
pode estar ligada à pressão sobre a corporação diante da sequência de episódios
de violência registrados na última semana. O governador do estado, Tarcísio de
Freitas (Republicanos),
admitiu que há uma crise na Polícia Militar e que os agentes precisam de mais
treinamento.

O Metrópoles questionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre a acusação. Até o momento da
publicação, não houve retorno. Um coronel da Polícia Militar ouvido pela
reportagem minimizou a possibilidade.

Na decisão que determinou a liberação de Marcos e Allan, a juíza Juliana Pitelli
da Guia afirma que “se houvesse algum indício de envolvimento de Marcos e Allan
com o gravoso crime de homicídio em questão”, “certamente” a autoridade policial
os teria incluído no pedido de prisão contra acusados.

“Nada veio ao auto de prisão em flagrante para confirmar a versão registrada”,
diz a magistrada. Ela acrescenta que, sendo assim, “cumpre reconhecer a
ilegalidade do ato”.

Na noite dessa segunda-feira (9/12), a Polícia Civil prendeu mais um suspeito de envolvimento no
crime. Matheus Augusto de Castro Mota foi encontrado por agentes do Departamento
Estadual de Investigações Criminais (Deic) escondido em um apartamento no bairro
Canto do Forte, no município de Praia Grande, litoral paulista.

Ele foi levado para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP),
responsável pela investigação.

Matheus é acusado de emprestar os dois carros usados na fuga: um para o olheiro
Kauê do Amaral Coelho e outro para os atiradores de Vinícius Gritzbach.

Antônio Vinicius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem com a namorada quando foi
executado na tarde de 8 de novembro, na área de desembarque do Terminal 2 do
Aeroporto Internacional de São Paulo. Ele foi morto com tiros de fuzil. Câmeras
de segurança registraram o momento em que os atiradores descem de um carro preto
e executam o empresário.

De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP),
Gritzbach foi jurado de morte pelo PCC porque teria mandado matar dois
integrantes do grupo criminoso, Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como
Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Na
denúncia, o MPSP diz que o empresário mantinha negócios na área de bitcoins e
criptomoedas.

O governo anunciou a criação de uma força-tarefa para apurar o assassinato no
aeroporto no dia 11 de novembro. O grupo conta com representantes da Polícia
Civil, Polícia Militar e Polícia Científica. Entre eles, Osvaldo Nico Gonçalves;
Ivalda Oliveira Aleixo, diretora do DHPP; e Pedro Luís de Sousa Lopes, do Setor
de Inteligência da Polícia Militar.

Além de integrantes do PCC, também estão na mira da força-tarefa policiais
militares e civis. No momento da execução, um grupo de PMs era encarregado de
fazer a segurança privada de Gritzbach.

Três deles, no entanto, estavam em um posto de gasolina próximo ao aeroporto
quando o ataque começou, supostamente por causa de problemas mecânicos em uma
das caminhonetes usadas no transporte do grupo. Oito policiais militares foram
afastados de suas funções por trabalharem com o empresário delator do PCC.

No caso dos policiais civis, as suspeitas giram em torno de agentes citados por
Gritzbach em sua delação premiada ao Ministério Público de São Paulo. Na
delação, o corretor acusou policiais civis que atuavam no DHPP de extorqui-lo
para livrá-lo da investigação sobre a morte de Cara Preta. Em 31 de outubro,
oito dias antes de ser morto, Gritzbach prestou depoimento à Corregedoria da
Polícia Civil e reafirmou as acusações.

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Guilherme Boulos critica comparação entre casos de Lula e Caiado: nuances da ética política.

Guilherme Boulos, deputado federal pelo PSol, apresenta sua visão sobre a diferença entre o ato que tornou Ronaldo Caiado inelegível e a ação praticada por Lula, destacando a descabida comparação entre os dois casos. Enquanto Lula recebeu uma multa de R$ 20 mil por propaganda eleitoral antecipada ao pedir votos para Boulos em um evento sindical em São Paulo, Caiado foi condenado à inelegibilidade por 8 anos devido ao abuso de poder político ao solicitar votos ao prefeito eleito de Goiânia nas dependências do Palácio das Esmeraldas, sede do Executivo de Goiás.

A condenação de Ronaldo Caiado está relacionada a declarações feitas em dois encontros com vereadores durante o mês de outubro, enquanto a atuação de Lula se deu em um evento sindical anual que não estava ligado ao governo. Boulos salienta a importância de separar os contextos e critica a comparação equivocada entre os dois casos, afirmando que a atuação de Caiado envolveu o uso da estrutura pública para fazer campanha eleitoral, configurando um crime eleitoral.

O deputado ressalta que Lula não foi condenado por abuso da máquina pública, como supõe ter sido o caso de Caiado, que utilizou o palácio do governo de Goiás, assim como Bolsonaro fez durante uma reunião com embaixadores – também parte do processo que o tornou inelegível. A utilização de estruturas públicas para benefício eleitoral é apontada como um crime eleitoral por Guilherme Boulos, reforçando a diferença nas condutas dos dois políticos.

Diante dessa situação, Boulos destaca a tentativa de cerco ao governo de Lula e ressalta a necessidade de compreender as nuances de cada caso, evitando generalizações e comparações equivocadas. A atuação de ambos os políticos deve ser avaliada dentro do contexto específico em que ocorreu, levando em consideração as circunstâncias e práticas envolvidas em cada situação.

Em um cenário político polarizado, é fundamental analisar cada episódio com cautela e discernimento, evitando interpretações simplistas ou precipitadas. A transparência e a ética nas práticas políticas são aspectos essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e democrática, onde a atuação dos representantes eleitos deve pautar-se pela responsabilidade e respeito às leis e instituições vigentes. Nesse sentido, a reflexão sobre os casos de Lula e Caiado oferece subsídios importantes para a compreensão dos desafios enfrentados pela democracia brasileira.

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