Preso por suspeita de tráfico de drogas em operação no interior de SP usava foto de Pablo Escobar em perfil de rede social
Operação Chibarrada, deflagrada pela PF e pelo Gaeco, prendeu seis pessoas suspeitas de movimentar R$ 4,6 milhões. Líder do esquema foi encontrado nesta terça-feira (10) com R$ 500 mil em espécie.
Um dos suspeitos presos pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (10) por suspeita de tráfico de drogas em Monte Alto (SP) usava fotos do narcotraficante colombiano Pablo Escobar no perfil de uma rede social.
Em uma das imagens usadas por Mikael Destefano Ferreira, Escobar está sentando em um trono de pilhas de dinheiro enquanto segura duas armas.
O colombiano é considerado um dos maiores criminosos da história. Fundador do cartel de Medellín nos anos 1980, ele atuou em sequestros e assassinatos e chegou a ser apontado como um dos homens mais ricos do mundo devido ao envolvimento com o tráfico de cocaína.
A operação Chibarrada foi deflagrada pela Polícia Federal junto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP). A Justiça determinou o bloqueio de bens e das contas bancárias dos investigados. Ao todo, seis pessoas, entre elas o líder da organização, foram presas temporariamente em Monte Alto e em Ribeirão Preto (SP) e outras duas são consideradas foragidas. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos dois municípios, em Matão (SP) e em Fortaleza (CE). O grupo deve responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro, cujas penas, somadas, ultrapassam 35 anos de prisão.
As investigações apontam que a quadrilha movimentou cerca de R$ 4,6 milhões em menos de dois anos. Segundo a apuração do Gaeco e da PF, Alexandre Henrique Rodrigues, conhecido como Bodinho, era investigado desde o começo de 2023, e, inicialmente, foi apontado como o líder do grupo. Ele teria assumido o posto de outro traficante que comandava o crime na região de Ribeirão Preto, mas que acabou preso em uma operação em fevereiro de 2023. O apelido dele deu origem ao nome da operação batizada de “Chibarrada”, que significa rebanho de caprinos. Bodinho foi preso nesta terça-feira.
Com o avanço das investigações, o Ministério Público descobriu que Bodinho era uma espécie de sub-gerente do líder apontado como Willian Carlos da Silva, que também foi preso nesta terça-feira. Consta nos documentos do caso que Willian cuidava do transporte e do armazenamento dos entorpecentes. Ele mantinha contato com fornecedores e efetivava as vendas a compradores de outras cidades da região. Após a aquisição da droga, ele destinava parte dela para “lojas” em Monte Alto e outra parte a traficantes menores.
O Gaeco e a PF identificaram aberturas de contas bancárias com uso de documento falso, movimentação de dinheiro em espécie, ação comum na lavagem de dinheiro, registro de bens em nomes de terceiros e contas em nomes de laranjas. De acordo com a investigação, a participação de Alexandre “Bodinho” era a de fornecer contas bancárias para Willian. Ele fazia a movimentação e pagava contas relacionadas à venda de drogas. Mikael Destefano Ferreira é apontado pela investigação como o responsável pela contabilidade e pelo abastecimento da droga. Já Tiego Braian Martins Santana cuidava do transporte da droga e da coleta do dinheiro movimentado.
Ainda de acordo com Camargo, a liderança da organização levava uma vida incompatível com as rendas informadas às autoridades. Durante o cumprimento dos mandados, carros também foram apreendidos. Os celulares apreendidos com os investigados serão analisados e podem apontar à PF e ao Gaeco a participação de mais pessoas no esquema.
Procurado, o advogado Telles Rodrigo Gonçalves, que defende Willian Carlos da Silva, disse a inocência do cliente será provada durante o processo. As defesas de Alexandre Henrique Rodrigues e Mikael Destefano Ferreira não foram localizadas para comentar o assunto até a publicação desta matéria. O advogado de Tiego Braian Martins Santana não respondeu sobre a prisão.