Áudios revelam negocições de quadrilha de roubos de carga comandada por Beira-Mar no Rio: Operação Torniquete em ação

Áudios revelam negociações de integrantes da quadrilha de roubos de carga comandada por Fernandinho Beira-Mar no Rio

Vídeo mostra ação de criminosos em 2023. Em um dos roubos, dois criminosos de moto rendem os funcionários de uma empresa, entram na cabine de um caminhão e usam um aparelho bloqueador de sinal de GPS, para impedir que o caminhão fosse monitorado.

Áudios revelam negociações de integrantes da quadrilha de roubos de carga comandada por Fernandinho Beira-Mar no Rio

Áudios revelam negociações de integrantes da quadrilha de roubos de carga comandada por Fernandinho Beira-Mar no Rio

Áudios trocados entre criminosos investigados por suspeita de integrar a quadrilha de roubo de cargas comandada por Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, ajudaram a polícia a consolidar as investigações contra o grupo, alvo de uma operação nesta terça-feira (10).

Num áudio, um criminoso conhecido como Maloca pede que um dos gerentes de Beira-Mar, preso em Bangu, autorize o roubo de uma carga.

“Fala para ele que é para nós. Fala para ele que é pra mim, a Maloca. O Zé (Galinha) é meu parceiro. Pergunta para ele se dá para nós extraviar e levar para aí”.

Zé Galinha é Cristiano Gregório de Lucena, um dos seis chefes do tráfico nas regiões em que a quadrilha atua:

Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar: Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná;
Cristiano Gregório de Lucena, o Zé Galinha: Penitenciária Moniz Sodré;
Marcus Vinicius Gomes dos Santos, o TBR ou Tubarão: Penitenciária Moniz Sodré;
Hugo da Cunha Carvalho, o Cesar ou Abraão: Cadeia Pública Jorge Santana;
Lucas de Oliveira Silva, o LC ou Paraíba: Presídio Pedro Mello da Silva;
Marcos Vinícius dos Santos Silva, o Chocolate: Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha.
Depois disso, Adenilson Junio Machado Conceição, conhecido como “Cara de Mau”, repassa as informações para Zé Galinha e pedindo permissão para cometer os crimes:

“R$ 78 mil a nota. Só carne. Pegou a visão, pai? Tem uns 2 ou 3 de R$ 150 mil. E tem um Saquarema- Araruama. Deve ser coisa boa”, diz Cara de Mau.

Em outro áudio, Bruno Fernandes, conhecido como Fu, diz a “Cara de Mau” deixa clara a liderança de Fernandinho Beira-Mar na quadrilha:

“Não estou nem mais na boca, não estou nem mais roubando carga. Caiu um mandado para mim, você vai mandar pra mim, mano? Tu está pelo (Fernandinho) Beira-Mar, meu irmão. Qual foi da tua? Acontece o pior, o pau quebra, lá vai eu, pra Bangu”, afirma ele.

VÍDEO: Quadrilhas comandadas por Beira-Mar roubam cargas em Duque de Caxias

A 60ª DP (Campos Elíseos) investiga quem repassou informações privilegiadas para criminosos cometerem roubos de cargas contra caminhões em diversos pontos da Baixada Fluminense. Vídeos mostram os crimes cometidos pela quadrilha, comandada pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que foi alvo de uma operação nesta terça-feira (10).

Em um dos roubos, dois criminosos de moto rendem os funcionários de uma empresa, entram na cabine de um caminhão e usam um aparelho bloqueador de sinal de GPS, para impedir que o caminhão fosse monitorado. Um tapa o rosto com a camisa e o outro coloca um papel na câmera.

A delegada Patrícia Uana, responsável pelas investigações, disse que os vídeos revelam como os criminosos estavam perfeitamente cientes do que fazer:

“Eles abordavam os motoristas e eles já tinham conhecimento técnico acerca da estrutura de prevenção de roubos das empresas. Quando a porta é bloqueada, o rastreio dos caminhões e inclusive quando os caminhões eram telados ou não e ainda se havia escolta fazendo a proteção dessa carga”, explicou.

Um dos 28 denunciados pelo MPRJ, Adenilson Junio Machado Conceição, o “Cara de Mal”, aparece nas imagens de roubos cometidos pela quadrilha.

À polícia, ele revelou que o modo de operar da quadrilha é semelhante ao visto nas imagens, e que tudo conta com a ajuda dos soldados do tráfico da comunidade Jardim Ana Clara, em Duque de Caxias.

“A nova fase da investigação certamente é identificar os receptadores dessas cargas, bem assim aqueles que repassam informações privilegiadas de dentro da empresa para esses roubadores”, pontuou a delegada.

Patrícia Uana disse que conseguiu suspender a visita de parentes de Beira-Mar. “Possivelmente, eles estariam passando informações da logística do crime em Duque de Caxias”.

A carga dos dois roubos mostrados pelo RJ1 era levada para comunidades dominadas pelos homens de confiança de Fernandinho Beira-Mar em Duque de Caxias. Todos foram alvos de mandados de busca e apreensão nos presídios em que estão atualmente custodiados:

O grupo — oriundo das comunidades Cangulo, Rua Sete, Jardim Ana Clara e Parque das Missões — atua na Avenida Brasil, na Rodovia Washington Luis e na Rio-Magé.

Operação mira roubo de cargas e veículos na Baixada Fluminense

Um mandado de busca e apreensão contra Beira-Mar foi cumprido no Presídio Federal de Catanduvas, onde o traficante está preso desde março desse ano. Essa é a 5ª passagem dele pelo presídio de segurança máxima.

“O denunciado LUIZ FERNANDO DA COSTA, vulgo ‘FERNANDINHO BEIRA-MAR’, encontra-se preso há décadas, como uma verdadeira enciclopédia criminal, contendo 89 (oitenta e nove) anotações criminais no Portal de Segurança e ainda assim, exerce soberania sobre os criminosos que lhes são subordinados, mantendo seus redutos, através do império do medo, sendo a principal liderança nas Comunidades Parque das Missões e Jardim Ana Clara, em Duque de Caxias”, diz a denúncia do MP.

Até a última atualização desta reportagem, dois homens foram presos. Um estava com uma moto roubada e drogas. O outro estava com uma pistola, rádios de comunicação, maconha e cartões de crédito roubados, segundo a polícia.

A ação faz parte da 2ª fase da Operação Torniquete, que tem como objetivo reprimir roubos, furtos e receptação de cargas e de veículos.

Os delitos financiam as atividades das facções criminosas, disputas territoriais e garantem pagamentos a familiares dos integrantes da quadrilha, estejam eles detidos ou em liberdade. Desde setembro, já são mais de 240 presos, além de veículos e cargas recuperados.

As investigações comprovaram que integrantes de uma organização criminosa, aliados a ladrões de carga, foram responsáveis por cometer dezenas de roubos de carga em vias expressas.

Os agentes conseguiram delimitar toda a estrutura hierárquica do bando, que utiliza armamento e aparelho bloqueador de sinais fornecidos pela facção. Em troca, 50% da renda obtida com os roubos eram repassadas à organização criminosa.

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Jovem baleada no Rio: família denuncia demora no socorro pela PRF

Policiais rodoviários demoraram a socorrer jovem baleada no Rio, diz mãe

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, está internada em estado gravíssimo. Família diz que processará o Estado.

Em depoimento, policiais da PRF reconhecem que atiraram em carro de jovem no Rio.

Baleada na cabeça na véspera de Natal, quando deixava a Baixada Fluminense para uma ceia em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Juliana Rangel, de 26 anos, demorou a ser socorrida pelos policiais, de acordo com a mãe da jovem.

Dayse Rangel, mãe de Juliana, falou da demora no atendimento. “Eles não socorreram ela. Quando eu olhei eles estavam deitado no chão batendo no chão com a mão na cabeça. E eu falei: ‘não vão socorrer não?’, questionou a mãe da jovem.”

A família da jovem estava na BR-040, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e seguia para a ceia de Natal, em Itaipu, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A família foi surpreendida pelos disparos realizados por 3 policiais rodoviários federais.

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na BR-040. Dayse Rangel disse que quando viu os policiais, a família chegou a abrir passagem para a chegada deles ao carro, mas os agentes federais só atiraram. “A gente até falou assim: ‘vamos dar passagem para a polícia’. A gente deu e eles não passaram. Pelo contrário, eles começaram a mandar tiro para cima da gente. Foi muito tiro, gente, foi muito tiro. Foi muito mesmo. E aconteceu que, quando a gente abaixou, mesmo abaixando, eles não pararam e acertaram a cabeça da minha filha.”

Alexandre Rangel, pai da jovem, contou o que aconteceu: “Vinha essa viatura, na pista de alta (velocidade). Eu também estava. Aí, liguei a seta para dar passagem, mas ele em vez de passar, veio atirando no carro, sem fazer abordagem, sem nada. Aí falei para minha filha ‘abaixa, abaixa, no fundo do carro, abaixa, abaixa’. Aí eu abaixei, meu filho deitou no fundo do carro, mas infelizmente o tiro pegou na minha filha.”

Juliana Rangel, atingida na cabeça, foi levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. O estado de saúde dela, até às 22h desta quarta-feira (25), era considerado gravíssimo. A jovem foi medicada, passou por cirurgia e está no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Os agentes usavam dois fuzis e uma pistola automática, que foram apreendidos. Em depoimento, os agentes reconheceram que atiraram contra o carro. Eles alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do veículo e deduziram que vinha dele.

Vitor Almada, superintendente da PRF no RJ, disse que, em depoimento, os policiais alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do carro, deduziram que vinha dele, mas depois descobriram que tinham cometido um grave equívoco.

“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais. Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal.”

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