Hospital da Marinha próximo de 16 comunidades enfrenta tiroteios; médica morre baleada – Veja no mapa

O Hospital da Marinha onde médica morreu baleada fica próximo de 16 comunidades com tiroteios constantes; veja no mapa

O Hospital Naval Marcílio Dias está localizado no bairro do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio. A região do entorno conta com 16 comunidades, que formam o Complexo do Lins. Na terça-feira (10), a capitão de Mar e Guerra Gisele Mendes de Souza e Mello levou um tiro na cabeça e morreu dentro da unidade de saúde.

Servidores e pacientes do Hospital Naval Marcílio Dias, no bairro do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte da cidade, vivem dias e noites sob tensão. Militares não querem ser transferidos para lá. A insegurança no entorno da unidade de saúde preocupa os cerca de 85 mil moradores da região e a comunidade médica.

O entorno do Hospital Marcílio Dias conta com 16 comunidades, que juntas formam o Complexo do Lins. Os sons de tiros são constantes ao redor da maior unidade de saúde militar do Rio de Janeiro.

Nesta terça-feira (10), a capitão de Mar e Guerra Gisele Mendes de Souza e Mello, de 55 anos, levou um tiro na cabeça. Gisele morreu à tarde. Sua morte foi confirmada às 16h32.

SERVIDORES E PACIENTES COM MEDO

O DE conversou com militares que fazem plantão no Marcílio Dias, outros que frequentam o local e parentes de pacientes que realizam tratamento na unidade. Em diferentes momentos, os relatos chegam ao mesmo ponto: a tensão que é ficar no hospital diante das ações da facção Comando Vermelho. Todos pediram para que as conversas fossem mantidas em anonimato.

Uma médica conta que sempre achou o local muito perigoso. Táxis e aplicativos de transporte demoram a atender as corridas à unidade.

Uma mulher acompanhou a mãe internada por semanas no Centro de Tratamento Intensivo, nos fundos da unidade, diante da comunidade Cachoeira Grande e disse que os confrontos e tiroteios eram constantes entre policiais militares e traficantes.

Das guaritas da unidade, militares veem olheiros em motos percorrer as laterais do Marcílio Dias. O DE apurou que militares já chegaram a estudar remover o hospital do local, mas o projeto não foi à frente pelo custo que seria. Questionada, a Marinha não respondeu se a ideia realmente existiu.

BALA FICOU ALOJADA NA NUCA

O prédio onde a médica Gisele Mendes estava fica logo na entrada do complexo hospitalar do Marcílio Dias. Peritos da Marinha e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli calculam que o tiro veio de uma posição acima do segundo andar que era a sala onde acompanhava a cerimônia.

Gisele Mendes participava de um evento no auditório da Escola de Saúde da Marinha. Era 9h. O disparo atingiu sua testa e se alojou na nuca.

Um fragmento da arma foi recolhido e há forte suspeita de que seja de uma pistola.

DE era superintendente de saúde do Hospital Marcílio Dias. O cargo era o terceiro em importância no hospital, o que a colocava como cotada a integrar a futura lista de promoções da Marinha.

MARINHA LAMENTA MORTE

Em nota, a Marinha do Brasil lamentou a morte da Capitão de Mar e Guerra Médica Gisele Mendes de Souza e Mello, baleada no complexo do Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), nesta terça-feira (10).

“A Marinha se solidariza com familiares e amigos e informa que está prestando todo o apoio nesse momento de grande dor e tristeza”.

Gisele foi baleada na manhã desta terça, enquanto participava de um evento no auditório da Escola de Saúde da Marinha, no interior do hospital. Naquele momento, segundo a PM, ocorria uma operação na comunidade do Gambá. Ainda não se sabe de onde partiu o tiro que atingiu a médica.

A médica foi socorrida por colegas e levada para o centro cirúrgico imediatamente. Ela passou por uma cirurgia, mas não resistiu aos danos causados pelo disparo.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que ocorria uma ação Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins de Vasconcelos no momento que Gisele foi atingida. Há relatos de confronto nas redes sociais.

A Polícia Militar informou que agentes foram atacados por criminosos na comunidade do Gambá. A operação tinha como objetivo prender criminosos envolvidos em roubos de veículos na região do Grande Méier.

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Jovem baleada no Rio: família denuncia demora no socorro pela PRF

Policiais rodoviários demoraram a socorrer jovem baleada no Rio, diz mãe

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, está internada em estado gravíssimo. Família diz que processará o Estado.

Em depoimento, policiais da PRF reconhecem que atiraram em carro de jovem no Rio.

Baleada na cabeça na véspera de Natal, quando deixava a Baixada Fluminense para uma ceia em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Juliana Rangel, de 26 anos, demorou a ser socorrida pelos policiais, de acordo com a mãe da jovem.

Dayse Rangel, mãe de Juliana, falou da demora no atendimento. “Eles não socorreram ela. Quando eu olhei eles estavam deitado no chão batendo no chão com a mão na cabeça. E eu falei: ‘não vão socorrer não?’, questionou a mãe da jovem.”

A família da jovem estava na BR-040, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e seguia para a ceia de Natal, em Itaipu, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A família foi surpreendida pelos disparos realizados por 3 policiais rodoviários federais.

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na BR-040. Dayse Rangel disse que quando viu os policiais, a família chegou a abrir passagem para a chegada deles ao carro, mas os agentes federais só atiraram. “A gente até falou assim: ‘vamos dar passagem para a polícia’. A gente deu e eles não passaram. Pelo contrário, eles começaram a mandar tiro para cima da gente. Foi muito tiro, gente, foi muito tiro. Foi muito mesmo. E aconteceu que, quando a gente abaixou, mesmo abaixando, eles não pararam e acertaram a cabeça da minha filha.”

Alexandre Rangel, pai da jovem, contou o que aconteceu: “Vinha essa viatura, na pista de alta (velocidade). Eu também estava. Aí, liguei a seta para dar passagem, mas ele em vez de passar, veio atirando no carro, sem fazer abordagem, sem nada. Aí falei para minha filha ‘abaixa, abaixa, no fundo do carro, abaixa, abaixa’. Aí eu abaixei, meu filho deitou no fundo do carro, mas infelizmente o tiro pegou na minha filha.”

Juliana Rangel, atingida na cabeça, foi levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. O estado de saúde dela, até às 22h desta quarta-feira (25), era considerado gravíssimo. A jovem foi medicada, passou por cirurgia e está no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Os agentes usavam dois fuzis e uma pistola automática, que foram apreendidos. Em depoimento, os agentes reconheceram que atiraram contra o carro. Eles alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do veículo e deduziram que vinha dele.

Vitor Almada, superintendente da PRF no RJ, disse que, em depoimento, os policiais alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do carro, deduziram que vinha dele, mas depois descobriram que tinham cometido um grave equívoco.

“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais. Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal.”

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