Plano golpista: PF prende Braga Netto por conspiração contra posse de Lula

Lula não sobe a rampa: o plano encontrado com assessor de Braga Netto

O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, foi preso pela Polícia Federal na manhã deste sábado (14/12)

Alvo de mandado de busca e apreensão, em Brasília, na manhã deste sábado (14/12), o coronel do Exército Flávio Peregrino tinha um esboço de plano golpista. O documento foi encontrado na sede do Partido Liberal (PL). Além de alvo de busca, o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, foi preso pela Polícia Federal também neste sábado no âmbito das investigações da trama golpista de 2022.

O documento, batizado de “Operação 142”, delineava um suposto “decreto de instauração de estado de exceção” no Brasil, com o objetivo de impedir que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomasse posse após sua vitória nas eleições de 2022.

O nome da operação faz referência ao artigo 142 da Constituição Federal, que trata das Forças Armadas e que, segundo os envolvidos no plano, seria utilizado de forma distorcida para justificar uma intervenção militar no país.

O esboço do golpe foi encontrado em fevereiro de 2024, durante uma busca na sede nacional do PL, e estava na mesa de Flávio Peregrino, coronel do Exército e ex-assessor do general Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de Bolsonaro de 2022.

Arte em preto em branco de documento encontrado com alvos de inquérito da trama golpista. Documento que esboça Operação 142, da trama golpista. O material estava guardado em uma pasta intitulada “memórias importantes”, o que chamou a atenção das autoridades. O conteúdo do documento mostrou uma série de propostas que visavam garantir a permanência de Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas urnas.

O objetivo final do plano, conforme descrito no documento, era impedir que Lula “subisse a rampa” do Palácio do Planalto, ou seja, assumisse a presidência da República. O texto revelado pela Polícia Federal incluía ações detalhadas para suspender o processo de transição de poder, anular as eleições, substituir ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e realizar novas eleições.

Dentro do planejamento, as “linhas de esforço” incluíam uma série de medidas para garantir a implementação do golpe. Entre elas, estavam a interrupção do processo de transição de governo, a mobilização de juristas para justificar legalmente as ações, e a preparação das Forças Armadas para ações diretas. O plano também sugeria convocar o Conselho da República e o Conselho de Defesa, além de um discurso em cadeia nacional de rádio e TV, com o objetivo de legitimar as ações dos golpistas perante a população.

A minuta também delineava a substituição dos ministros do TSE e o planejamento de novas eleições, após a anulação dos resultados das de 2022. Além disso, a preparação das tropas para “ações diretas” estava claramente incluída no esboço, sugerindo um golpe militar com o apoio de diferentes setores da sociedade.

A Polícia Federal indiciou Bolsonaro, Braga Netto e mais 35 pessoas por suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado. O grupo não só planejou a subversão da ordem democrática, mas também incluiu, entre os objetivos, a eliminação física de líderes do governo eleito, como o próprio presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

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Reviravolta: Caso de falso suicídio ligado à violência doméstica

Reviravolta em caso de falso suicídio ocorreu após violência doméstica

Mulher teria denunciado o cúmplice e companheiro após ele ter sido preso por violência doméstica. Casal é principal suspeito pelo homicídio

O casal Tiago Alves Cajá, 24, e Thalissa dos Santos Araújo, 21, (foto em destaque) arquitetaram o falso suicídio de Samara Regina da Costa Dias, 21, proprietária da casa onde ambos moravam, em Ceilândia. A expectativa da dupla era de se apropriar do imóvel e dos bens da vítima. O plano, no entanto, veio à tona após Tiago ser preso por violência doméstica, após agredir a própria cúmplice e companheira.

Samara foi morta em 16 de dezembro. Em 20 de dezembro último, Tiago e Thalissa foram encaminhados à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher II (Deam) após uma briga entre os dois. Na delegacia, a mulher decidiu delatar o companheiro e alegou que o homem teria matado, sozinho, Samara com um mata-leão.

Thalissa relatou ainda que, na noite do crime, havia saído de casa para comprar um lanche para o companheiro e para Samara e, quando entrou na residência, alegou ter flagrado o momento em que o Tiago sufocava a dona da propriedade.

Denúncias feitas à PCDF contudo, desmentiram a versão Thalissa. Segundo as informações recebidas, a mulher teria admitido participação no crime planejado pelo casal. Ela ainda teria detalhado que Tiago teria jogado o celular da vítima nos trilhos do metrô para ocultar as ações da dupla.

Além das testemunhas, o laudo cadavérico da vítima foi crucial para desvendar o assassinato de Samara. Segundo a perícia, a causa da morte seria asfixia por meio físico-químico, secundária a enforcamento. Também consta no laudo que não foram encontradas outras lesões traumáticas sugestivas de luta ou agressão, contrárias à versão de Thalissa.

Assim, pelo fato de não terem sido encontradas outras lesões em Samara, a polícia acredita que a mulher dormia quando foi dopada e, em seguida, assassinada, segundo o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), João Ataliba Neto.

“Como a vítima acabou não falecendo, eles decidiram enforcá-la, praticar morte por asfixia. Aí, tentaram simular o suicídio dela, na tentativa de garantir a impunidade”, comentou o investigador.

Confrontada com as novas descobertas das investigações, Thalissa negou participação direta no homicídio, mas confessou ter ajudado a simular o suicídio. Tiago ainda não foi ouvido, pois estava preso por violência doméstica.

Com o fim das investigações, o casal pode ser indiciado por homicídio duplamente qualificado e fraude processual, com possível inclusão de agravantes, como obrigação de que a vítima ingerisse medicamentos, para ter a própria defesa dificultada. Somadas, as penas pelos crimes podem levar a 34 anos de prisão.

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