O Parlamento da Coreia do Sul aprovou neste sábado, 14, o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol, acusado de promover um autogolpe ao decretar lei marcial no último dia 3. A medida, que restringiu direitos civis, suspendeu o Parlamento e ampliou o poder do Executivo, foi derrubada pela própria Assembleia Nacional poucas horas após sua imposição. O impeachment foi aprovado por 204 votos a favor e 85 contra, superando o mínimo de 200 votos necessários.
A crise começou quando Yoon alegou que a lei marcial era necessária para combater “elementos pró-Coreia do Norte” e proteger a ordem constitucional. A decisão gerou confrontos entre militares e manifestantes e levou à rejeição unânime do decreto pelo Parlamento. A pressão aumentou após Yoon revogar a lei marcial no mesmo dia, sem convencer aliados e opositores, que criticaram o ato como inconstitucional e autoritário.
Nos dias seguintes, a situação de Yoon se agravou. Acusado de insurreição e alvo de protestos, ele adotou tom confrontador em discursos públicos, questionando a legitimidade das eleições legislativas de abril e defendendo a necessidade de “combater grupos criminosos que desafiam o Estado de Direito”. A postura causou indignação até entre aliados, levando figuras importantes do governo a se afastarem de sua gestão.
Com o impeachment, o primeiro-ministro Han Duck-soo assumirá interinamente a presidência, enquanto a Corte Constitucional avalia a decisão do Legislativo. Caso confirme a destituição, o país deverá realizar novas eleições em até 60 dias.
Yoon Suk Yeol, eleito em 2022 por uma margem histórica de apenas 0,73 ponto percentual, já havia enfrentado críticas por sua gestão conservadora. Antes de assumir a presidência, Yoon ganhou destaque ao liderar as investigações que levaram ao impeachment da ex-presidente Park Geun-hye, de quem se tornou aliado após sua libertação em 2021. A tentativa frustrada de autogolpe com a decretação da lei marcial marca o desfecho de uma trajetória política turbulenta e controversa.