General Braga Netto detido em quarto com ar condicionado e TV

Braga Netto está detido em quarto com ar condicionado, geladeira, guarda-roupa e TV

Sala é utilizada pelo líder do estado maior da 1ª Divisão do Exército, posição que só fica abaixo do comandante da unidade. General Braga Netto sendo conduzido por agentes da Polícia Federal após sua prisão pela manhã deste sábado (14) — Foto: José Lucena

Detido no sábado (14) por obstrução da justiça nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o general Walter Braga Netto está sendo mantido no quarto do chefe de Estado Maior da 1ª Divisão do Exército, na Zona Oeste do Rio.

A TV Globo apurou que o quarto possui armário, geladeira, ar condicionado, televisão e banheiro exclusivo. As refeições são feitas no refeitório, onde os oficiais de patentes mais altas se alimentam.

Ele tem direito a quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, jantar e ceia.

O local de detenção do general teve que ser improvisado para abrigar o oficial. Não havia na estrutura do Exército no Rio um espaço adequado para isolar um general de quatro estrelas, que é a patente de Braga Netto.

A prisão especial é um direito dos militares antes da condenação definitiva e, de acordo com as regras, os oficiais não ficam presos dentro de unidades militares; eles são detidos em alojamentos.

A 1ª Divisão é o quartel que reúne os batalhões operacionais do Comando Militar do Leste – unidade que comanda o Exército no Rio, Espírito Santo e Minas Gerais.

A unidade está localizada na Vila Militar, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio – a 40 KM de Copacabana, na Zona Sul, onde o general reside e foi preso na manhã de sábado.

Braga Netto está detido em uma unidade que já foi subordinada a ele de 2016 a 2019, quando chefiou o Comando Militar do Leste.

O Fantástico reportou que a prisão dele nesse batalhão está causando desconforto entre os militares. O comandante da unidade tem três estrelas – hierarquicamente abaixo de Braga Netto no Exército.

No STF, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a detenção do general Braga Netto foi baseada em novos e importantes fatos relacionados ao inquérito sobre a tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022.

Moraes afirmou que, após novas provas, a Polícia Federal apontou que “Braga Netto atuou no sentido de obter informações relacionadas ao acordo de colaboração firmado com Mauro Cid” – o então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. E que o depoimento de Cid aos investigadores apresentou elementos que caracterizam a existência de conduta dolosa de Braga Netto para obstruir as investigações em curso.

A defesa de Braga Netto nega qualquer obstrução ou embaraço às investigações. Moraes incluiu na decisão um documento encontrado pela Polícia Federal na sede do Partido Liberal, o PL, partido de Bolsonaro.

Segundo Moraes, a PF confirmou a participação de Braga Netto na Operação Punhal Verde Amarelo – o planejamento para manter Bolsonaro no poder e eliminar autoridades públicas, como o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes.

A Polícia Federal afirmou que Braga Netto teve participação ativa na Operação Punhal Verde Amarelo e na arrecadação de dinheiro para colocar em prática a operação.

Na audiência no STF, Mauro Cid afirmou que Braga Netto tratou da arrecadação de dinheiro para a Operação. No STF, Moraes disse que as novas evidências contra Braga Netto são robustas e que o general contribuiu significativamente para obstruir as investigações.

O Exército se pronunciou sobre a situação de Braga Netto na 1ª Divisão do Exército, mencionando a legislação militar sobre o cumprimento de pena.

A defesa do general Walter Braga Neto declarou que se manifestará nos autos após ter plena ciência dos fatos que levaram à decisão proferida e acredita na observância do devido processo legal.

Por fim, a defesa reiterou que o cliente jamais realizou reuniões em sua residência para tratar de assuntos ilícitos, bem como nunca recebeu ou repassou recursos para financiar atos antidemocráticos.

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Jovem baleada no Rio: família denuncia demora no socorro pela PRF

Policiais rodoviários demoraram a socorrer jovem baleada no Rio, diz mãe

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, está internada em estado gravíssimo. Família diz que processará o Estado.

Em depoimento, policiais da PRF reconhecem que atiraram em carro de jovem no Rio.

Baleada na cabeça na véspera de Natal, quando deixava a Baixada Fluminense para uma ceia em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Juliana Rangel, de 26 anos, demorou a ser socorrida pelos policiais, de acordo com a mãe da jovem.

Dayse Rangel, mãe de Juliana, falou da demora no atendimento. “Eles não socorreram ela. Quando eu olhei eles estavam deitado no chão batendo no chão com a mão na cabeça. E eu falei: ‘não vão socorrer não?’, questionou a mãe da jovem.”

A família da jovem estava na BR-040, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e seguia para a ceia de Natal, em Itaipu, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A família foi surpreendida pelos disparos realizados por 3 policiais rodoviários federais.

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na BR-040. Dayse Rangel disse que quando viu os policiais, a família chegou a abrir passagem para a chegada deles ao carro, mas os agentes federais só atiraram. “A gente até falou assim: ‘vamos dar passagem para a polícia’. A gente deu e eles não passaram. Pelo contrário, eles começaram a mandar tiro para cima da gente. Foi muito tiro, gente, foi muito tiro. Foi muito mesmo. E aconteceu que, quando a gente abaixou, mesmo abaixando, eles não pararam e acertaram a cabeça da minha filha.”

Alexandre Rangel, pai da jovem, contou o que aconteceu: “Vinha essa viatura, na pista de alta (velocidade). Eu também estava. Aí, liguei a seta para dar passagem, mas ele em vez de passar, veio atirando no carro, sem fazer abordagem, sem nada. Aí falei para minha filha ‘abaixa, abaixa, no fundo do carro, abaixa, abaixa’. Aí eu abaixei, meu filho deitou no fundo do carro, mas infelizmente o tiro pegou na minha filha.”

Juliana Rangel, atingida na cabeça, foi levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. O estado de saúde dela, até às 22h desta quarta-feira (25), era considerado gravíssimo. A jovem foi medicada, passou por cirurgia e está no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Os agentes usavam dois fuzis e uma pistola automática, que foram apreendidos. Em depoimento, os agentes reconheceram que atiraram contra o carro. Eles alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do veículo e deduziram que vinha dele.

Vitor Almada, superintendente da PRF no RJ, disse que, em depoimento, os policiais alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do carro, deduziram que vinha dele, mas depois descobriram que tinham cometido um grave equívoco.

“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais. Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal.”

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