Homem alega ter sido espancado por PMs durante passeio com gatos de estimação no litoral de SP: ‘Racismo’
Polícia Militar instaurou um inquérito para investigar a denúncia de Ueslei Abreu das Neves sobre o caso que ocorreu em Santos (SP).
Ueslei Abreu das Neves, um petroleiro de 34 anos, alega ter sido agredido por policiais militares enquanto passeava com gatos de estimação em Santos, no litoral de São Paulo. A DE instaurou um inquérito para investigar a denúncia de Ueslei Abreu das Neves, que ficou com diversos hematomas pelo corpo.
As agressões, segundo ele, ocorreram no estacionamento de uma farmácia na Avenida Marechal Floriano Peixoto, no bairro Gonzaga. Ueslei disse ter sido empurrado, socado e arrastado pelos agentes para uma viatura sem sequer entender o motivo da abordagem. Ao DE, ele afirmou que acredita ter sido vítima de racismo.
“Eles vieram com um viés na cabeça de que era um preto em um lugar em que preto não pode estar. Se estiver, é porque está roubando. Por isso que teve tanto espancamento”, relatou.
O boletim de ocorrência (BO) foi registrado com a versão dos policiais. Conforme descrito no documento, os agentes foram acionados porque o alarme da farmácia disparou. Segundo o BO, Ueslei obedeceu às primeiras ordens para ficar em pé e levantar a camiseta, mas depois questionou a abordagem e caminhou em direção às autoridades, levando um tapa na cara.
Ao DE, o homem contou que tenta fazer os gatos se acostumarem com a rua e, por isso, levou os felinos para passear durante a madrugada, quando não há movimento. Ueslei disse que mora a uma quadra de distância da farmácia e, na ocasião, caminhou até o estacionamento para soltar os animais. “Eles saíram da caixa de transporte e passearam porque realmente de noite é mais silencioso”, complementou.
Segundo Ueslei, o tapa na cara foi dado por um dos policiais após ele perguntar “o que estava acontecendo”. Ainda de acordo com o relato, os agentes foram violentos e sequer questionaram o nome dele. “Foi o tempo de colocar os gatos na mochila e começou o espancamento”, comentou.
O petroleiro disse ter ficado dentro do porta-malas da viatura por bastante tempo. Segundo o relato, ele viu o veículo estacionar em um local que aparentava ser o batalhão da PM, mas não desceu. Ueslei relatou ter sido levado pelos agentes à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central. Ele pontuou, no entanto, que não foi atendido no local, uma vez que o médico se recusou a examiná-lo.
O petroleiro disse ter sido levado para a Central de Polícia Judiciária (CPJ) da cidade, onde sofreu mais agressões. “Estava com os dois braços amarrados para atrás, com algema, e fui arrancado do porta-malas. Cai no chão e fui arrastado até levantar. Quando levantava, era empurrão. Acharam que estavam prendendo bandido”, desabafou.
Ueslei contratou uma advogada para entrar na Justiça após o ocorrido. Em nota, a defesa constituída por Anna Fernandes Marques informou que procura as imagens das câmeras de monitoramento para comprovar as alegações dele. “A defesa espera a apuração, afastamento imediato das ruas e punição da conduta dos policiais, haja vista o total despreparo em lidar com a população, utilizando de violência desmedida, como largamente exposto nos últimos tempos”, declarou a advogada.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o 7º Distrito Policial de Santos investiga a ocorrência e a PM também apura o caso por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). Em relação à denúncia de Ueslei sobre a recusa de atendimento na UPA, a Prefeitura de Santos informou que informações do tipo devem ser esclarecidas pela Insaude, pois a organização social é responsável pela gestão da unidade.