Estudantes baianos desenvolveram uma pesquisa inovadora com o intuito de transformar resíduos orgânicos de pescados em ração animal, gerando assim uma fonte de renda extra para os trabalhadores do Porto das Sardinhas, localizado no bairro de São João do Cabrito, periferia de Salvador. A iniciativa desses jovens cientistas do amanhã foi destaque em uma série de reportagens que ressaltaram a criatividade e o impacto positivo que suas propostas podem trazer para a sociedade.
A ideia para o projeto surgiu durante uma visita técnica realizada por Pablo Santos, Júlia Ferreira e Yasmin Arruda, que analisaram de perto a realidade dos trabalhadores locais, observando a forma como descartavam os resíduos de pescados. Ao perceber a possibilidade de reaproveitamento desses resíduos, os estudantes se dedicaram a desenvolver uma ração que poderia ser utilizada tanto no mundo pet, para caninos e felinos, quanto na piscicultura.
O projeto foi submetido à Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), conquistando uma vaga entre os 250 projetos selecionados, o que demonstra a relevância e a fundamentação teórica da pesquisa desenvolvida pelos estudantes baianos. A orientação do professor Anderson Rodrigues foi fundamental para o sucesso do projeto, que contou com o apoio da Escola Sesi, do Senai Cimatec e da Cooperativa de Pescadores Baía de Todos-os-Santos (Coopesbas).
Para viabilizar a produção da ração animal a partir dos resíduos de pescados, os estudantes realizaram uma série de etapas, desde a coleta dos resíduos no Porto das Sardinhas até a análise bioquímica e a estruturação que resultou em uma farinha proteica. A prototipagem da ração foi feita de forma criativa, utilizando cartelas de remédio como molde, e todo o processo contou com a colaboração das instituições de ensino e da cooperativa.
Apesar dos desafios logísticos para o recolhimento dos resíduos e a distribuição da ração, a equipe responsável pelo projeto mostrou-se dedicada a encontrar soluções que beneficiassem tanto os trabalhadores do Porto das Sardinhas quanto a indústria de ração animal. A possibilidade de gerar uma renda extra para as trabalhadoras por meio da venda dos resíduos foi um dos pontos chave do projeto, que visa não apenas à sustentabilidade ambiental, mas também à inclusão social e econômica.
O impacto positivo do projeto vai além da criação de um produto inovador: os estudantes envolvidos puderam desenvolver um senso crítico em relação às problemáticas sociais do cotidiano, abrindo espaço para discussões importantes e sensíveis que muitas vezes são deixadas de lado. Para o professor Anderson Rodrigues, orientador do projeto, a experiência de guiar uma equipe tão engajada e comprometida foi extremamente gratificante, evidenciando o potencial transformador da ciência e da inovação na vida das pessoas.