Após 100 anos, ararajubas voltam a nascer em vida livre em Belém
BluestOne investe na Fundação Lymington para intensificar ações no projeto de reintrodução da ave na capital paraense em parceria científica com Ideflor-bio
Ararajuba carrega nas penas as cores verde e amarelo, e, por isso, é considerada um símbolo do Brasil — Foto: Crédito: MARCELO VILARTA
No Parque do Utinga, região metropolitana de Belém-PA, pesquisadores encontram cinco filhotes de ararajuba (Guaruba guarouba). Seria um acontecimento corriqueiro na natureza não fosse este o registro do primeiro nascimento da ave em vida livre no lugar, depois de um século de desaparecimento da espécie.
A ararajuba é da família dos papagaios e considerada um símbolo do Brasil, porque, em voo, pinta o céu com a beleza exuberante do verde-amarelo. Desde 2017, quando o projeto “Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas em Unidades de Conservação da Região Metropolitana de Belém” começou a ganhar asas, um único filhote havia nascido, de um casal que aguardava a liberdade em um aviário de soltura. Mas o nascimento em vida livre é um feito inédito.
Motivo de comemoração para o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), para o Parque do Utinga, para a Fundação Lymington, de Juquitiba-SP, entidades diretamente envolvidas no programa, e da BluestOne, empresa de gerenciamento de resíduos em Saltinho-SP, que ajuda a fundação com recursos financeiros e trabalhos de campo.
Antes da implementação do projeto, a ave estava extinta na região havia cerca de cem anos, vítima, principalmente, do tráfico de animais. A maior parte dos exemplares da ave que voltaram a habitar o parque é proveniente da Fundação Lymington, que reproduz os filhotes em cativeiro. Antes de serem soltos na natureza, eles passam por um período de adaptação em aviários. Mais de 50 ararajubas já foram levadas para Belém.
O desafio dos pesquisadores, no entanto, era que a reprodução fosse possível sem a intervenção humana. E isso aconteceu no último mês de agosto, quando foram encontrados cinco filhotes em uma das caixas de madeira disponibilizadas para que as aves pudessem buscar descanso.
As outras aves do grupo ajudaram, levando comida no bico para dentro da caixa e atuando na proteção do ninho. E, antes de saírem para a mata, os filhotes se desenvolveram ali por dois meses. Pouco antes, houve uma tentativa de postura e incubação dos ovos, o que não deu muito certo. Os pesquisadores passaram, então, a fazer uma suplementação nutricional na alimentação das ararajubas. Estratégia que deu resultados.
De acordo com o diretor de Sustentabilidade & ESG da BluestOne, Alexandre Resende, a empresa já mantém atividades que ajudam o meio ambiente, mas quer fazer ainda mais. E, por isso, investe em vários projetos de conservação, como a parceria com a Fundação Lymington.
Segundo Nelson Pinto, presidente do Ideflor, se 2024 é um ano para não esquecer, por causa do nascimento dos filhotes, 2025 será uma oportunidade para divulgar as conquistas do projeto na COP30, conferência mundial do clima que será realizada, justamente, em Belém.