Intercooperação: cooperativas de leite se unem para ganhar mercado e
produtividade
Contrato entre Cooperbelgo e Coopersil pretende aproveitar oportunidades e
garantir vantagens para os dois negócios
1 de 2 Usina da CooperBelgo foi inaugurada em 2019 — Foto: Comunicação
CooperBelgo
Usina da CooperBelgo foi inaugurada em 2019 — Foto: Comunicação CooperBelgo
A Cooperativa Mista Agropecuária de Bela Vista de Goiás (CooperBelgo) e a
Cooperativa Agropecuária Mista dos Produtores Rurais de Silvânia (Coopersil)
assinaram um contrato que pode gerar uma receita bruta de R$ 321 mil para a
cooperativa de Bela Vista e de R$ 564 mil para a cooperativa de Silvânia. Na
prática, a Coopersil vai entregar o leite in natura para a CooperBelgo
industrializar, pagando um valor menor do que o praticado no mercado pela
industrialização. Em contrapartida, a CooperBelgo vai compartilhar sua planta
industrial com a Coopersil.
As duas cooperativas goianas são do mesmo ramo e participam do Programa de
Aquisição de Alimentos do Estado de Goiás. O PAA Leite Goiás é uma iniciativa
pública que busca fortalecer o setor produtivo. Uma das exigências para o
produtor da agricultura familiar participar do programa é que a comercialização
deve ser realizada diretamente para o consumidor, por isso precisa passar
necessariamente pelo processo de pasteurização.
Para atender as regras, a CooperBelgo vai industrializar o leite da Coopersil no
valor de R$ 1,90, entregando aproximadamente 169 mil litros de leite para o
programa estadual. Por meio do PAA, o leite adquirido dos produtores goianos é
beneficiado e distribuído gratuitamente às unidades recebedoras e consumidores
em situação de insegurança alimentar e nutricional.
2 de 2 Cooperativa de Bela Vista tem sua própria indústria de pasteurização de
leite — Foto: Acervo
Cooperativa de Bela Vista tem sua própria indústria de pasteurização de leite —
Foto: Acervo
Pontapé
Com essa necessidade, surgiu o projeto de intercooperação entre as duas coops da
região Central do Estado, com total apoio das equipes do SESCOOP/GO e OCB/GO,
mostrando que as cooperativas podem trabalhar juntas para gerar receitas e
sobras. “Essa participação no PAA Leite Estadual é possível para todas as
cooperativas com CAF ativa, porém as cooperativas registradas no Sistema OCB/GO
têm mais sucesso por receberem acompanhamento e suporte técnico para acessarem o
programa”, explica o analista de Desenvolvimento de Cooperativas Welison
Portugal.
Após o surgimento e a atuação de cooperativas maiores que reúnem negócios do
mesmo ramo agro, como a Centroleite e a Central Rede, algumas já se uniram com
objetivo de promover ações de intercooperação. “Assim, pequenas e grandes
cooperativas começaram a entender a necessidade da cooperação, mas ainda não
tiveram conhecimento para a execução. O grande segredo dessa nossa
intercooperação foi a atuação do Sistema OCB/GO, que promoveu a primeira
conversa”, assegurou Caroline Paixão do Amaral, diretora Administrativa
Operacional da CooperBelgo.
“Estamos nos desafiando a viver essa ação. Eu falo desafio porque a gente
aprende muito na prática. Vamos viabilizar a usina, conseguir uma operatividade.
É uma oportunidade para crescermos e nos prepararmos para mais produções. E o
mais importante de tudo é que entendemos o quanto é importante as cooperativas
se unirem, nos tornando cada vez mais fortes e organizadas. Precisamos disso
para enfrentar os desafios do mercado e garantir retorno para nossos
cooperados”, avalia a diretora.
Ganha ganha
Presidente da Coopersil, Leandro Willian conta que a cooperativa ainda não tem
sua própria indústria de leite. Por isso, nasceu a ideia de procurar uma
cooperativa mais próxima na mesma região, que no caso foi a CooperBelgo, para
viabilizar a pasteurização. “Vamos em breve entregar nosso leite na indústria
deles para ser devolvido industrializado. Com a intercooperação, ficaremos mais
fortes e temos expectativa que essa parceria de sucesso continue”, revela.
Caroline Paixão reforça que para a CooperBelgo será muito importante esse
processo de cooperação porque a usina de pasteurização foi criada recentemente,
em 2019, mas só começou a produzir em 2020. “A cooperativa já tem 52 anos, mas a
fábrica de usina de beneficiamento tem apenas quatro anos. Ainda temos um
desafio muito grande de crescimento da produção para a viabilidade econômica do
investimento na usina”, esclarece.
Após os cooperados captarem o leite normalmente, a Coopersil levará o produto
para o processo de pasteurização na CooperBelgo. Só então a Coopersil receberá o
leite de volta, distribuindo em seguida para as ONGs e instituições cadastradas
pelo governo. “Se os nossos objetivos são comuns, se as nossas buscas são
comuns, não tem outro caminho senão essa união entre nós. O princípio da
intercooperação será uma ferramenta importantíssima para esse propósito”, ensina
Caroline.
Formação
Este ano, o SESCOOP/GO abriu um edital de seleção que vai oferecer até 30
consultorias técnicas especializadas em melhoramento genético e qualidade do
leite. O apoio será totalmente subsidiado, em parceria com o Sebrae/GO, por meio
do Convênio de Cooperação Técnica e Financeira. O projeto é voltado para
produtores rurais que integram cooperativas registradas e regulares no Sistema
OCB/GO.
Quem participar deve estar em situação regular junto ao Sistema OCB/GO, possuir
uma propriedade rural em Goiás e comprovar formalmente sua atividade leiteira
por meio de registros como CNPJ, CAF/DAP, CAEPF, entre outros. A seleção dos
participantes dentro das cooperativas será criteriosa, considerando fatores como
a necessidade de melhorias na produção, no manejo e na qualidade do leite. Além
disso, é necessário que o produtor tenha um faturamento anual de até R$ 4,8
milhões. As inscrições continuam abertas até 20 de janeiro de 2025.
Com essa ação, a Casa do Cooperativismo Goiano busca elevar a competitividade e
a sustentabilidade do setor leiteiro em Goiás, beneficiando pequenos e médios
produtores. Para o superintendente do Sistema OCB/GO, Jubrair Gomes Caiado, “a
ideia é que o apoio técnico posso promover práticas mais eficientes e
sustentáveis nas cooperativas, melhorando a qualidade genética do rebanho e do
leite”, explica.