União deve indenizar viúva de Jango em R$ 500 mil por perseguição na Ditadura Militar, decide TRF-4

União deve indenizar viúva de Jango em R$ 500 mil por exílio e perseguição durante Ditadura Militar, determina TRF-4

Em janeiro, a 4ª Vara Federal de Porto Alegre havia definido a indenização em R$ 79,2 mil. EX-primeira-dama pleiteava que a reparação fosse elevada para R$ 1 milhão, e União pedia prescrição e busca redução do valor.

Maria Thereza Goulart e João Goulart em comício da Central do Brasil, em 1964 — Foto: Arquivo Nacional

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) aumentou para R$ 500 mil a indenização que a União deverá pagar a Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, o Jango. Os valores são decorrentes de reparação por danos morais pela perseguição política sofrida durante a Ditadura Militar (1964-1985).

A decisão é de 26 de novembro, e foi tornada pública na terça-feira (17). Em janeiro, a 4ª Vara Federal de Porto Alegre havia definido a indenização em R$ 79,2 mil. Tanto a defesa de Maria Thereza Goulart quanto a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreram.

A ex-primeira-dama pleiteava que a reparação fosse elevada para R$ 1 milhão, baseado no período de 16 anos de perseguição política. A União, por sua vez, pedia a prescrição e busca redução do valor, pois considerava “excessivo e desproporcional”.

Ex-entrou em contato com a Advocacia-Geral da União (AGU), mas não teve retorno até a mais recente atualização desta reportagem.

O relator, o desembargador federal Cândido Alfredo Silva Leal Junior, sustentou que os precedentes da 3ª Turma têm, em regra, o valor de R$ 100 mil como parâmetro para reparação indenizatória para danos morais sofridos por anistiados políticos. Porém, ele avaliou como “insuficiente, diante da situação comprovada nos autos”.

“Ela sofreu também como mulher, sofreu como mãe, sendo exposta na frente dos filhos. Sofreu como esposa, porque estava sendo presa e conduzida porque era esposa de um Presidente da República”, pontuou Cândido.

A viúva de Jango relatou que teve bens e ativos saqueados após ter deixado Brasília durante o golpe de Estado, incluindo o rebanho da família, que ficava em fazendas brasileiras. O exílio também passou por dois países: Uruguai e Argentina, onde Jango faleceu em 1976.

O período no exílio também envolveu o envio dos filhos do casal para a Inglaterra durante a descoberta de um suposto plano para sequestrá-los, nos anos 1970, de acordo com relatos de Maria Thereza.

Jango foi empresário agropecuário, deputado federal, ministro do Trabalho, vice-presidente eleito por dois mandatos e, por fim, presidente da República após a renúncia de Jânio Quadros em 1961.

Assista abaixo a vídeo feito pelo RBS Notícias em 2014, quando o Brasil lembrava os 50 anos do golpe militar que depôs Jango.

Há 50 anos, Jango optava pelo exílio e ditadura era implantada no Brasil.

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Briga entre vereador e manifestante interrompe sessão em Câmara de Frederico Westphalen, RS; vídeo viraliza

Sessão é interrompida após briga entre vereador e manifestante em Câmara de cidade do RS; veja VÍDEO

Vereador Inácio Panosso Júnior (MDB), conhecido como Panossinho, e manifestante envolvido na briga registraram boletins de ocorrência sobre o caso em Frederico Westphalen. Polícia precisou ser acionada, mas ninguém foi detido.

Uma sessão da Câmara de Vereadores de Frederico Westphalen, no Norte do RS, foi interrompida nesta terça (17), após uma confusão envolvendo um vereador e um manifestante, que assistia à votação. Veja o vídeo acima.

A Brigada Militar foi acionada pela presidência da casa por volta das 21h. De acordo com a Polícia Civil, dois boletins de ocorrência foram registrados pelos dois envolvidos na briga. A sessão foi interrompida por pelo menos 30 minutos e depois retomada, com a presença da polícia. Ninguém foi detido.

Vídeos registrados por pessoas que acompanham a votação mostram a confusão entre os participantes com empurrões. A transmissão oficial da sessão, no canal da Câmara de Vereadores, também registrou o início da confusão.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, o vereador Inácio Panosso Júnior (MDB), conhecido como Panossinho, lamentou a briga e afirmou que foi “ofendido e insultado”. O parlamentar ainda diz que foi ameçado, e que seu pai foi agredido fisicamente.

“Quando meu pai, um idoso com mais de 60 anos, foi pedir para ele se acalmar, ele começou a agredir de forma verbal e, após, fisicamente. Eu saí em defesa do meu pai para apaziguar a situação”, afirma.

O manifestante supostamente envolvido na briga não foi identificado pela polícia. A briga aconteceu durante a votação do projeto de Lei N° 127, que extingue, reduz, cria e altera padrão de cargos em comissão e cargos e funções públicas no município.

O texto, de autoria do Executivo Municipal, extingue pelo menos 31 cargos comissionados para a gestão de 2025. No pleito de 2024, a chapa do atual prefeito, José Alberto Panosso (MDB), encabeçada pelo vice, João Vendrusculo (MDB), perdeu para Orlando Girardi — o candidato do PP foi eleito com 51,98% dos votos válidos.

O projeto foi aprovado pelo Legislativo pelo placar de 4 a 3.

“A Câmara de Vereadores, vem por meio deste, repudiar os fatos ocorridos durante a Sessão Ordinária desta terça-feira, 17. O Poder Legislativo abomina qualquer ato de violência verbal e não-verbal e lamenta o ocorrido nas dependências do Plenário Hilário Piovesan da Câmara Municipal. Da mesma forma, repudiamos o completo desrespeito (por parte de alguns presentes) aos trabalhos dos Vereadores, bem como é inadmissível qualquer forma de ameaça e coação à liberdade de expressão e de voto de cada membro desta Casa Legislativa. Reiteramos o compromisso com a Comunidade e a legalidade, do direito de manifestação dentro dos limites legais e o direito à Democracia. Câmara Municipal de Vereadores de Frederico Westphalen, aos dezoito dias de dezembro de 2024.”

“A Polícia Civil, por intermédio da 14ª Delegacia de Polícia Regional do Interior, informa que foram registrados dois boletins de ocorrência relacionados a uma discussão e tumulto ocorridos durante sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Frederico Westphalen, na noite de 17 de dezembro de 2024. Os registros apontam relatos de ameaça, lesão corporal leve e vias de fato envolvendo diversos participantes. O incidente teve início após desentendimentos durante o debate de um projeto de lei, resultando em agressões físicas mútuas e acusações de ameaças. Diante dos fatos, será instaurado inquérito policial, sob a presidência do Delegado de Polícia Jacson Oiliam Boni, para apuração detalhada das circunstâncias e eventuais condutas criminosas, com o objetivo de garantir a responsabilização legal dos envolvidos, conforme os princípios do devido processo legal. A Polícia Civil reforça seu compromisso com a investigação imparcial e a busca pela verdade, bem como pela manutenção da ordem pública. Informações adicionais poderão ser prestadas à medida que as investigações avançarem. Frederico Westphalen, 18 de dezembro de 2024.”

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