O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), por meio do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), denunciou nesta quarta-feira (18) 19 pessoas em seis estados por envolvimento em crimes violentos, roubo de carga, tráfico e lavagem de dinheiro. A operação que resultou na denúncia foi chamada de Ladinos e mandados foram cumpridos em estados como São Paulo, Minas Gerais, Sergipe, Bahia, Pernambuco e Alagoas. De acordo com as investigações, o grupo movimentou cerca de R$ 424 milhões entre os anos de 2018 e 2023, sendo que os envolvidos utilizavam estratagemas para ocultar a propriedade de veículos automotores de valor elevado.
A especialidade da quadrilha era o roubo de cargas de defensivos agrícolas, produtos esses utilizados no combate a elementos prejudiciais à agricultura, como insetos e pragas. As empresas envolvidas no esquema, localizadas em Minas Gerais, eram responsáveis pela distribuição do produto roubado. Ao todo, foram expedidos 19 mandados de prisão temporária e 21 de busca e apreensão, além do bloqueio de R$ 380 milhões em bens e valores ligados aos investigados. Dentre o material apreendido estavam dinheiro em espécie, cartões bancários, veículos, armas, munições, relógios, celulares e correntes, todos aparentemente feitos de ouro.
A investigação teve início em 2022, quando a Polícia Federal descobriu que o líder da organização criminosa, também suspeito de homicídios em Sergipe e Ribeirão Preto, estava morando em um condomínio de luxo em Campinas. Após diligências, o líder da quadrilha foi preso em junho de 2022. De acordo com as autoridades, a quadrilha atuava em várias regiões do país, principalmente nos estados do Sudeste e Nordeste. A organização criminosa movimentava centenas de milhões de reais por meio de empresas de fachada, identidades falsas, laranjas e movimentações financeiras fracionadas para ocultar os ganhos provenientes dos diversos crimes cometidos.
A Polícia Federal conduziu a investigação, que resultou na identificação de dois núcleos da quadrilha: o primeiro focado em crimes violentos, como homicídios e roubos de cargas e instituições financeiras, principalmente na região de Campinas, e o segundo voltado para tráfico de drogas, receptação e lavagem de capitais. A operação Ladinos recebeu esse nome em referência à habilidade dos investigados em desenvolver um sistema complexo para ocultar os rendimentos gerados pelas atividades criminosas. No total, foram cumpridos mandados em diversas cidades, com destaque para Campinas, Americana, Guarujá, Votorantim, São Paulo, Carapicuíba, Valparaíso, Praia Grande, Carmo do Paranaíba, Patos de Minas, Aracaju, São Cristóvão, Itabaiana, Paulo Afonso, São Lourenço da Mata, e Arapiraca.
A ação da Polícia Federal reforça o combate aos crimes violentos, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e demais atividades ilícitas realizadas pela quadrilha desmantelada. A operação Ladinos demonstra a atuação firme das autoridades no enfrentamento e desarticulação de organizações criminosas que atuam em larga escala em diferentes estados brasileiros. Com a denúncia do MP-SP e o trabalho integrado das forças de segurança, mais um importante passo foi dado no sentido de garantir a segurança e justiça para a população.