Durante a história política do Brasil, diversos presidentes tiveram que lidar com a complexidade do cenário político, fazendo uso de diferentes estratégias para governar. Se por um lado, Getúlio Vargas governou como ditador, sem ser particularmente carismático, mas com poder militar ao seu lado, por outro lado, líderes como Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Lula se destacaram por suas habilidades de negociação e retórica, cada um enfrentando desafios únicos em suas gestões.
Apesar de questões como o escândalo do mensalão do PT e o Petrolão terem marcado os governos de Lula, é inegável que o ex-presidente teve que “botar a mão na lama” para conseguir governar em um ambiente político complexo. A expressão, atribuída a Fernando Henrique, ilustra a necessidade de lidar com setores políticos corruptos dentro da base de apoio, o que, segundo o ex-presidente, é parte do jogo político brasileiro.
Fernando Henrique também enfatizou a importância de entender e lidar com as nuances da política brasileira, sem se preocupar com falsos moralismos. Para ele, era preciso contar com o que estava disponível, mesmo que isso significasse envolver-se em situações controversas. Lula, por sua vez, enfrentou desafios semelhantes durante seus mandatos, o que culminou em consequências severas como a prisão devido ao envolvimento em esquemas de corrupção.
A relação de Lula com o establishment sempre foi complexa, com a proteção de um lado e a hostilidade do outro. Mesmo após o escândalo do mensalão e do Petrolão, Lula conseguiu retornar à política e ser eleito novamente em 2022, em parte devido à insatisfação popular com o governo de Bolsonaro. No entanto, a esperança do establishment é que a esquerda possa ser derrotada em futuras eleições, seja por meio de um novo líder de direita ou de uma mudança significativa na política nacional.
No meio de todo esse contexto político, o Congresso sempre desempenhou um papel crucial. Em 1993, Lula fez uma polêmica declaração sobre “300 picaretas”, sendo posteriormente contextualizada como uma crítica às práticas fisiologistas de parte dos parlamentares. Enfrentando um Congresso exigente e multifacetado, os presidentes precisam negociar e dialogar com diferentes interesses, em uma dinâmica política que muitas vezes desafia até mesmo os mais experientes líderes.