O Banco Central (BC) realizou na segunda-feira, 16 de dezembro, a maior intervenção no mercado cambial à vista desde 2020, vendendo US$ 1,6275 bilhão em um leilão extraordinário. Essa operação foi uma resposta à escalada do dólar, que chegou a ser cotado a R$ 6,10, recuando para R$ 6,03 após a intervenção.
Além disso, o BC ofertou US$ 3 bilhões em um leilão de linha, uma modalidade com compromisso de recompra prevista para março de 2025. Essa ação permitiu ao BC oferecer liquidez ao mercado no curto prazo sem reduzir permanentemente as reservas internacionais do país.
A alta do dólar é resultado da combinação de um cenário internacional de valorização da moeda americana e incertezas fiscais no Brasil. Nas últimas semanas, o BC intensificou as intervenções no câmbio, realizando quatro operações extraordinárias em menos de uma semana.
Na sexta-feira, 13 de dezembro, a autarquia já havia vendido US$ 845 milhões em um leilão à vista. O leilão desta segunda-feira marcou a maior injeção de dólares em uma única operação desde março de 2020, quando foram vendidos US$ 2 bilhões.
As intervenções do BC buscam reduzir a volatilidade e corrigir disfuncionalidades no mercado, seguindo a lógica de oferta e demanda. O movimento ocorre em um contexto de elevação da taxa básica de juros (Selic), definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).
Na última semana, a Selic foi ajustada para 12,25% ao ano, com previsão de novos aumentos em 2025, que podem levar a taxa ao mesmo patamar registrado durante a crise fiscal de 2015-2016.
Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra os juros altos também contribuíram para aumentar as taxas futuras e intensificar a volatilidade cambial.
O Banco Central, sob a liderança de Gabriel Galípolo a partir de 2025, reforçou que atua no câmbio apenas em situações de disfuncionalidade, evitando intervenções regulares para sustentar artificialmente a cotação do dólar.