‘Caça Tempestades’: série exibida na TV aberta retrata cotidiano de temporais na Amazônia
Com dois episódios, produção brasileira será exibida na primeira quinzena de janeiro, no Fantástico (TV Globo).
Apresentada pelo jornalista Ernesto Paglia, série mostra temporais da região amazônica — Foto: Aline Branca
Poucas pessoas sabem, mas o Brasil é o país com maior incidência de raios em todo o planeta. Por ano, são quase 78 milhões de descargas elétricas registradas no território, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Liderando o número absoluto de raios, está a região amazônica, onde o clima quente e úmido predominante na região acaba favorecendo a formação de tempestades elétricas. O local ideal para quem deseja ver grandes tempestades e registrá-las em tempo real.
Essa é a ideia da série “Caça Tempestades”, dirigida pela cineasta especialista em meio ambiente Iara Cardoso e produzida pelo fotógrafo de natureza Ricardo Martins, junto ao Grupo Storm. A estreia ocorrerá no dia 5 de janeiro, no Fantástico, programa da TV Globo. Com dois episódios, a série tem seu encerramento no domingo seguinte, 12 de janeiro.
Apresentada pelo repórter Ernesto Paglia e pelo cientista Osmar Pinto Junior, a série retrata o cotidiano dos temporais na região e como eles afetam a população e a biodiversidade local. Para as gravações, a equipe permaneceu cerca de 30 dias na floresta.
Os especialistas voltaram a se reunir 11 anos após o lançamento de “País dos Raios”, série inspirada pelo livro “Brasil, que raio de história”, também exibida no Fantástico. Nela, eles viajam pelo país explorando mitos, fatos e casos de acidentes envolvendo raios.
“Em geral, em um dia de chuva você não pode filmar e aí você tem que ter um plano B, fazer outra coisa por conta da chuva. E agora é o oposto, né? A gente tá atrás das tempestades”, conta a cineasta. A produção também será exibida no canal History, em outubro de 2025.
Entre os fenômenos que serão mostrados, está a existência dos super-raios – descargas atmosféricas extremamente poderosas, com uma intensidade muito maior que a dos raios comuns.
Observando as tempestades, Ricardo também pôde ver como a fauna se relaciona com o clima. “Os macacos bugio fazem uma gritaria quando a tempestade está chegando, então antes de ter muitos raios tem esse som marcante na mata”, completa.
Além dos primatas, as aves aumentam sua movimentação pelos céus, enquanto os mamíferos vão procurando tocas e outros locais seguros para se esconder. “Quando você aprende tudo isso, você compreende esse mundo, aquilo se abre demais e você começa a realmente a falar a língua da floresta”, afirma ele.
Para ela, estar em contato com a natureza é perceber que tudo está em equilíbrio. Por outro lado, as marcas humanas na floresta acabam perturbando a ordem natural: áreas desmatadas, aumento nos eventos climáticos extremos, ilhas de calor. “As mudanças climáticas já são uma realidade. A gente já tá vivenciando tudo isso no Brasil e no mundo”, ressalta.
O tema deverá ser abordado na série, sendo contextualizado com dados mais recentes de monitoramento desses eventos. A produção também deverá trazer a relação dos povos indígenas da Amazônia com a floresta, mostrando que é possível conciliar as vivências dos seres humanos com outros seres vivos, de forma equilibrada.
Filha de ambientalistas, Iara une sua herança familiar às formações em cinema, narrativas de ficção científica e jornalismo científico para dirigir, escrever e produzir séries e filmes voltados para questões ambientais e as mudanças climáticas.
Em 2023, conquistou reconhecimento internacional com o documentário “A Era dos Humanos”, lançado no Cinemark, com exibição no Globoplay e no Amazon Prime Video.
Ricardo Martins, por sua vez, é um dos principais fotógrafos de natureza do Brasil. Autor de 14 livros, incluindo “A Riqueza de um Vale”, premiado com o Jabuti em 2012. Também é conhecido por suas séries televisivas sobre os bastidores de expedições pelo Pantanal, Amazônia e outros destinos.