Influenciador terá que provar inocência em ‘caça ao tesouro’ que causou danos ao patrimônio em MG

Influenciador que promoveu ‘caça ao tesouro’ que terminou em depredação em MG deverá provar que não causou danos ao patrimônio

A decisão da Justiça contra César Rincon foi divulgada após pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A “caça ao tesouro” ocorreu em novembro de 2023, em Paracatu, no Noroeste de Minas.

O Diário do Estado obteve na Justiça o provimento de um recurso para reconhecer a inversão do ônus da prova na ação de defesa do patrimônio cultural de Paracatu, no Noroeste de Minas, depredado em 2023 por uma “caça ao tesouro” promovida pelo influenciador César Rincon.

Com a decisão, o influenciador terá que demonstrar que não causou danos ao patrimônio da cidade.

O Diário do Estado tenta contato com a defesa de César Rincon.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO E CULTURAL

As apurações apontaram que, na ocasião, ele divulgou que escondeu alguns chaveiros em praças públicas locais e que quem achasse os objetos ganharia prêmios de R$ 5 mil. A iniciativa mobilizou uma multidão, o que gerou danos ao patrimônio público, histórico e riscos para os presentes.

Conforme o MPMG, as praças do Santana, da Matriz e do Rosário, locais anunciados pelo influenciador, estão inseridas no perímetro tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Município de Paracatu.

Segundo a ação, o local faz parte de um relevante conjunto arquitetônico e artístico. Na ocasião, o MPMG acionou as polícias Civil e Militar, Secretaria de Cultura e Defesa Civil.

FALTA DE AUTORIZAÇÃO

Ainda de acordo com as apurações, o homem não pediu autorização para realização do evento, nem comunicou previamente a Polícia Militar. “Os danos só não foram piores porque aparentemente as chaves foram encontradas rapidamente”, apontou o MPMG no recurso.

Na sequência, ele passou a usar as redes sociais para minimizar o feito, se eximir de qualquer responsabilidade, ridicularizar o patrimônio cultural e insuflar a população contra o Poder Público. “Além disso, a conduta antijurídica do réu gerou lucro para ele, uma vez que a visibilidade gerada com a ação lhe garantiu mais seguidores, visualizações, engajamento e menções na mídia social”, defendeu o MPMG.

AÇÃO JUDICIAL E RECURSO

Após apurar os fatos, o Ministério Público ajuizou ação para buscar a adoção de medidas para resguardar a integridade do patrimônio cultural de Paracatu e pedir a responsabilização cível de César Rincon pelos danos causados.

Entre os pedidos, o MPMG requereu a inversão do ônus da prova, o que não foi deferido. O ministério, então, recorreu, e a Justiça concedeu efeito suspensivo para determinar a imediata inversão do ônus da prova, de forma que o influenciador tenha que comprovar a inexistência dos danos causados ao patrimônio do município.

RELEMBRE

Por volta das 18h de 7 de novembro de 2023, César publicou no Instagram um mapa da cidade, que apontava três pontos. Nos locais indicados estariam as chaves premiadas. Em menos de duas horas, as ruas de Paracatu foram tomadas por inúmeros interessados no prêmio em dinheiro.

Pouco tempo depois, o perfil do influenciador divulgou uma foto da igreja da Praça do Santana, dizendo que um dos tesouros estaria lá. A informação fez com que a multidão se deslocasse para o local.

Ao Diário do Estado, César Rincón afirmou à época que o intuito não foi promover nenhuma confusão, mas que o objetivo era retribuir, em forma de agradecimento, tudo o que Paracatu o proporcionou.

O influenciador disse, ainda, que assumiria total responsabilidade e arcaria com qualquer prejuízo que seja constatado pelas investigações da Polícia Civil. “Se tiver havido vandalismo, com toda certeza devo pagar a multa”, disse.

O influenciador foi multado em R$ 7.500 pelos danos ao patrimônio público e tombado da cidade. A infração foi aplicada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e César teve 20 dias para pagar o valor ou apresentar defesa ao órgão ambiental.

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Estudo aponta potencial da cafeicultura para sequestro de carbono por 15 anos

Cafeicultura tem potencial para sequestrar carbono por 15 anos, aponta estudo

Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) analisou propriedades de café no Sul de Minas e revelou que a cafeicultura tem a capacidade de reter carbono no solo por até 15 anos. Os pesquisadores também investigaram as práticas adotadas pelos cafeicultores da região para promover o sequestro de carbono.

A pesquisa consistiu na coleta de 300 amostras de solo em cinco propriedades cafeicultoras de médio porte no Sul de Minas, conforme relatou a pesquisadora Renata Gonçalves. A região foi selecionada devido à sua tradição na produção de café, o que proporcionou dados sólidos para o estudo.

De acordo com o engenheiro-agrônomo João Paulo da Silva, o sequestro de carbono é essencial para reduzir a intensidade do efeito estufa, pois consiste na remoção de carbono da atmosfera por meio da fotossíntese, o que contribui para diminuir a retenção de calor na atmosfera e, assim, mitigar os impactos do aquecimento global.

O estudo constatou que a cafeicultura é capaz de sequestrar carbono ao longo de 15 anos. Segundo João Paulo da Silva, pesquisador da Unicamp, esse processo assemelha-se ao observado em florestas, onde as plantas removem carbono da atmosfera por meio da fotossíntese durante seu crescimento.

Porém, após esse período, o armazenamento de carbono tende a diminuir. Nesse sentido, o pesquisador enfatiza a importância de adotar práticas sustentáveis, como a não utilização de adubos nitrogenados sintéticos, que podem gerar óxido nitroso, um gás poluente com alto potencial de aquecimento global.

Outra observação feita pela pesquisadora Renata Gonçalves foi o aumento da presença de matéria orgânica no solo, como palha e folhas deixadas pelos produtores de café. Essa prática contribui significativamente para reter o carbono no solo, evitando sua emissão na atmosfera como poluente.

Para João Paulo, o sequestro de carbono na cafeicultura é um passo importante em direção a um futuro mais sustentável. No entanto, ele ressalta a necessidade de implementar ações estruturais para reduzir as emissões de gases poluentes e encontrar um equilíbrio entre o carbono estocado e o emitido.

Assim, promover o sequestro de carbono na cafeicultura não apenas beneficia o meio ambiente, mas também contribui para a construção de um setor agrícola mais sustentável e consciente dos impactos ambientais. Portanto, é fundamental que os cafeicultores adotem práticas que favoreçam a retenção e o armazenamento de carbono no solo, visando a preservação dos recursos naturais e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

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