Acordo histórico: governo quita dívidas do FGTS da Varig e beneficia 15 mil ex-funcionários

Varig: governo fecha acordo e garante pagamento de dívidas do FGTS

Mais de 15 mil ex-funcionários da Varig serão beneficiados após transação
intermediada pela PGFN de mais de R$ 500 milhões

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
fechou, na quinta-feira (26/12),
um acordo histórico que coloca fim às dívidas do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) da extinta Viação Aérea Rio-Grandense (Varig).

A transação foi celebrada entre a Advocacia-Geral da União (AGU),
com intermediação da Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN) e a massa falida da
Varig, que compreende o acervo de ativos após o decreto de falência.

O DE apurou que o acordo tem o valor de R$ 575 milhões e será pago à
vista, entre março e abril do ano que vem, assim que o Tesouro Nacional liberar.

Serão beneficiados diretamente mais de 15 mil ex-funcionários da Varig, Rio Sul
Linhas Aéreas e Nordeste, entre pilotos, comissários de bordo, carregadores,
agentes de operação, agentes de operação de aeroporto e outros. A maioria dos
beneficiários mora no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, sendo que alguns
familiares receberão os recursos que eram devidos a funcionários falecidos.

O pacto consensual foi encontrado após longas negociações. Para o governo, é um
marco importante para a Justiça do Trabalho e para a área de recuperação de
créditos da União. O FGTS vai cair na conta de cada trabalhador.

Segundo Anelize de Almeida, procuradora-geral da Fazenda Nacional, a transação
firmada nesta semana não tem impacto nas contas do Tesouro, mas caminha no
sentido da redução dos litígios e da justiça fiscal.

“O acordo como um todo é absolutamente favorável às contas públicas, porque a
gente encerra uma discussão antiga, porque você liquida débitos, passivos que a
União tinha, porque você recebe de uma companhia falida valores consideráveis”,
explicou Anelize à reportagem.

Ela argumentou que os beneficiários são trabalhadores que não tinham mais
expectativa de recuperar esse dinheiro. “É um valor devido a eles por meio de
uma política pública que é uma política fazendária, mas que resulta em impacto
social imenso.”

DESDOBRAMENTO DE ACORDO BILIONÁRIO

A solução que garantirá o pagamento de FGTS aos ex-funcionários da Varig é um
desdobramento de outro acordo, celebrado em março de 2024, que determinou o
pagamento de R$ 4,7 bilhões pela União à massa falida da Varig.

Esse valor foi fixado a título de indenização pelos prejuízos causados pela
política tarifária instituída no país entre 1985 e 1992, durante o Plano
Cruzado, que resultou no congelamento de preços de passagens aéreas. A União estava sendo acusada,
na ação de falência da Varig e em uma ação civil pública ajuizada pelo sindicato
dos aeroviários, de ser responsável pela situação financeira deficitária da
companhia aérea, em razão da política tarifária dos anos 1980.

José Roberto da Cunha Peixoto, da Câmara de Mediação, afirmou que, após o
acordo, a União conseguiu uma economia potencialmente entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2
bilhões que ficaram para os cofres públicos para aplicar em outras políticas
públicas.

Parte do total de R$ 4,7 bilhões, estimada em cerca de R$ 2 bilhões, é referente
à dívida com o Aerus, o instituto de seguridade social dos profissionais da
aviação civil, como garantia da ação judicial movida pelo Sindicato Nacional dos
Aeronautas e pela Associação dos Aposentados e Pensionistas da Transbrasil
contra a União. As entidades acusam a União de ter falhado na fiscalização do
plano de previdência.

Firmado após três anos de mediação conduzida pela Câmara de Mediação e
Conciliação da Administração Pública Federal da AGU, o acordo pôs fim a um
litígio judicial que já durava 30 anos e assegurou o pagamento de dívidas
trabalhistas — excetuando-se as do FGTS — que a empresa tinha com os mais de 15
mil ex-empregados.

Os mais de R$ 500 milhões do FGTS devidos pela companhia serão pagos ao longo de
2025. A Justiça Federal do Distrito Federal expediu os correspondentes
precatórios judiciais (requisições de pagamento expedidas pelo Judiciário).

A mediação que deu origem a essa solução consensual chegou à Câmara de Mediação
da AGU em maio de 2021, por requerimento da administradora da massa falida da
Varig. Após a celebração do acordo, no início de 2024, a PGFN conduziu as
negociações sobre o pagamento dos débitos do FGTS dos antigos funcionários da
companhia, concluídas agora.

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“Rainha do Pó”: PF busca traficante há mais de 10 anos, mandado revogado pelo STJ em 2021″

Quem é a “Rainha do Pó”, na mira da PF há mais de 10 anos

Karine Campos está foragida desde 2021 e teve mandado de prisão revogado após decisão do Superior Tribunal de Justiça

Apontada como a maior exportadora de cocaína por meio do Porto de Santos, Karine Campos foi apelidada por investigadores de “Rainha do Pó” e acumula uma série de investigações e processos.

A traficante teve um mandado de prisão contra si revogado pela Justiça Federal de Santos por ordem do ministro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça.

O ministro anulou, e a quinta turma do STJ referendou, uma ação de busca de busca apreensão realizada na operação Alba Vírus, que mirou o grupo criminoso liderado por Karine Campos.

De acordo com o ministro, a busca realizada em uma imobiliária em Balneário Camboriú (SC) foi irregular. Além de anular os efeitos da busca e proibir o uso do material coletado, o ministro mandou cancelar o mandado de prisão até o fim do processo.

Ela está foragida desde 2021, quando o STJ a colocou em prisão domiciliar por causa dos dois filhos menores que, segundo a decisão, necessitavam da presença da mãe. Karine Campos, no entanto, está na mira da Justiça e de operações policiais há mais de 10 anos.

A primeira vez que apareceu como alvo de uma investigação foi em 2011. Ela foi alvo da operação Maia, da Polícia Civil da Bahia. No mesmo estado, em 2014, a Rainha do Pó apareceu como uma das investigadas na operação Twister, da Polícia Federal.

Em 2019, a PF novamente mirou a traficante na operação Alba Branca, cujo mandado de prisão foi revogado pelo STJ. Na investigação, ela apareceu como líder da organização criminosa responsável pela exportação de mais de 6 toneladas de cocaína pelo porto de Santos para países da Europa.

Os investigadores conseguiram mapear à época que o grupo liderado por Karine Campos arrecadou quase R$ 1 bilhão com o tráfico internacional por via marítima. A atuação do grupo, segundo a decisão que ordenou a prisão da traficante, rendeu casas, fazenda, joias e veículos de luxo para a Rainha do Pó. Foram apreendidos nas buscas realizadas pela PF R$ 1,7 milhão em joias e o registro de uma fazenda comprada por R$ 12 milhões. “Importa destacar que, pelas informações obtidas, os contêineres contaminados com a cocaína não eram embarcados somente pelo porto de Santos (SP), mas também por Navegantes (SC), Paranaguá (PR) e possivelmente outros, inclusive no Nordeste. Desse modo, é possível concluir que a organização criminosa possuía galpões em mais de um Estado da Federação”, diz a sentença que condenou a traficante.

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