Câmara dos Deputados responde polêmica sobre emendas de comissão: o que diz Flávio Dino e o STF

A Câmara dos Deputados respondeu, na noite desta sexta (27/12), questões apresentadas por Dino quanto à indicação de emendas de comissão. A resposta da Casa Baixa ao Supremo Tribunal Federal (STF) não foi completa, pois as atas que identificam os verdadeiros “padrinhos” das emendas de comissão não foram enviadas, conforme solicitado por Flávio Dino para esclarecimentos em relação às indicações das RP 8.

Dino indagou se todas as 5.449 emendas listadas em ofício encaminhado ao Executivo foram realmente aprovadas pelas comissões. A Câmara evitou responder diretamente a essa pergunta e se esquivou do questionamento feito pelo ministro. Em um trecho de sua manifestação, a Casa afirmou que, até 25 de novembro de 2024, não havia previsão de que as indicações das emendas de comissão precisassem ser votadas pelos respectivos colegiados.

Antes do prazo final estabelecido por Dino para a Câmara dos Deputados responder de forma objetiva a quatro tópicos, o ministro determinou que a Casa Baixa fornecesse informações essenciais para que a execução desse segmento do orçamento da União pudesse ser retomada. O prazo estipulado para a resposta encerrava às 20h da sexta-feira.

Dino também exigiu que a Câmara remetesse ao STF as atas que comprovassem a aprovação das indicações ou especificações das emendas de comissão. As 5.449 emendas citadas precisaram ser suspensas, somando um total de R$ 4,2 bilhões do orçamento da União, após a determinação do ministro no início da semana.

A polêmica envolvendo o “apadrinhamento” de emendas de comissão por líderes partidários e uma possível manobra para contornar as determinações do STF levou à suspensão das indicações. A falta de transparência tornava difícil identificar os reais autores dessas indicações orçamentárias.

Arthur Lira, presidente da Câmara, afirmou que todas as ações relacionadas à execução das emendas de comissão seguiram leis e critérios acordados entre Executivo e Legislativo, bem como com o Judiciário, obedecendo os trâmites legais internos. A suspensão das atividades das comissões permanentes também gerou controvérsia, com acusações de manipulação do regimento da Casa.

Apesar da crise entre os Poderes intensificada pela decisão de Flávio Dino, a AGU não indicou a intenção de recorrer da determinação, diferente do que ocorreu em ocasiões anteriores. A polêmica em torno das emendas de comissão continua a gerar debates e tensões entre os órgãos governamentais.

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Regularização de Territórios Quilombolas: 31 Decretos em 2024 para Proteção Cultural e Social.

O governo regularizou 31 territórios quilombolas em todo o ano de 2024, consolidando a regularização de mais de 138 mil hectares e beneficiando diretamente 5.401 famílias. Para reafirmar a autonomia e a preservação cultural dos povos quilombolas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) aprovaram ao longo do ano 31 decretos, garantindo a titulação de terras de comunidades quilombolas. Os atos vão além da simples legalização das terras, significando um renascimento do compromisso com a justiça social, equidade e o reconhecimento das demandas históricas dessas populações.

Mônica Borges, diretora de Territórios Quilombolas do INCRA, afirmou que foi necessário realizar a atualização de todos os processos administrativos que estavam aptos à edição dos decretos de interesse social. O INCRA formou uma força-tarefa com servidores públicos nas Superintendências Regionais para garantir que as análises necessárias fossem feitas. A aprovação dos 31 decretos em 2024 consolida a regularização de mais de 138 mil hectares, beneficiando diretamente 5.401 famílias, porém, o caminho não foi livre de desafios. Isabela Cruz, diretora do Departamento de Reconhecimento, Proteção de Territórios Tradicionais e Etnodesenvolvimento do MDA, explica que, dentre as dificuldades enfrentadas, estão o racismo estrutural e as disputas políticas no processo de regularização.

Em 2023, a retomada da política de regularização dos territórios quilombolas encontrou um cenário devastado pelos desmontes ocorridos no governo anterior. Muitas coisas precisaram ser refeitas. Isabela ressalta a importância de iniciar 2025 com a certeza de que o tempo é curto e que é fundamental estar ainda mais alinhados e fortalecidos para continuar esse trabalho. Os decretos de interesse social em 2024 dos territórios quilombolas, como Morro Redondo, Curral de Pedra, Capão das Gamelas, Vicentes, e outros, representam um passo significativo na garantia dos direitos dessas comunidades.

Os decretos abrangem territórios em diferentes estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraíba, e outros, fortalecendo a presença e a identidade quilombola em diversas regiões do país. As titulações representam não apenas a regularização de terras, mas também a preservação da cultura e da história dessas populações. O reconhecimento oficial desses territórios é fundamental para garantir o acesso a políticas públicas, recursos e desenvolvimento sustentável para as comunidades quilombolas. O trabalho realizado em 2024 é um marco na luta pela garantia dos direitos e da dignidade desses povos historicamente marginalizados.

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