Dois Avá-Guarani baleados em conflito no Paraná seguem internados

Dois de quatro indígenas baleados em conflito no Paraná continuam internados, um
deles na UTI

Povo Avá-Guarani diz ter sido atacado em emboscada na sexta-feira (3). Criança
ferida no conflito foi atendida e liberada. Polícia Federal investiga o caso.

Dois dos quatro indígenas Avá-Guarani baleados em um ataque em uma área de
disputa de terras no Paraná continuam internados, um deles em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), informou a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná nesta segunda-feira (6). Relembre ataque no vídeo acima.

O homem internado na UTI tem 28 anos e o outro 25 anos, segundo a Sesa.

O caso foi registrado em Guaíra, no oeste do Paraná, fronteira do Brasil com o Paraguai, na noite de sexta-feira (3). A comunidade está localizada a 5km do centro da cidade e da sede da Polícia Federal (PF), que investiga, em especial autoria do ataque.

O DE acionou a PF nesta segunda (6) questionando sobre possíveis novidades do
caso, mas não obteve retorno até a presente publicação.

A RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, apurou que uma criança de 7 anos, um
adolescente de 14 anos que também foram atingidos e levadas para o Hospital Bom Jesus de Toledo, foram liberados no sábado (4) e
não correm risco de vida.

Associações e comissões dos povos indígenas repudiam ataques

Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Comissão Guarani
Yvyrupa (CGY), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul do Brasil (ARPINSul), a
Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (ARPINSudeste) e o Conselho
Indigenista Missionário (CIMI) demonstraram indignação e repúdio aos ataques.

O DE, a CGY, a Arpin Sul, a Articulação Arpin Sudeste e o Cimi vêm
denunciando recorrentemente estes graves acontecimentos criminosos, mas a
atuação do governo federal é absolutamente ineficiente, quando não inerte; de
fato, o governo parece acovardado […].Basta de covardia”, afirmaram.

Vilma Vera, da Comissão da Mulher Indígena da aldeia Yvy Okaju, disse que o
grupo tem pedido ajuda ao Governo Federal.

O conflito por demarcação de terra na região oeste do Paraná é histórico.

Indígenas reivindicam novos lugares porque, durante a construção da Usina de
Itaipu, que iniciou em 1975, muitas áreas rurais das duas cidades ficaram
alagadas e as áreas ocupadas seriam de terras que não passaram por processo de
demarcação.

Do outro lado, agricultores afirmam ter direito à área em disputa.

O DE autoriza atuação da Força Nacional de Segurança em Guaíra

A Força Nacional faz segurança em área de conflito onde quatro ficaram feridos.

Quatro indígenas ficam feridos após novo conflito em Guaíra
Novo conflito entre indígenas e agricultores deixa feridos em área de disputa

O Ministério dos Povos Indígenas afirmou que está em diálogo com o Ministério da
Justiça para a investigação imediata dos grupos armados que atuam na região.

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Racha entre aldeias Kaingang: Conflito após eleição de cacique deixa 200 desabrigados no Paraná

Racha entre aldeias após eleição de cacique: entenda confronto entre Kaingangs
que deixou feridos e 200 desabrigados no Paraná

Membros de duas aldeias que viviam em uma só comunidade até 2024 entraram em
conflito em 2025. Briga generalizada teve casas incendiadas e espancamentos.
Reuniões não chegaram a acordos.

Aldeias que brigaram no PR não chegam a um acordo e mais de 200 indígenas seguem
desabriga.

As aldeias indígenas da etnia Kaingang que entraram em um confronto que terminou
com feridos e mais de 200 pessoas desabrigadas
viviam em uma só comunidade até 2024, quando se dividiram.

O “racha” aconteceu no início daquele ano, após divergências durante a eleição
pelo novo cacique da região central do Paraná.

As informações constam nas atas das reuniões que foram realizadas com
representantes das aldeias após a briga
– quando pelo menos sete vítimas tiveram ferimentos graves e 60 casas foram
queimadas. Os encontros foram mediados por instituições, mas não chegaram a
nenhum acordo. Saiba mais abaixo.

“Foi relatado que o conflito vem acontecendo devido às famílias que estão
ocupando o povoamento de Campina não aceitarem a eleição do cacique Domingos, da
terra indígena de Ivaí”, aponta um dos documentos.

Segundo informações apuradas pela RPC, os grupos viviam em conjunto em um
território na cidade de Manoel Ribas, chamado de
“aldeia Ivaí”, até fevereiro de 2024, quando houve uma nova eleição para
cacique.

“A eleição foi motivada por um grupo de oposição ao atual Cacique Domigues.
Porém, esse grupo perdeu a eleição e foi mantido o Cacique Domingues.
Insatisfeitos, eles se negaram a permanecer na aldeia Ivaí e iniciaram uma
nova aldeia a uns 8 km da aldeia principal, que passaram a chamar de ‘aldeia
da Serrinha'”, detalhou uma fonte que prefere não ser identificada.

As informações também apontam que a nova aldeia se instalou no território da
cidade vizinha de Pitanga e passou a ser liderada por um novo cacique.

“De lá pra cá, começaram os conflitos”, relata a fonte.

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REUNIÕES TERMINARAM SEM ACORDOS E INDÍGENAS CONTINUAM DESABRIGADOS

Cerca de 60 casas foram queimadas no conflito — Foto: Polícia Militar

O conflito aconteceu na madrugada de sábado (6). Relembre detalhes mais abaixo.

Na terça-feira (7) duas reuniões foram realizadas – uma em cada aldeia. Elas
reuniram representantes dos grupos indígenas, do Conselho Estadual dos Povos
Indígenas, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), prefeituras
municipais da região, entre outros.

Segundo as atas, não se chegou a nenhum acordo porque nenhum dos lados cedeu.

O vice-presidente do Conselho Estadual dos Povos Indígenas, cacique Miguel
Alves, explica que os indígenas da Ivaí não concordam que a comunidade da
Serrinha continue vivendo nas terras em que estava e, por outro lado, os
indígenas da Serrinha não pretendem sair do local.

Com isso, 242 indígenas, entre eles 35 crianças, seguem desabrigados. Eles
tiveram as casas incendiadas e estão alojados no Colégio Estadual do Campo São
João da Colina – que deve iniciar o ano letivo em 5 de fevereiro.

Em nota, a Funai disse que acompanha o caso.

“Ao ser informada sobre o conflito, a instituição entrou em contato com as
lideranças indígenas locais e acionou a Polícia Federal para que as providências
necessárias fossem adotadas. Além disso, a Funai mantém diálogo com as
comunidades indígenas e as autoridades locais para que o impasse seja
solucionado com a maior rapidez possível”, diz o texto.

RELEMBRE A BRIGA ENTRE AS ALDEIA

Briga entre aldeias termina com 200 indígenas Kaingang desabrigados e 60 casas
queimadas

De acordo com a Polícia Militar (PM-PR), a briga aconteceu na madrugada de
sábado (6). Assista ao vídeo dos estragos acima.

A corporação afirma que o conflito começou depois que indígenas da aldeia Ivaí,
da cidade de Manoel Ribas, foram de carro até o limite com a aldeia da Serrinha,
em Pitanga, para cuidar de máquinas agrícolas que estavam aplicando veneno em
uma lavoura.

No local, ainda segundo a PM, os indígenas de Ivaí foram espancados pelos
membros da aldeia rival.

O registro da PM diz, também, que após as primeiras agressões, indígenas da
aldeia Ivaí souberam da confusão e foram até o local onde começou uma briga
generalizada.

Seis pessoas ficaram gravemente feridas e foram internadas em um hospital de
Manoel Ribas. Outras pessoas tiveram ferimentos leves e foram socorridas por
equipes da Secretaria Municipal de Saúde de Pitanga.

No conflito, os indígenas que viviam na aldeia da Serrinha tiveram as casas e
veículos incendiados.

O caso está sendo investigado.

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