O Palácio do Planalto começa a receber as obras de arte restauradas nesta semana, dois anos após os ataques golpistas que danificaram diversas peças durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A cerimônia oficial de reintegração das 21 peças restauradas ao acervo do governo está marcada para quarta-feira (8), simbolizando a reconstrução das instituições democráticas. Entre as obras restauradas estão o quadro “As Mulatas”, de Di Cavalcanti, e a escultura de parede em madeira do artista Frans Krajcberg.
Além disso, o relógio Balthasar Martinot Boulle, do século XVII, que foi destruído durante os ataques, foi consertado na Suíça e será levado ao Palácio do Planalto nesta terça-feira (7). Um laboratório foi montado no Palácio da Alvorada para realizar o restauro das obras danificadas, em uma parceria com o Iphan e a Universidade Federal de Pelotas. O processo de restauração foi acompanhado por uma equipe de dez restauradores.
No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) também recebe nesta semana novas obras de arte que marcam a reconstrução da sede da Corte após os ataques que a destruíram. Uma delas é a reparação da toga da ministra aposentada Rosa Weber, cuja sala da Presidência do STF foi uma das mais afetadas. A peça “Manto da Democracia”, da artista Valéria Pena-Costa, conta com a participação de 60 mulheres e simboliza a identidade, solidariedade e força através da arte.
Outra obra apresentada no STF é uma pintura sobre tela inspirada no luto das páginas carbonizadas da Constituição Federal, idealizada por Carppio de Morais. A iniciativa busca refletir sobre a história da escravidão até os dias atuais e promover a diversidade do Brasil. Inspirados pelos sermões do Padre Antônio Vieira, os artistas Mário Jardim e Valéria Pena-Costa criaram uma obra baseada na palavra democracia, destacando sua integridade mesmo diante de ataques.
Durante o evento de entrega das obras ao STF, quatro artistas irão ressignificar materiais oriundos da destruição das instalações da Corte, como uma pedra de mármore azul com símbolos da bandeira e fragmentos de vidro, tela de dispositivo móvel e outros elementos simbólicos. As obras representam a reconstrução do prédio da Suprema Corte e a importância da democracia, sendo entregues formalmente ao ministro Fachin. A arte se torna uma forma de resistência e reconstrução diante dos episódios de vandalismo.