Macas retidas em hospitais do DF atrasam atendimento do Samu: Soluções sugeridas

Macas presas em hospitais por até 10 dias atrasam operação do Samu-DF

Falta de leitos no momento em que chega um paciente leva hospitais e UPAs a reterem as camas móveis do Samu. Especialistas sugerem soluções

Hospitais e UPAs do Distrito Federal continuam retendo macas de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-DF), mesmo após o Tribunal de Justiça (TJDFT) proibir a prática, em agosto de 2020. O costume afeta diretamente o trabalho do Samu e, consequentemente, o atendimento à população.

As unidades chegam a “prender” uma maca por mais de 10 dias em um único mês. É o caso da UPA do Núcleo Bandeirante, que, em setembro de 2024, ficou um total de 12 dias com uma cama hospitalar do Samu-DF, impedindo assim que a unidade móvel fizesse atendimentos à sociedade.

A unidade de saúde de Vicente Pires também costuma ter um índice alto de retenção de macas. Em novembro de 2024, por exemplo, foram 10 dias; em janeiro, 13; e em fevereiro, 14.

A UPA de Samambaia é mais uma unidade que ficou mais de 14 dias com, ao menos, uma maca do Samu-DF em suas dependências. O recorde foi registrado em janeiro passado.

A unidade de Ceilândia I também tem altos índices de retenção de camas hospitalares do Samu. Em setembro de 2024, foram 13 dias; em novembro, 10.

Quando não possui leitos disponíveis, a unidade de saúde precisa manter o paciente na maca aonde ele chegou. Vários hospitais e UPAs do DF tiveram mais de 10 dias de retenção por mês. Falta de leitos disponíveis é um dos causadores do problema. Reportagem reuniu gestores, servidores e deputados para levantar soluções para o problema.

Os números são da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), levantados a pedido do Metrópoles. A pasta faz um cálculo de horas por mês, como mostra o gráfico abaixo:

Em tese, a retenção acontece porque não há leitos disponíveis nas unidades de saúde no momento em que o Samu-DF leva um paciente ao local. Como, em alguns casos, o cidadão precisa continuar deitado, é necessário usar a padiola até que surja um leito.

Uma maca retida em um hospital altera o fluxo de atendimento do Samu-DF. Os profissionais têm que ficar esperando o equipamento ser liberado e, enquanto isso, ficam indisponíveis para prestar outros atendimentos. “Temos macas reservas, que não se acoplam à viatura de maneira adequada. Geralmente, nós vamos até alguma base para buscar esse equipamento substituto, mas, a depender da distância, leva no mínimo uma hora”, explica um servidor que terá a identidade preservada. “A cada duas horas, nós vamos até a unidade de saúde para ver se a maca já está liberada”, complementa.

CAUSAS

O especialista em administração hospitalar Ronny Rezende analisa as razões de o problema persistir no DF. “Trata-se de um conjunto de fatores estruturais, logísticos e de gestão, como falta de leitos e a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS) como um todo”, comenta. Para Rezende, é preciso um planejamento intersetorial. “A falta de uma gestão efetiva entre os serviços de emergência, hospitais e redes de saúde pode agravar o quadro. Embora hospitais sejam diretamente responsáveis pela liberação das macas, a retenção é uma necessidade dentro do contexto atual. Isso reflete um problema sistêmico, não uma falha individualizada”, prossegue o gestor.

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SUGESTÕES

Como medidas para correção do caso, o especialista sugere a implementação de sistemas que otimizem a ocupação e liberação de leitos; a ampliação da estrutura descentralizada de atendimento; e o aumento de leitos e equipamentos. “Utilizar ferramentas tecnológicas para priorizar casos graves e direcionar pacientes para hospitais e UPAs com maior capacidade, aumentar a estrutura de unidades menores para evitar a sobrecarga dos grandes centros clínicos e investir em infraestrutura hospitalar para suprir a demanda crescente pode ajudar”, conclui.

Já o servidor que fala à reportagem em anonimato pede, de forma direta, mais investimentos. “Quando uma unidade retém uma maca, representa, mesmo que por algumas horas, uma ambulância a menos nas ruas. A sugestão que fica é que hospitais e UPAs façam mais aquisições e manutenções de macas”, encerra.

Técnico em enfermagem e engajado em pautas relacionadas à saúde, o deputado distrital Jorge Vianna (Podemos) relembra que a retenção das macas é caso antigo. “É um problema crônico que nós temos na rede de saúde do DF”, comenta. “Já teve até ordem de prisão contra diretor de hospital porque a unidade por ele gerida não tinha local para colocar paciente. É uma coisa difícil de resolver”, reconhece. Perguntado pela reportagem sobre o que é possível fazer para acabar de vez com a questão, Vianna aposta na ampliação de prontos-socorros e, principalmente, na criação de equipes que atuem especificamente na guarda e troca de macas. “A minha sugestão é que os padioleiros fiquem ali, com as macas guardadas, apenas esperando os pacientes que vêm das viaturas do Samu e do Corpo de Bombeiros. Assim, essas camas ficariam exclusivas para fazer a substituição do paciente que acabara de chegar”, explica. “Os pacientes são internados nessas macas das ambulâncias porque, quando a viatura chega, não tem uma padiola lá na unidade de saúde. Então, é preciso haver macas específicas para este tipo de atendimento.”

O deputado relembra que, em junho de 2024, destinou R$ 1 milhão em emendas parlamentares para a compra de macas. “Elas já foram compradas, mas [as unidades] ainda continuam retendo”, relata.

O Metrópoles questionou a Secretaria de Saúde do DF, mas, até a última atualização desta reportagem, a pasta não havia se posicionado. O texto será atualizado tão logo haja uma resposta oficial.

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Prefeita de Birigui nomeia pai inelegível e parentes para 5 secretarias

Birigui: prefeita nomeia pai inelegível e parentes para 5 secretarias

A cidade DE Birigui foi cenário de polêmica após a prefeita Samantha Borini nomear parentes para um terço das secretarias municipais, incluindo seu pai, Wilson Carlos Rodrigues Borini, que teve sua candidatura cassada e foi declarado inelegível por envolvimento em um caso de compra de votos. Mesmo com essa situação, Wilson foi nomeado secretário de Governo do município. Além dele, outros familiares da prefeita e do vice-prefeito também ocupam cargos em diversas secretarias da cidade do interior de São Paulo.

Samantha Borini foi eleita em 2024, após seu pai desistir da candidatura em favor dela. Wilson Borini, que já havia sido prefeito entre 2005 e 2012, foi condenado em 2015 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por compra de votos nas eleições de 2012, o que o tornou inelegível até 2026. No entanto, mesmo com essa restrição, a família Borini segue presente na gestão pública de Birigui.

Além da nomeação de Wilson como secretário de Governo, outros familiares ocupam cargos em áreas como Assistência Social, Esportes, Meio Ambiente, Serviços Públicos, Cultura e Turismo. Essa distribuição de parentes em secretarias municipais tem gerado questionamentos, mas não configura um crime conforme decisão do Supremo Tribunal Federal. A nomeação de parentes para cargos políticos não se enquadra na Súmula Vinculante nº 13 que trata do nepotismo.

A Prefeitura de Birigui defende as nomeações, afirmando que os ocupantes dos cargos possuem qualificação técnica, experiência e capacidade comprovada para suas funções. Segundo o órgão municipal, as nomeações seguiram critérios legais e visam garantir uma equipe de governo competente para atender aos interesses da população. Assim, a gestão municipal reforça que as escolhas foram feitas em conformidade com a legalidade e visando o melhor para Birigui e sua comunidade.

Apesar das polêmicas envolvendo as nomeações de parentes para cargos na prefeitura, a gestão de Samantha Borini segue em andamento, com a prefeita buscando cumprir seu mandato da melhor forma possível. A presença de familiares em secretarias municipais continua gerando debates e questionamentos na cidade de Birigui, mas a administração municipal reitera que as escolhas foram feitas dentro dos limites legais e visando o bem-estar da população local. A situação permanece sob análise e pode seguir sendo tema de discussões no decorrer do mandato da prefeita.

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