Criado por artista, “Nós do Crochê” ensina e acolhe mulheres da Rocinha
Fundadora Daniela Vignoli destaca o poder transformador da ONG, muito mais que
um projeto social de capacitação
DE de DE DE Rio de Agora — Foto: Divulgação
DE de DE DE Rio de Agora — Foto: Divulgação
Moradora do bairro São Conrado, no Rio de Janeiro, a artista visual Daniela
Vignoli, 56 anos, tem a comunidade da Rocinha como vizinha de frente. Após uma
enxurrada na cidade, ela entendeu que não cabia olhar naquela direção e só
observar, era preciso se movimentar. A primeira ação motivou outras iniciativas
e, posteriormente, nasceu a “Nós do Crochê”, um projeto social que tem
transformado vidas desde 2019.
Ao lembrar de tudo, ela conta que a transformação não chegou apenas às mulheres
da comunidade. Público-alvo, elas recebem capacitação, com aulas de crochê,
bordado e costura criativa, além de atendimento médico/odontológico e
acolhimento, mas todas as pessoas envolvidas acabam impactadas de alguma forma.
Daí a escolha do “Nós” no nome.
“Quando comecei a me envolver, a intenção era ajudar mulheres, mas percebi que a
transformação maior foi em mim e na Heloisa. A gente começou achando que ia
ensinar e aprendeu muito mais”, conta, se referindo à procuradora aposentada
Heloisa Cyrillo, 58 anos, sua grande parceira nessa jornada e uma das
professoras na ONG.
A primeira ideia, após uma chuvarada que inundou o bairro, foi recolher
donativos para auxiliar moradores da Rocinha na limpeza de suas casas. O
condomínio virou ponto de coleta e a roda começou a girar. Ao perceber outras
necessidades, Daniela passou a receber (e distribuir) cestas básicas e deu
início à Associação de Mães Amigas da Rocinha (A.M.A.R) para arrecadações
mensais. O movimento fez com que se aproximasse de outros projetos sociais.
Quanto mais conhecia a comunidade, maior era o desejo de fazer mais. Foi quando
a artista olhou para as mulheres e teve a ideia de ensinar crochê, levando em
conta que o trabalho artesanal, além de possuir função terapêutica, é um potente
gerador de renda. O grupo já existente serviu para buscar voluntárias e tirar o
projeto “Nós do Crochê” do papel.
“Tudo mexia muito comigo. Ao mesmo tempo em que ficava feliz em ajudar, saía de
lá angustiada, com um sentimento de que podia fazer mais. Não queria ficar no
assistencialismo. Não que não fosse necessário, mas queria dar uma chance”,
explica, citando a preocupação em fazer algo que gerasse renda às mulheres.
Depois de algumas mudanças, hoje o projeto funciona na Rua Bertha Lutz, 84, loja
A, e pelo menos 150 moradoras aguardam na fila para participar. Mais do que
ensinar ofícios, a escola “Nós do Crochê” se tornou um espaço de acolhimento e
convívio social, aberto de segunda a sexta, das 10h às 19h.
Após a formação, com duração de um ano, cada aluna fica livre para seguir por
conta própria ou continuar produzindo para a ONG – as peças são vendidas na
internet ou em feiras do Rio de Janeiro, com renda revertida às artesãs e à
manutenção do projeto. Todas elas recebem orientações sobre empreendedorismo.
O próximo passo, segundo a coordenadora, é que ex-alunas se tornem professoras.
Como o projeto fornece todo o material e ainda está em busca de um patrocinador,
em breve devem iniciar as aulas para alunas pagantes, uma forma de colocar
dinheiro em caixa.
Para quem tem ou teve a oportunidade de participar, a “Nós do Crochê” tem sido
um divisor. Daniela cita uma integrante que apelidou a sacolinha na qual carrega
os fios de “sacola da dignidade”. Ela lembra também de uma senhora que chegou
tímida, de cabeça baixa, e lá se descobriu outra pessoa, cheia de sonhos e
confiança.
“Hoje são atendidas cerca de 70 mulheres, mas já impactamos a vida de mais de
250. Somos um projeto de acolhimento que vem à frente do crochê. Nosso interesse
é estar mais próximas dessas mulheres e ver como podemos ajudar não só ensinando
um ofício. Muitas delas vão lá para ter uma escuta, um olhar, um espaço de
pertencimento”, completa.
DE de DE DE de estética transforma a vida de mulheres no estado do Rio
2 de 2 Águas do DE — Foto: Divulgação
Águas do DE — Foto: Divulgação
Assim como o “Nós do Crochê”, outras iniciativas que geram empoderamento e
esperança podem ser capazes de transformar a vida de muitas mulheres – e,
consequentemente, de toda comunidade.
Com sonhos de independência financeira e uma nova perspectiva de futuro, mais de
100 mulheres da Baixada Fluminense e do Leste do estado deram um passo
importante rumo à transformação pessoal e profissional. Por meio de cursos
gratuitos oferecidos pela Águas do DE em parceria com o Senac RJ, essas alunas
se capacitaram em áreas como depilação, alongamento de cílios, maquiagem e
design de sobrancelhas, descobrindo no aprendizado uma ferramenta para mudar
suas histórias.
Na Baixada, a formatura de mais de 60 mulheres foi celebrada na sede da
concessionária em Nova Iguaçu. Para Aline Felix, gerente de Relações
Institucionais da Águas do DE, a iniciativa vai além da qualificação técnica:
“É sobre criar oportunidades que empoderam e fortalecem a autonomia, permitindo
que essas mulheres transformem suas vidas e suas comunidades.”
No Leste Fluminense, a emoção tomou conta da cerimônia realizada na base
operacional em São Gonçalo, onde 45 alunas comemoraram a conquista ao lado de
familiares e amigos. Jucilene Cardoso, que enfrentou o desafio de conciliar as
aulas com o tratamento de câncer de mama, viu no curso uma chance de recomeço:
“Foi mais do que um aprendizado técnico, foi um resgate da minha autoestima e da
minha vontade de sonhar.”
O impacto dessas iniciativas é evidente. Diogo Freitas, gerente executivo da
Águas do DE, destacou o compromisso da empresa com o desenvolvimento social:
“Queremos ser parte de histórias de superação e dignidade, indo além do
saneamento básico para oferecer oportunidades reais.”
Com 147 mulheres formadas em 10 turmas ao longo de 2023, a parceria entre a
Águas do DE e o Senac RJ reafirma que, com apoio e capacitação, transformar
vidas é possível.