“Caixinha do DE: o esquema financeiro do tráfico de drogas revelado na operação do Gaeco”

A “Caixinha do DE” bancou uma vida de luxo e mansões para os “barões do tráfico”. Segundo as investigações, a “Caixinha do DE” funciona como um modelo de franquia. A operação realizada nessa quarta-feira (15/1) pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em parceria com as polícias Civil e Militar, mirou em um esquema financeiro que abastece o tráfico de drogas do Comando Vermelho (CV), a maior facção do Rio de Janeiro. A operação, que ocorreu no Complexo do Alemão, Zona Norte da cidade, atingiu o coração financeiro do tráfico: a chamada “Caixinha do DE”.

Este fundo financeiro tem servido como suporte para as atividades da facção, não apenas nas comunidades dominadas pelo CV, mas também para garantir uma vida de luxo aos chamados “barões do tráfico”. Esses líderes, após acumular grandes somas de dinheiro, conseguem construir mansões nas favelas, com direito a academia particular e ampla área de SPA.

De acordo com as investigações, a “Caixinha do DE” funciona como um modelo de franquia. Chefes de pontos de venda de drogas, conhecidos como traficantes locais, pagam uma mensalidade para a facção em troca de privilégios como a autorização para usar a marca CV, fornecimento de entorpecentes, apoio logístico e até mesmo suporte bélico. Esses valores arrecadados têm dois destinos principais: alimentar o luxo dos traficantes de alto escalão e financiar as atividades criminosas da facção, que incluem a compra de armamentos, drogas e até o pagamento de pensões a integrantes encarcerados.

Os valores arrecadados também são usados para a expansão territorial, empréstimos para novos líderes do tráfico e suborno a agentes públicos. O Gaeco apontou que, entre 2019 e 2025, mais de R$ 21 milhões foram movimentados em mais de 4.888 operações financeiras, todas com a intenção de lavar dinheiro. A facção utiliza saques e depósitos em valores abaixo de R$ 10 mil, além de realizar transferências sucessivas para dificultar o rastreamento do fluxo de caixa. Além disso, foram identificadas “contas de passagem”, que movimentam os valores de maneira a esconder a origem do dinheiro e os beneficiários finais.

A operação revelou ainda que, desde 2019, a “Caixinha do DE” era administrada por Carlos Henrique dos Santos, conhecido como “Carlinhos Cocaína”, um dos líderes do Comando Vermelho. Embora ele tenha sido morto, a estrutura do esquema financeiro segue ativa, com seus operadores sendo alvo de mandados de prisão cumpridos em diversas localidades do Rio e até de outros estados como a Bahia e a Paraíba.

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