Afinal, é possível aumentar a imunidade? Confira 10 mitos e verdades
Apesar das soluções fáceis e “mágicas” que circulam nas redes sociais, não
existe uma única saída para garantir mais imunidade
As redes sociais têm sido povoadas por textos e vídeos com receitas milagrosas
para “aumentar” a imunidade. Preparações caseiras, shots, “gominhas” e até soro
de vitaminas prometem fazer com que você nunca mais fique doente. Mas a verdade
é que a nossa reação a agentes infecciosos é fruto de um sistema complexo — e o
caminho para ter uma saúde de ferro pode ser mais simples do que se pensa.
A imunidade de uma pessoa é definida pela capacidade de seu sistema imunológico
manter as células de defesa ativas para reconhecer e combater bactérias, vírus,
fungos, parasitas ou até mesmo células cancerígenas. Essa “habilidade” do
organismo pode ser adquirida tanto naturalmente, por exposição prévia, ou por
meio da imunização.
> “O sistema imune funciona de forma equilibrada em nosso organismo. É
> estimulado quando há riscos e essa resposta é controlada para não causar
> prejuízos. Portanto, a estimulação sem controle ou exagerada pode prejudicar a
> saúde do indivíduo”, explica a imunologista Anete Grumach, membro do
> Departamento Científico de Erros Inatos da Imunidade da Associação Brasileira
> de Alergia e Imunologia (Asbai).
Nosso sistema imune é dividido em inato — primeira linha de defesa, que inclui
barreiras como a pele e mucosas — e adaptativo, aquele que se adquire com o
tempo e exposições do indivíduo, seja por infecções ou por vacinação. Existe
também a imunidade passiva, na qual ocorre a transferência de anticorpos entre
indivíduos, como nos bebês que recebem os anticorpos da mãe durante a gestação.
Em geral, não há necessidade de se monitorar a imunidade. Manter uma boa
alimentação, fazer exercícios físicos regularmente e dormir bem já resultam
nesse equilíbrio do organismo. Eventuais problemas devem ser diagnosticados
corretamente para estabelecer um tratamento adequado.
“Pessoas que apresentem sintomas como resfriados e gripes
muito
frequentes, muito estresse, problemas gastrointestinais recorrentes, feridas que
demoram a cicatrizar, infecções frequentes ou cansaço excessivo podem ter
imunidade baixa. Nesses casos, deve-se procurar um médico para ser avaliado”,
orienta a imunologista Cristina Kokron, do Hospital Israelita Albert Einstein.
A seguir, conheça alguns dos principais mitos e verdades acerca da imunidade:
1. A SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINAS É IMPORTANTE PARA MELHORAR A IMUNIDADE
MITO. Segundo Kokron, pessoas saudáveis, que se alimentam bem e de forma
equilibrada, não precisam fazer suplementação de vitaminas – nem por
comprimidos, nem por meio de soros.
A menos, claro, que alguma deficiência seja constatada em exames. Aí, sim, a
suplementação pode ser indicada, sempre com a orientação de um profissional da
saúde e de acordo com as necessidades individuais.
Não há evidências de que o uso de altas doses de uma única vitamina ou de
suplemento polivitamínico ajude o sistema imune. Além disso, certos nutrientes
podem ser tóxicos ao organismo quando consumidos em excesso.
2. FAZER EXERCÍCIOS REGULARMENTE AJUDA O SISTEMA IMUNE
VERDADE. Estudos mostram que exercícios físicos moderados melhoram a resposta
imune, reduzindo mediadores inflamatórios, diminuindo o risco de doenças
cardiorrespiratórias e doenças crônicas metabólicas (como diabetes e obesidade).
“A atividade física moderada melhora a circulação sanguínea e linfática,
aumentando a circulação das células do sistema imune e facilitando a eliminação
de patógenos. Isso ajuda também a eliminar bactérias das vias aéreas e dos
pulmões”, observa Kokron.
Além disso, o aumento da temperatura corporal durante o exercício físico reduz o
crescimento bacteriano. Já a liberação mais lenta de hormônios do estresse reduz
o risco de contrair doenças.