Quem é Tuta, líder do PCC que teria pagado R$ 5 milhões a PMs da Rota
O então chefe do PCC nas ruas, Marcos Roberto Almeida, trabalhou anteriormente na embaixada de Moçambique em Minas Gerais
São Paulo — Tuta, então líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) fora do sistema carcerário, afirmou ter pago R$ 5 milhões aos PMs da Rota em troca de informações sigilosas sobre a Operação Sharks, do Ministério Público de São Paulo em 2020, que permitiram sua fuga.
Antes de assumir a posição na facção, o líder trabalhou como adido comercial no Consulado de Moçambique, em Minas Gerais. Marcos Roberto Almeida, mais conhecido como Tuta, recebia salário de R$ 10 mil para, agregado à embaixada do país africano, tratar de temas relevantes para o intercâmbio comercial entre Moçambique e Brasil. Desconhecendo os antecedentes criminais de Almeida, o ex-cônsul-honorário da República de Moçambique em MG, Deusdete Januário Gonçalves, descreveu o criminoso, em um processo do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), como “um homem de grande identidade, que desempenhava sua função corretamente”.
Tuta fazia voos em jatinhos. Tuta trabalhou como adido entre 2018 e 2019, com registro em carteira. De acordo com o depoimento de Deusdete proferido em fevereiro de 2024, na qual Tuta e outros três integrantes do PCC foram condenados por associação criminosa e lavagem de R$ 1 bilhão provenientes do tráfico internacional de drogas, o criminoso apresentou sua folha de antecedentes à Justiça Federal e mineira antes de ser contratado.
Assim que o ex-cônsul foi notificado a prestar depoimento no processo de lavagem de dinheiro, ele desligou o vínculo de funcionário de Tuta. Ainda segundo o depoimento, o homem se apresentava como alguém “simples”, sem ostentar nenhum tipo de riqueza. Tuta chegou à liderança do PCC em 2020, meses após ser demitido do consulado. No entanto, ele teria sido expulso da facção após enriquecer às custas da organização criminosa, em 2022. Antes disso, teria sido apontado como possível substituto imediato do líder máximo do PCC, Marcola. Investigadores acreditam que ele foi sequestrado e morto pelo tribunal do crime do PCC. Oficialmente, ele é considerado foragido.