Eu Te Explico #123: existem caminhos para que os blocos afro tenham autonomia financeira?
Participam do episódio Sandro Teles, produtor musical do Ilê Aiyê; Cláudio Araújo, presidente do Malê Debalê; e Lorena Teixeira, superintendente responsável pelo programa ‘Carnaval Ouro Negro’.
A ancestralidade, os instrumentos de percussão, as cores e a estética dos blocos afro são símbolos do carnaval de Salvador. Apesar de tradicionais, essas entidades enfrentam, ano após ano, dificuldades para participar da folia de momo. As agremiações recebem apoio financeiro do poder público, mas não é suficiente.
Nesta edição do podcast Eu Te Explico, o apresentador Fernando Sodake conversa com representantes dos blocos afro tradicionais Ilê Aiyê e Malê Debalê e com uma representante da Secretaria de Cultura da Bahia sobre desafios, importância, aporte financeiro e o trabalho realizado por essas entidades.
Afinal, é possível que os blocos afro tenham autonomia financeira e não dependam tanto de verba pública? Quais são os caminhos para isso?
Participam do episódio Sandro Teles, produtor musical do Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do Brasil e que completou 50 anos em 2024; Cláudio Araújo, presidente do Malê Debalê; e Lorena Teixeira, superintendente responsável pelo programa “Carnaval Ouro Negro”, do governo estadual, principal financiador das entidades de matrizes africanas na folia baiana.
O carnaval coloca holofotes sob essas entidades, mas o trabalho realizado por elas não se restringe à folia. Ao longo de todo o ano são mantidos projetos sociais, eventos e agendas. Tudo isso, e ainda colocar um bloco na rua, custa caro. É necessário dinheiro para arcar com os músicos, equipamentos de som, fantasias, trio elétrico, segurança, alimentação, e outras demandas essenciais.
Fernando Sodake bate um papo com Sandro Teles, do Ilê Aiyê, e Cláudio Araújo, do Malê Debalê. Sandro Teles lamentou a dificuldade e falta de diálogo que os blocos afro enfrentam também com o setor privado. No cerne desse desinteresse, na visão dos integrantes do Ilê, está o racismo.
Blocos afro são símbolos do carnaval de Salvador. A estimativa de Cláudio Araújo é de que o custo para que o Malê Debalê desfile um dia é em torno de R$850 mil reais. Se o bloco não consegue todo o valor, precisa fazer cortes. O Programa Ouro Negro, citado por Cláudio, apoia financeiramente entidades de matrizes africanas. Em 2025, o edital vai disponibilizar R$ 15 milhões para essas entidades com recursos para o carnaval.