Cartomante Madalena tira a sorte no Viaduto do Chá e revela: “Tem amor sim”

Cartomante tira a sorte de DE e garante: “Tem amor, sim”

Pernambucana conhecida como Madalena tira as cartas em mesinha improvisada no
Viaduto do Chá e diz que amor é o principal tema das consultas

Tem quem veja o vaivém das pessoas pelo Viaduto do Chá, na região central de São
Paulo, com um olhar que vai além do dia a dia. A pressa da maioria só não é unânime pela curiosidade de alguns, que tentam encontrar sentido e direção no embaralhado da vida diante da mesinha colada ao parapeito. É lá que fica a pernambucana Marilene Francisca da Silva, 59 anos, dando as cartas do destino.

Marilene Francisca da Silva, 59 anos, é a cartomante Madalena, que atende no
Viaduto do Chá – DE

Marilene vira a cartomante Madalena, o apelido pelo qual é conhecida. E adivinhem qual o principal tema das suas consultas?

> “De cada três que jogam, a conversa é amor. Amor. Que foi embora, que é para voltar, essas coisas assim. Aí, você ensina uma reza, faz aquele pensamento positivo. É aí que entra o amor. Ela fala: ‘Ah, mas ele não presta’. Daí eu digo: ‘Mas você falou direitinho com ele?’. Tudo o que faz, tem que fazer com amor, senão não dá certo.”

CHEGADA A SP AOS 15 ANOS

Foi com amor que a cartomante, nascida em Palmares (PE), se apegou a São Paulo, onde chegou aos 15 anos. Foi camelô, mudou-se do extremo da zona leste para o centro e manifesta seu afeto pela capital paulista com uma indisfarçada gratidão. “Desde que botei o pé aqui em São Paulo, nunca mais me faltou nada para comer”, diz.

Marilene Francisca da Silva, 59 anos, é a cartomante Madalena, que atende no
Viaduto do Chá – DE

Onde está esse amor todo que a mulher das cartas vê em São Paulo? “Para mim, existe. Existe na criança, no adolescente. Varia de pessoa para pessoa, mas existe. Graças a Deus, porque sem amor… quem vive sem amor? Até os bichos têm amor pelos donos. Como o ser humano não pode ter amor?”.

Marilene Francisca da Silva, 59 anos, é a cartomante Madalena, que atende no
Viaduto do Chá – DE

Tem até receita para ter amor em São Paulo, dadas as características peculiares da DE. “É preciso ter muita calma, porque aqui as pessoas andam aperreadas, muito avexadas, ainda mais nessa situação que a gente anda. Mas eu acho que, se usar a cabeça, tirando um instantinho assim para pensar, você consegue achar.”

“ATÉ EU TENHO UM AMOR”

O amor de Madalena se multiplica. “Até eu que sou velha tenho um amor, ué! É… Amor pela vida, amor por Deus, primeiramente, pelos meus filhos. Enfim, por tudo, por existir.”

Marilene Francisca da Silva, 59 anos, é a cartomante Madalena, que atende no
Viaduto do Chá – DE

A cartomante conta que já recebeu consultas de quem estava sem gosto por viver em São Paulo. “Falei: ‘Minha filha, em outro lugar vai ser pior, porque a gente está de barriga cheia, está saudável’”, afirma, de olho nas necessidades imediatas.

Madalena já aconselhou também quem odeia as milhares de pessoas que estão abandonadas pelas ruas da capital paulista, tantas que parecem à margem até da caridade.

> “Se você não puder ajudar, então fica quieto. Isso é amor, quando você tem compaixão pelo outro”, disse, dando um exemplo. “Hoje mesmo, eu ganhei uma sacola assim de lanche, um bocado de frutas. Eu comi sozinha? Não. Eu peguei e dividi com os mais necessitados.”

Marilene Francisca da Silva, 59 anos, é a cartomante Madalena, que atende no
Viaduto do Chá – DE

Para a cartomante, o avesso do amor está por fora. “O ódio não constrói nada, só destrói. Ódio adoece. Eu já vi pessoa pegar doença contagiosa por causa de ódio”, diz.

Mas a própria Madalena não tem na vida uns dias daqueles, em que volta às ruas com uma baita de uma raiva?

“Eu me zango também, porque também sou um ser humano como os outros, mas eu penso. Quem me ensinou isso foi uma madrinha que tive, desde os sete anos. Eu ia para a escola e dizia: ‘Aquele menina é chata, aquela não presta’. Aí, ela [madrinha] dizia: ‘Você conversou com ela? Deu bom dia para ela? Então você não sabe, está deduzindo’”, disse. “Eu me zango, mas daí, penso: O amor vence o ódio.”

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