O Ministério da Saúde encontrou indícios de irregularidades na marcação de consultas do Sistema Único de Saúde (SUS). A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra esse esquema de fraudes, desta vez em Queimados (RJ), após uma reportagem da coluna. As investigações indicam que o incidente decorreu do uso indevido de acessos válidos e permissões por usuários localizados no município de Queimados. Tais acessos foram prontamente bloqueados pelo administrador local do sistema. Assim que notificado, o Ministério da Saúde realizou uma análise preliminar dos dados envolvidos, identificando indícios de irregularidades.
Funcionários e ex-colaboradores da Secretaria de Saúde de Queimados marcavam centenas de consultas para eles mesmos para, posteriormente, trocar as vagas por votos. A ação foi tão grotesca que foram agendadas vasectomias para mulheres e exames de ginecologia para homens, segundo o material usado como prova. O Ministério da Saúde esclarece que não houve invasão externa ao Sistema de Regulação (Sisreg) para realizar as práticas indevidas investigadas na operação ‘Saúde Eleitoral’. Repudiamos veementemente quaisquer ações que comprometam o caráter de universalidade e equidade do Sistema Único de Saúde (SUS). O Sisreg mantém rotinas rigorosas de segurança e passa regularmente por auditorias internas.
O Ministério da Saúde também ressaltou que a operacionalização do Sisreg, incluindo a concessão de acessos aos operadores locais, é de responsabilidade das prefeituras. A área de Tecnologia do Ministério da Saúde, Datasus/Seidigi, faz o monitoramento da plataforma. O prefeito de Queimados, Glauco Kaizer (União Brasil), promoveu uma servidora a cargo de direção mesmo após denúncias de que ela orquestrava as fraudes no SUS. Segundo documentos obtidos pela coluna, a documentação que embasou a denúncia chegou à Câmara Municipal em março de 2024 e foi enviada à Secretaria Municipal de Saúde.
Crislaine Cristina da Cunha Silva, a servidora em questão, foi nomeada pelo prefeito como diretora do Departamento de Regulação, Controle e Avaliação na Secretaria Municipal de Saúde. Antes de ocupar esse cargo, ela recebia salários que variavam de R$ 4,1 mil a R$ 5,5 mil. A Prefeitura de Queimados afirmou que só recebeu comunicação oficial sobre o caso em agosto e nega ter sido alertada pela Câmara Municipal anteriormente. Um vereador afirma ter alertado o prefeito sobre a nomeação. Fique por dentro de todas as notícias assinando o canal do Metrópoles no Telegram.